Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Procura de Caras Novas na Política Japonesa

22 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , ,

clip_image002No complexo xadrez da política japonesa, as personalidades que atuam nos bastidores procuram identificar os lances futuros com muita antecedência. Alguns organismos já buscam colocar jovens políticos como os mais promissores para o futuro do Japão.

Shinjiro Koizumi lembrado como jovem político promissor nas próximas décadas. Foto publicada no Japan Today

Como no Japão o sistema eleitoral é o distrital misto, que tem funcionado adequadamente em outros países desenvolvidos como a Alemanha, os políticos relevantes ficam muito tempo na Capital, havendo alguém que cuida dos eleitores locais. Aprendi muito com a esposa do falecido ministro Michio Watanabe, que exercia esta função no seu distrito, informando que não se empenhava muito na análise de quem seria o próximo primeiro-ministro, mas naqueles que estavam ascendendo em suas carreiras podendo se tornar poderosos nas décadas seguintes, chegando ao cargo máximo. Ela me explicava que era como um jogo de xadrez, onde era necessário se analisar todos os lances futuros para o sucesso. Infelizmente, Michio Watanabe faleceu em decorrência de uma doença quando se preparava para ocupar o cargo de primeiro-ministro e seu filho não tem o mesmo brilho do pai.

Ainda que modestamente contribui pessoalmente para a vinda do primeiro-ministro Junichiro Koizumi para o Brasil, levando-o a visitar uma usina de etanol, apesar da oposição do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão. Sua irmã mais velha, chefe do seu gabinete na Dieta japonesa, era a pessoa muito influente e decisiva no estabelecimento de sua agenda, a ponto de ter com alguns amigos uma audiência particular com ele.

Atualmente, com o desgaste do governo Shinzo Abe, cogita-se de sua substituição e o filho de Koizumi está sendo cogitado para ascender a postos mais relevantes, chegando a ser considerado o Macron do Japão por muitos. Ele é jovem, bem apessoado, tem uma colocação politicamente avançada, comunica-se bem com os eleitores e, cauteloso, ainda não confirma que aceitaria um posto de ministro no atual gabinete, mesmo sendo cogitado.

Todos sabem que existem nomes se destacando, como a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, que esteve recentemente duas vezes no Brasil, pois na sua cidade será realizada a próxima Olimpíada, que venceu arrasadoramente as eleições locais com seu novo partido, Tokyo First, abalando as bases de Shinzo Abe. Também existem jovens políticos, como no sul do Japão, na região de Osaka, que despontam com possibilidade de alianças. Os partidos tradicionais aparentam estar desgastados, mas o sistema distrital de eleições assegura uma estabilidade que torna as mudanças rápidas mais difíceis naquele país.

De qualquer forma, seria interessante que os brasileiros que se preocupam com o adequado posicionamento do Brasil com o Extremo Oriente acompanhem a evolução do processo político também no Japão, que já teve papel mais importante no equacionamento dos problemas brasileiros, que continua perdendo importância no mundo, lamentavelmente. Se o Brasil conseguir superar suas dificuldades no futuro próximo, como a Ásia continua crescendo mais que a média mundial, há que se pensar nos mecanismos que aproveitem os relacionamentos já existentes, pois aparenta ser demasiadamente arriscado apostar somente na ajuda da China, apesar da sua importância. O pesado endividamento dos chineses deve desacelerar o seu crescimento econômico e outros países asiáticos continuam aumentando sua importância, onde o Japão ainda desempenha um papel relevante.

As considerações geopolíticas costumam ser de prazos mais longos, superando os prazos eventuais dos agudos problemas que nos afetam recentemente.



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