Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Difícil Ajustamento da Siderurgia Mundial

24 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um importante suplemento especial sobre a indústria do aço foi publicado pelo Valor Econômico e, apesar do governo procurar disseminar informações otimistas, o dano causado para o setor no Brasil foi profundo, deixando as usinas obsoletas com a falta de investimentos em inovações.

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Gráfico constante do Suplemento do Valor Econômico mostrando como estamos longe de recuperar a indústria siderúrgica brasileira que, por falta de investimentos recentes, está com seus equipamentos já defasados comparados com os concorrentes externos

O governo brasileiro anuncia o início da privatização de muitos setores da economia que se encontram no setor público, começando pela Eletrobrás. No entanto, até a eficiência do setor energético se recuperar com a medida, aparentemente haverá necessidade de um bom espaço de tempo. Isto, se tudo ocorrer sem outras incertezas políticas introduzidas por correções forçadas que costumam sofrer reações, provocando flutuações mesmo que a tendência geral seja de recuperação.

O ajustamento da siderurgia está ocorrendo em todo o mundo e para a melhoria do setor de infraestrutura haverá demanda de aço de boa qualidade que terá que ser importada por muito tempo. O longo período de baixos investimentos no Brasil provocam a natural depreciação das usinas e novos produtos mais eficientes precisam ser importados por um longo período. O que acontece na siderurgia é significativo, sendo o que se reproduz em todo o setor industrial brasileiro. A indústria foi sacrificada de forma exagerada e sua recuperação deverá ser muito lenta, mesmo ajudada pela exportação. Não existe milagre neste setor da economia.

Os diversos artigos constantes do suplemento dão uma visão realista dos problemas existentes, não podendo ser superados somente pelos discursos e pela torcida de toda a população que espera os benefícios da recuperação, notadamente no setor industrial. O setor siderúrgico faz parte das indústrias básicas, implicam em pesados investimentos que exigem longos prazos para a sua recuperação.

O governo ainda não estabeleceu um plano detalhado das privatizações e das demais medidas de recuperação. Por ora, só existem ideias gerais que devem ser aplaudidas por todos, mas quando se chega aos detalhes acaba ficando claro que muitas medidas exigem volumosos investimentos e a proteção do mercado interno para viabilizar a siderurgia nacional como outros setores básicos. A pressão para a continuidade da importação de componentes atualizados será expressiva.

O calendário político não favorece as indústrias pesadas, pois ainda que o atual governo espere novas regras que permitam a sua continuidade no poder além do atual mandato temporário, por ora não existem garantias para tanto. Estas incertezas dificultam que investimentos pesados possam ser efetuados e a simples transferência de algumas estatais para o setor privado não provoca a mágica da mudança, sendo somente o primeiro passo para as alterações indispensáveis que ocorrerão ao longo dos próximos anos.

Enquanto não se estabelecer uma estratégia global para a economia brasileira, mesmo que medidas isoladas ajudem a criar uma expectativa positiva não são suficientes para a garantia de retorno de grandes investimentos ao longo do tempo, infelizmente. Espera-se que a classe política esteja consciente que os interesses nacionais sejam prioritários e não somente os atendimentos das vantagens para pequenos grupos representados pelos parlamentares.



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