Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Correlações Espúrias de Muitos Estudos Pouco Profundos

20 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

O uso adequado de conhecimentos sofisticados como de econometria recomenda cuidados especiais para que conclusões inadequadas atribuídas às chamadas correlações espúrias não ocorram.

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Dados coletados pelo IEDI, que devem ser avaliados com cuidado diante das possibilidades de correlações chamadas espúrias

O atual governo brasileiro vem enfatizando que a economia brasileira está apresentando um início de recuperação diante das medidas que estão sendo tomadas. No entanto, os analistas mais cuidadosos costumam ser muito céticos, diante da possibilidade de ocorrerem as chamadas correlações espúrias. Se duas séries de dados estão crescendo, é preciso muito cuidado para se dizer que uma esta causando a outra. O que parece mais evidente é que a economia mundial está em ligeira recuperação, beneficiando a economia brasileira, nada se devendo a medidas tomadas internamente. Até porque os dados de agosto não foram muito bons, mas que também não deve justificar um exagerado pessimismo.

Os cientistas mais cuidadosos costumam comparar dois grupos de dados, usando um padrão para a comparação. Por exemplo, costuma-se ministrar um remédio para um grupo e para outro uma substância que não conta com o mesmo princípio ativo, para comparar depois os resultados obtidos. Além da necessidade de uma teoria que relacione as duas séries.

Existem economistas pouco cuidadosos que estão apontando que a economia está se recuperando devido a redução dos juros reais, mas outras informações mostram que o crédito para as empresas não está aumentando. O que parece evidente é que reservas como do PIS/PASEP foram liberados, reduzindo os ativos que existiam e foram distribuídos para fomento dos gastos ou redução de alguns débitos.

Afirmam que as exportações, como de veículos, estão crescendo, mas não há informações que o câmbio esteja beneficiando os exportadores, pelo contrário. O que parece mais evidente é que os consumidores estavam assustados com a crise e começaram a voltar lentamente para as compras, para compensar a depreciação dos veículos que ocorreram enquanto não foram renovados. Não existem notícias de reduções dos impostos, talvez algumas postergações dos seus pagamentos, mas muito devedores empresariais esperam que sejam perdoados, no mínimo em parte.

O que parece relevante é se esta situação atual é sustentável por um longo período. O atual governo é de transição e não está conseguindo efetuar as reformas que precisariam ser mais profundas. Na Previdência Social, todos sabem que as causas dos seus monstruosos déficits são os privilégios dos marajás da República que em nada foram afetados, enquanto se cogita que os modestos aposentados arquem com encargos adicionais, o que evidentemente não resolve o problema.

O otimismo sempre é saudável, mas não se pode esperar que fosse suficiente para a passagem até 2019, depois das próximas eleições, pois as reformas políticas também estão sendo feitos à meia boca. Parece que não seria adequado confundir o alívio com a cura.



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