Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Causas dos Escândalos nas Empresas Japonesas

16 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Parece que é natural que problemas ocorridos recentemente com a Kobe Steel provoquem discussões sobre as causas que eles vêm se repetindo com empresas japonesas. Há suspeitas que são pela falta de concorrências mais acirradas e das dificuldades de funcionários hierarquizados discutirem os problemas que surgem nas empresas, como consta de um artigo publicado no Asahi Shimbun. (Dirigentes da Kobe Steel assumem a responsabilidade pelos dados falsos de 20 mil toneladas de vários metais. Foto publicada no The Economist)

Um artigo preparado pela agência noticiosa Reuters foi publicada no The Asahi Shimbun sugerindo que o sistema “keiretsu” de laços estreitos entre fabricantes e fornecedores, base do chamado “Made in Japan”, acabou provocando os problemas de qualidade e confiabilidade de muitos produtos japoneses nos últimos anos. Não se trata somente da Kobe Steel, que fornecia também para importantes empresas internacionais, mas também de muitas empresas da indústria automobilística como de elétrica pesada, afetando fortemente a imagem da economia japonesa.

O que acontece no interior de muitas empresas japonesas é um sistema significativamente hierarquizado dos seus funcionários que não facilita as críticas dos mais jovens em relação aos veteranos. Também as críticas entre as empresas não são tão abertas como seria de se desejar numa economia de mercado.

Como tudo isto acabou sendo montado no Japão, dentro do conceito do Japan Inc., há também a responsabilidade dos ministérios do governo japonês que não fiscalizaram a todos com o rigor necessário. Como as economias que vêm sendo feitas por indústrias de veículos por décadas de baixo crescimento, os critérios não têm sido rigorosos com os fornecedores, onde acaba se organizando formas semelhantes a cartéis com relacionamentos tradicionais de fornecedores. Também as críticas sobre os sistemas de governanças corporativas não estão sendo rigorosas, notadamente no Japão, que ainda são quase formais.

Na medida em que algumas empresas japonesas começam a estabelecer alianças com outras estrangeiras, os critérios que estão sendo utilizados no mundo globalizado, onde a concorrência é mais acirrada, já surgem alguns aperfeiçoamentos, inclusive com a intensificação de usos de executivos internacionais, que ainda estão em escala modesta, quando comparadas com outros países. Espera-se que a atual tendência nacionalista no mundo não iniba esta nova orientação.

Há que se atentar que estes problemas não estão ocorrendo somente no Japão, como também empresas europeias foram flagradas em práticas irregulares. As empresas não apreciam concorrências exageradas, havendo sempre que possíveis organizações de mecanismos semelhantes aos dos cartéis, quando não existe uma fiscalização eficiente das autoridades ou entidades do mercado.



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