Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Entrevista do Responsável Pelos Assuntos Estratégicos

9 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Componentes academicamente qualificados do atual governo de Michel Temer apresentam proposições interessantes, mas que aparentam necessitar de melhores amarrações com as realidades históricas brasileiras para contar com mais possibilidades de resultarem em contribuições positivas.

Hussein Kalout, secretário de assuntos estratégicos, que deu entrevista para o Valor Econômico

Algo parecido já aconteceu com Mangabeira Unger, conhecido professor nos Estados Unidos, que ocupou um cargo semelhante tendo a responsabilidade de elaborar um plano estratégico para o Brasil. Pela leitura da entrevista publicada por Fernando Exman e Rosângela Bittar no Valor Econômico, observa-se que Hussein Kalout, diplomado na Universidade de Brasília, trabalhou no Judiciário e no Ministério Público e estava na Universidade de Harvard de onde foi trazido pelo presidente Michel Temer para ocupar o cargo de secretário de assuntos estratégicos da Presidência da República.

Entre outras observações, destacou que o setor privado brasileiro não sabe competir e que pela primeira vez o governo federal tem uma diplomacia asiática, entre muitas outras colocações interessantes, mas que aparentam ter necessidade de amarrações mais profundas com a realidade histórica brasileira, principalmente com as forças políticas que predominam no país neste momento.

Coloca também a necessidade da presença das Forças Armadas no Atlântico onde os interesses brasileiros são relevantes. O que não fica muito claro é de onde virão os recursos indispensáveis para tanto, quando os orçamentos para a segurança, para as pesquisas, para a educação e a saúde estão sendo sacrificados. Ele afirma que a educação seria estratégica para incutir todas estas prioridades na política brasileira, com o que se pode concordar, mas necessita de planos operacionais mais claros para ganharem eficiência.

Todos sabem que planos de qualidade podem ser elaborados, mas há necessidade de serem relacionados com os interesses dos grupos políticos brasileiros que lhes deem prioridade para seus objetivos de curto prazo, ainda que se aspire que haja uma visão de prazo mais longo dos componentes do governo.

Explicitar o que deve ser feito parece mais fácil, mas encontrar formas de gestão que os operacionalizem parece uma tarefa mais difícil, sem que se tenha uma ampla vivência dos grupos que atuam nas mais variadas regiões do Brasil, bem como em todos os seus setores. Criticar o que não foi feito nas administrações anteriores também aparenta ser fácil e imaginar que num período de transição e instabilidade como do atual governo estas proposições se tornem projetos específicos afigura-se mais complexo.

As duras restrições que existem num país de grandes dimensões como o Brasil são amplas, diferentes dos exercícios acadêmicos onde as diversas hipóteses podem ser colocadas num papel, que costuma aceitar tudo. Ainda que seja desejável a existência de estudos que coloquem as alternativas disponíveis, parece que o próprio governo dispõe em seus organismos técnicos quadros que possam efetuar estudos desta natureza, com um conhecimento mais detalhado das realidades bem como das personalidades políticas que possam empunhar estas bandeiras.



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