Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Excessiva Concentração do Poder na China

16 de novembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001Ainda que a complexa China venha obtendo resultados surpreendentes com a forte concentração do poder nas mãos do presidente Xi Jinping e aquele país conte com quadros preparados de alto nível na administração pública, ninguém pode assegurar o que aconteceria com a eventual baixa possibilidade de não contar com a sua liderança.

O presidente Xi Jinping teria o poder equivalente ao de Mao Tsetung e possivelmente mais do que Deng Xiaping, tanto no campo econômico, político como militar

Ninguém pode duvidar que a China tenha hoje um poderoso líder que tem o comando indiscutível da economia, da política e do setor militar, como poucas vezes aconteceu no passado. Os resultados que consegue, apesar dos muitos problemas naturais a um país emergente da complexidade da China e do atual cenário internacional, todos sabem que são mais que satisfatório com um crescimento elevado ajudado por um quadro preparado de seus auxiliares. O setor privado chinês continua crescendo agressivamente, tanto internamente como no exterior, havendo problemas naturais a um regime autoritário que fica disfarçado com a melhoria do nível de bem-estar de sua população.

Comparando com os Estados Unidos, que conta com um presidente imprevisível e auxiliares duvidosos, há que se admitir que a importância do setor privado norte-americano não permite que suas ideias esdrúxulas acabem prejudicando o país, bem como seus relacionamentos com o exterior, ainda que pudessem ser menos dramáticos. Um mínimo de descentralização do poder, ainda que dificulte a administração do país, pode proporcionar um razoável equilíbrio, contrabalanceando os diversos segmentos que compõem os Estados Unidos.

Não parece que ambas as situações sejam sustentáveis ao longo do tempo. Nos Estados Unidos, dificilmente Donald Trump conseguiria uma reeleição no quadro atual, ainda que existam segmentos poderosos que concordem com suas ideias. Na China, o natural é que com o tempo e a melhoria do nível de bem-estar novas aspirações venham a emergir no país, havendo necessidade de aumentar o entendimento com os que pensam de forma diversa de Xi Jinping.

Sabe-se que Xi Jinping é um estudioso, conhecendo o que veio acontecendo na história de outros países. Já mostrou que tem competência para acomodar facções de outros ex-presidentes, mas a dura administração de um país que tem a pretensão de se tornar o mais importante do mundo nas próximas décadas acaba por reduzir, por enquanto, a descentralização política.

O Brasil está aumentando exageradamente a dependência com relação à China, pois precisa da colocação de seus minérios e produtos agropecuários naquele país, ao mesmo tempo em que investimentos em infraestrutura contam com participações chinesas como não aconteceu com nenhum país no passado. Com relação aos Estados Unidos, as relações brasileiras sempre foram mais tênues do que com os países europeus.

Se o Brasil pretende consolidar-se como um país emergente de razoável dinamismo, existem muitos problemas a serem corrigidos, começando pela capacidade de pensar a prazo mais longo. Há necessidade de se pensar nas pesquisas para elevar a produtividade brasileira de forma competitiva com outros países concorrentes. Necessita preparar quadros para a sua administração, não ficando na dependência exagerada de forças políticas que não pensam senão em seus interesses grupais, sem pensar no Brasil.

Se pretender não continuar se distanciando mesmo dos demais países emergentes, necessita promover reformas profundas, que compatibilizem as aplicações prioritárias aos poucos recursos disponíveis e não arremedos que aparentam simplesmente manter os que estão no poder, agravando a distribuição dos benefícios a favor dos privilegiados, prejudicando a grande massa dos que não contam com as vantagens proporcionadas pelo governo.



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