Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Problemas dos Filhos dos Decasséguis no Japão

2 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: , ,

É sabido que entre os decasséguis que trabalham no Japão, ou seja, os estrangeiros descendentes de japoneses com autorização para trabalhos por alguns anos, os brasileiros se destacam e seus filhos estão entre os que mais enfrentam dificuldades de adaptações, pela necessidade de aprender o idioma japonês nas escolas de lá. Quando eventualmente retornaram para o Brasil, necessitam passar por uma nova adaptação.

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Existem algumas escolas privadas de custo elevado no Japão para ensinar em português para as crianças dos decasséguis. Foto publicada no artigo da Folha de S.Paulo

No passado, os diplomatas brasileiros não se preocupavam muito com estes brasileiros que precisavam trabalhar no Japão. Hoje, existe no Itamaraty e na embaixada do Brasil em Tóquio um setor específico para cuidar deles, ainda que o número tenha diminuído em relação ao período áureo, tendendo a voltar a crescer ligeiramente com o atual nível de desemprego no Brasil.

Os serviços públicos dos japoneses, em função da carência de recursos humanos no Japão, também se aparelharam para atender algumas de suas necessidades, mas os japoneses tendem a subestimarem as dificuldades psicológicas e os claros diagnósticos de problemas como o do autismo e sofrem com estas limitações. Poucos japoneses utilizam psicólogos ou psicanalistas em comparação a outros povos.

A informação do artigo publicado na Folha de S.Paulo é que as crianças autistas destes brasileiros sejam três vezes superiores à média dos japoneses, o que soa muito estranho. Pode ser que diante de problemas de isolamento e da dificuldade do idioma, alguns deles sejam assim considerados quando não o são. As autoridades brasileiras, junto com ONGs como o SABJA – Serviço de Assistência aos Brasileiros no Japão, pretendem pesquisar o problema a partir do início do próximo ano, para saber exatamente o que está acontecendo. Só depois é que as medidas saneadoras poderão ser desencadeadas.

Em qualquer eventualidade existem muitos problemas decorrentes de saúde, pois os que não possuem o domínio total do idioma japonês passam por dificuldades. Muitos destes decasséguis trabalham intensamente para angariar recursos que muitas vezes são enviados para os seus familiares no Brasil. O tempo disponível para cuidar de suas crianças é limitado e seus custos costumam ser elevados.

A preocupação das autoridades brasileiras, bem como dos que trabalham em entidades para lhes dar suporte, é que muitos estejam assim classificados por diagnósticos deficientes e a pesquisa que pretendem fazer, ainda que demorada e custosa, tem a finalidade de se obter um quadro mais claro.

Também no Brasil existem preocupações com a readaptação dos filhos destes imigrantes que adquiriram habilidades no idioma japonês, mas perderam as condições de manter diálogos construtivos com seus pais, notadamente quando voltam eventualmente para o Brasil e necessitam passar por uma readaptação. Ainda que estes problemas ocorram com todos os que trabalham no exterior, as diferenças entre o português e o japonês são mais acentuadas.



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