Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Carne Cultivada em Laboratório

31 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Já foi descoberta a tecnologia para a produção de carne limpa, sem o abate dos animais, mas para se chegar à sua economicidade ainda haverá muitos anos de pesquisa.

Carne cultivada em laboratório a partir de células animais que não exigem que eles sejam abatidos conta com fundos de pesquisas como de Bill Gates e Richard Branson. Foto da Reuters, num artigo distribuído pela World Economic Forum

Um artigo elaborado por Callum Brodie, distribuído pelo World Economic Forum, refere-se à produção de carne usando as células originais de animais, que não exigem os abates de bois, frangos ou patos, entre outros, que horrorizam os veganos. Já se conseguiu a sua produção pela Memphis Meats, mas que ainda vai exigir muitas pesquisas para se tornar econômico, pois os custos ainda são elevadíssimos.

Dentro de alguns anos espera-se chegar com a carne limpa no mercado, atendendo às exigências de vegetarianos e veganos, mas atualmente as pesquisas só conseguiram a sua produção a custos ainda muito elevados. As primeiras foram produzidas em 2013 e um hambúrger chegava ao custo de US$ 330 mil, mas atingiu-se a baixa de até a US$ 40 por grama na Memphis Meats, devendo levar algum tempo para ser competitivo no mercado com o preço atual, por exemplo, do frango.

Como é sabido, o mercado mundial de carne é gigantesco e continua se elevando na medida em que muitos países emergentes estão conseguindo aumentar a renda per capita das suas populações, que acabam demandando mais proteínas animais. Há que se considerar também as proteínas de outras origens, como as de peixes e alguns grãos, como a soja.

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Estimativas das demandas de carnes no mundo, pelos níveis de renda per capita

Estima-se que a demanda anual de carne seja de US$ 1 trilhão por ano, que deverá dobrar nas próximas décadas, sendo que os principais produtores são os Estados Unidos, a Austrália e países sul-americanos como a Argentina e o Brasil. A carne chamada limpa poderia resolver parte substancial dos problemas éticos e ambientais, segundo o artigo.

Os conhecimentos científicos por trás desta produção da carne limpa seria o uso de uma pequena amostra de células animais que se regeneram fora dos animais, dentro de grandes tanques de aço, mas o artigo não explicita que componentes são necessários. O produto é 100% carne real, tendo o sabor dos tradicionais e estaria livre de todos os antibióticos do tipo E.coli ou contaminações como da salmonela. Exigiriam um décimo das águas hoje utilizadas e um centésimo das terras indispensáveis para o gado, segundo o artigo.

Todas as exigências, como os dos direitos dos animais, do People for the Ethical Treatment of Animais (PETA), por exemplo, estariam sendo atendidas, salvando a vida de bilhões de animais por ano. Também estariam sendo economizadas plantas e áreas para o cultivo das rações.

Estas inovações estão provocando uma grande agitação entre os empresários, havendo manifestações de que em 30 anos o mercado mundial de carne estará totalmente modificado. As gigantescas empresas que atuam no mercado de carnes estão se movimentando. Além da Memphis Meats, outras estão atuando para chegar mais rapidamente às mesas dos consumidores, como as Mosa Meats e SuperMeat.

Estas notícias são dramáticas para países como o Brasil, cuja produção de carnes e rações é significante, proporcionando muitos empregos nos chamados agrobusiness. Há que se pensar em alternativas que demandam facilmente décadas para as suas viabilizações.



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