Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Terceira Revolução Verde Com Uso da Tecnologia

8 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

imageUm artigo elaborado por Maxime Cheyney publicado no The Journal da American Chamber of Commerce do Japão e republicado no Japan Today informa sobre a aplicação da tecnologia na Agricultura para o futuro, onde estava relativamente atrasada com relação a outros setores da economia mundial.

Foto do ilustra a matéria publicada no Japan Today. Foto: SKY GREENS

A matéria é muito interessante, pois enfatiza que no Japão o problema é mais dramático comparado ao resto do mundo por envolver acidentes como os de Fukushima, a redução e envelhecimento de sua população que estão forçando a aceleração do emprego da tecnologia para provocar a Terceira Revolução Verde, com muitas empresas se envolvendo no empreendimento. Mas também cita alguns casos que estão ocorrendo em outros países, como os Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, um relatório da McKinsey informa que a agricultura e a caça são os setores menos digitalizados da economia. Os produtores utilizam a tecnologia para ter acesso às informações do mercado, os sensores medem o ar e o solo, a biométrica do gado e os sistemas automatizados utilizam a Internet para controlar a irrigação. Estes são os poucos instrumentos da informática utilizados na agricultura.

A autora do artigo esteve em contato com os representantes do Instituto Japonês de Máquinas Agrícolas, parte da Organização Nacional de Pesquisa da Agricultura e Alimentação. Eles explicaram que entendem que na agricultura inteligente é importante que seja rentável e tenha estabelecido as regras e regulamentos, como a responsabilidade contra acidentes. Não existem ainda soluções para atender todas as necessidades da agricultura, que diferem de cada fazenda.

O custo da energia é relevante na agricultura indoor, no que está sendo ajudado pelas lâmpadas LED que reduz o custo em cerca de 30% e são adaptadas para cada vegetal. Estas tecnologias ainda estão sendo estudadas. Este tipo de agricultura é relevante num país que conta com poucas terras agrícolas, mas não se sabe ainda até onde a robótica pode ajudar, mesmo com a mão de obra cada vez mais rara.

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Foto do Gotham Greens, em Nova York, no Japan Today

As experiências nos Estados Unidos indicam que os consumidores estão preferindo os produtos locais, preocupando-se com as produções sustentáveis e orgânicas. As tecnologias visam resolver os problemas de clima e da população. Segundo os dados da FAO, a necessidade de alimentos deve aumentar em 60% até 2050, o que vai exigir mais fertilizantes, águas, pesticidas e drogas que se desejam evitar, sem o aumento de áreas novas cultivadas para preservação das florestas.

Em Cingapura existe uma fazenda inteligente e vertical, a Sky Greens, de baixa emissão de carbono, sustentável com o mínimo uso de energia, visando a redução da importação. Usa 5% da água comparada com a agricultura convencional, sem o uso de pesticida, em estufas limpas, com sensores para controles das melhores condições para o crescimento das plantas.

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Colheita de morangos com o uso de robô no Japão

No Japão desenvolveu-se a produção de morangos de qualidade em bancadas que exigem menores esforços dos trabalhadores, inclusive com colheita feita por robôs. O governo está empenhado no aumento da produção de arroz no país e todos os esforços das empresas estão sendo estimulados, inclusive com isenções fiscais. Muitas empresas tradicionais no setor eletrônico também estão dando sua colaboração.

Além do tempo necessário para as técnicas de produção, também o público e os consumidores precisam ser convencidos das necessidades destes avanços tecnológicos. Na realidade, não se trata somente da agricultura, mas de todo o complexo do chamado agrobusiness, que envolve a logística para que os produtos finais cheguem às mãos dos consumidores.

Quando os jovens não se interessavam mais pela agricultura que tinha se tornando uma atividade dos idosos, os novos desafios estão passando a interessar aos seus filhos, pelas perspectivas que estão se formando. No Japão, estas atividades voltaram a crescer, exigindo testes em suas diversas fases.

Parece que está se integrando na Terceira Revolução Verde. O que se pergunta é o que o Brasil está fazendo neste cenário mundial. As pesquisas necessitam de recursos humanos, os agricultores precisam de rentabilidade para as suas atividades e as concorrências internacionais estão se acirrando. Ainda que a política possa ser relevante, sem investimentos persistentes ao longo do tempo, o Brasil acabará se tornando um fornecedor de produtos agropecuários baratos, sem proporcionar emprego e renda para os brasileiros.



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