Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist e a Índia de Narendra Modi

22 de junho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Todos deveriam ter a consciência de que é relativamente fácil criticar e sugerir medidas consideradas as mais corretas, mas sempre é mais difícil de executar o que fica sujeito a todas as restrições existentes na realidade.

Ilustração constante do artigo publicado no The Economist que vale a pena ser lido na íntegra

Tudo indica que aqueles com a experiência de ser os responsáveis pela administração de um país acabam ficando mais humildes nas críticas e sugestões, pois possuem a consciência de todas as limitações que cercam uma Índia com todas as suas complexidades. Faz-se o que é possível e nem sempre o desejável. A Índia ainda vem registrando, com todos os seus pesares, um crescimento econômico considerado o mais alto do mundo, mesmo reduzindo um pouco o que tinha até um passado recente e reconhecendo que ainda está num nível per capita bastante baixo de renda. Criticar o que está sendo executado e sugerir num artigo outras medidas adicionais é relativamente fácil, mais ir lá para executá-las parece coisa muito diferente, até para os que escrevem numa revista como The Economist.

Ninguém pode considerar Narendra Modi um estadista perfeito, pois se sabe que ele já foi responsável por dificuldades religiosas e étnicas na Província de Gujarat, onde se destacou. As reformas de medidas trabalhistas como fiscais e bancárias são de extrema complexidade num país como a Índia com todas as suas diversidades dentro de um regime democrático.

Imaginar que a Índia pode introduzir todas as reformas necessárias como se fosse um passe de mágica não é razoável. Tudo leva muito tempo e terá que ser executado em etapas, mas está se tentado mais do que seria possível de se esperar. Existem, como em muitos países, corrupções para as quais se tentaram medidas heroicas, como a redução de notas bancárias de alto valor, tentando se restringir o poder das estatais que lá existem em grande número, por ter sido um país socialista.

A revista reconhece que Narendra Modi vem se comportando mais como um administrador do que como reformista, cujos planos de mudanças poderiam ficar somente no papel. As necessidades da Índia são amplas, mas os projetos estratégicos e significativos precisam ser considerados prioritários. Superar todas as restrições religiosas como na exportação das carnes é uma tarefa hercúlea. Acusam-no de culto à personalidade, mas deve-se reconhecer que é preciso haver uma liderança carismática forte. Ele está tomando seus riscos e imaginar que tudo dará certo é pouco realista, mas pode conseguir avanços importantes.

A Índia está inserida no mundo e atualmente é ajudada pela abundância de petróleo, mas necessita do aumento do intercâmbio mundial. Conta com uma população jovem e deve manter o seu elevado crescimento nos próximos anos, mais do que a China. Ainda que não alcance tudo que almeja, já terá contribuído para a ampliação do mundo, como também já aconteceu como chineses, que ainda mantém um regime político fechado.

O Brasil tem muito que aprender com a ousadia hindu, sabendo que nem todas as suas limitações serão superadas, mas avanços significativos podem ser conquistados em setores estratégicos.



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