Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Surpreendente Redução da Inflação Brasileira

11 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

É mais que natural que se procure sempre falar de coisas agradáveis como a redução da inflação brasileira, mas nem sempre se chama a atenção que existem causas para tanto que não dependem somente das condições climáticas favoráveis.

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Gráfico constante do artigo publicado no Valor Econômico, cujo artigo merece ser lido na íntegra

No sistema de metas inflacionárias adotado no Brasil, as autoridades do Banco Central do Brasil são convidadas a explicarem os motivos dos seus desvios, que costumam ser para mais do que as margens admitidas para elas. Este ano, tudo indica que ficarão abaixo da margem, o que também mostra que deve haver razões que precisam ser devidamente entendidas. Certamente, pela tradição de constantes violações com resultados acima dos perseguidos no passado, normalmente o Banco Central precisa explicar por que não foi rigoroso na política monetária, mantendo juros baixos e permitindo ampliações dos créditos acima dos adequados.

Neste ano, tudo indica que o Banco Central foi extremamente conservador, acima do esperado. Mesmo havendo condições para a redução mais expressiva da Selic, a taxa de referência, por cautela com os excessos de gastos permitidos pela política fiscal, as autoridades monetárias foram menos ousadas na sua redução.

Pelo que os dados mostram, também as condições climáticas foram favoráveis para um recorde na produção agropecuária, permitindo que os preços dos produtos alimentícios, principalmente, ficassem abaixo do que poderia se prever. Esta é uma variável difícil de ser controlada pelas autoridades, ainda que se esteja ampliando as irrigações que permitem algumas correções das irregularidades climáticas, onde o mais usual é a seca.

O que não se costuma comentar é a taxa de câmbio, onde as autoridades fingem que ela depende somente do mercado, sendo fixado pela oferta e procura de moedas estrangeiras. Como se sabe hoje, o câmbio depende mais dos fluxos financeiros internacionais do que das exportações e importações. Também as reservas internacionais podem afetar um pouco sobre as cotações.

Com as condições favoráveis no setor agropecuário, os produtores rurais deveriam estar eufóricos preparando-se para a próxima safra. No entanto, o que se sabe é que muitos não estão estimulados a ampliar as compras de seus equipamentos e se preparando para um próximo ano promissor. Eles não conseguiram os preços esperados nos produtos chamados “tradeble”, tanto na exportação como na colocação no mercado interno, ainda que a quantidade tenha crescido, entusiasmando as autoridades e não estão em condições de assumirem encargos para o futuro. Eles foram os que pagaram parte importante da conta. Parece indispensável que um horizonte de tempo mais amplo precisa ser considerado.

O setor agropecuário veio sendo a locomotiva que puxava a economia brasileira, tanto nas agroindústrias como em muitos serviços, inclusive das atividades públicas nos municípios do interior. Parece que, como tinha sido advertido por este site, se afetou a “galinha dos ovos de ouro”, o que pode reduzir a potencialidade da recuperação da economia brasileira no futuro próximo. Deve-se reconhecer que sempre é muito difícil exercer a política econômica num país com as características da brasileira.



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