Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades nos Controles dos Produtos Orgânicos nos EUA

2 de maio de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: , ,

Quando as grandes redes de supermercados nos Estados Unidos apresentam produtos chamados orgânicos e produzidos em grandes escalas, muitos consumidores acabam ficando com dúvidas sobre os seus controles, ainda que apresentem selos de “USDA Organic”.

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Nos leites considerados orgânicos são necessários que as vacas possam pastar gramíneas diariamente ao longo da estação de crescimento, conforme explicações constantes do longo artigo publicado no Washington Post, que vale a pena ser lido na sua íntegra. Existem métodos técnicos que comprovam que as vacas consumiram gramas

Lamentavelmente, a ganância das empresas acaba determinando procedimentos relapsos com as regras como as exigidas pelos produtos orgânicos, ao mesmo tempo em que os preços chegam a ser o dobro dos comuns, tanto pela menor produtividade das vacas como outros cuidados. Nos Estados Unidos, estas certificações acabam ficando sob a responsabilidade das empresas produtoras, notadamente no caso de leite. Normalmente, são pequenos produtores, mas acabaram surgindo grandes fazendas que fornecem para as redes de supermercados.

Sempre é difícil que os controles sejam rigorosos, sendo normalmente feitos por amostragens eventuais, com supervisão das autoridades que são mais espaçadas. Isto é válido para muitos produtos e os consumidores ficam perplexos com a quantidade que recebem estes certificados, o que gera desconfianças sobre a obediência de todas as regras, ainda que os preços dos produtos sejam sempre expressivamente mais elevados.

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Uma das grandes fazendas no Texas de produtos orgânicos que foi visitada pelo Washington Posto em 2015

A longa pesquisa efetuada pela equipe do Washington Post, utilizando também especialistas de outras entidades, acabou por ampliar as dúvidas. Uma das empresas já tinha sido autuada no passado, efetuando um acordo de leniência com pagamento de multas, que são comuns nos Estados Unidos. O que se constatou são evidências de que nem todas as exigências são cumpridas.

O caso ocorreu com o leite que é muito consumido até pelas crianças, mas suspeita-se que aconteça também com outros produtos cujo consumo virou moda naquele país como no mundo para evitar variadas doenças. Há que se contar com fiscalizações rigorosas, pois a saúde dos consumidores pode estar em risco. Isto mostra que estas distorções da qualidade dos produtos não ocorrem somente no Brasil.

O que parece interessante é a imprensa naquele país efetuar estas investigações jornalísticas, procurando contribuir com as autoridades para os consumidores contarem com os produtos que atendam as exigências existentes para as certificações que merecem credibilidade do público.

A reportagem, que deve ser lida na íntegra, é rica em detalhes, mostrando um trabalho minucioso e técnico, não se tratando de mera especulação. O exemplo deste caso deve servir de alerta para todos, pois o consumo de produtos orgânicos vem aumentando à taxa de no mínimo de 15% ao ano, porque a população está procurando produtos saudáveis.

O controle de qualidade necessita ser rigoroso principalmente quando os produtores utilizam também matérias de terceiros que podem não estar adotando os critérios exigidos. Sempre que ocorre uma moda, os cuidados devem ser redobrados, pois as empresas costumam divulgar suas inovações pelos jornais e revistas especializadas em nutrição.

Quando existe uma expansão exagerada das empresas que atuam com estes produtos alimentícios, como ocorreu com carnes e seus derivados no Brasil, ainda que não sejam orgânicos, os cuidados a serem tomados devem ser mais rigorosos.



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