Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tecnologias Para Usos Múltiplos

4 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002É sempre difícil imaginar que os avanços tecnológicos sejam utilizados somente com um objetivo, sabendo-se de muitos casos que é difícil se foram desenvolvidos para finalidades militares, como no caso que está acontecendo recentemente na China em muitos exemplos.

Um aparelho voador não tripulado na China que pode ter uso civil ou militar. Foto publicada no Nikkei Asian Review

Um artigo publicado por Kenny Sender no Nikkei Asian Review informa que recentemente a China assumiu a liderança na corrida para desenvolver armamentos utilizando a inteligência artificial. Ele começa por descrever uma demonstração com mil drones coordenados que proporcionaram um forte impacto para o público com um show pirotécnico, mas que fica difícil precisar se foram desenvolvidos com objetivos militares, para o qual também servem.

Este tipo de desenvolvimento tecnológico está se tornando comum na China que certamente está se capacitando como líder militar na Ásia, com a relativa redução da presença norte-americana e dos seus aliados naquela parte do mundo. Não há como fazer distinções, o que já vem acontecendo desde a antiguidade, mas acelerou-se muito nos últimos anos.

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Foto publicada no Nikkei Asian Review de mil drones coordenados que dão uma boa visão pirotécnica, mas que podem ser utilizados para fins militares

Ainda que os norte-americanos também façam uso destas tecnologias para uso múltiplo, os chineses aparentam estar desequilibrando a situação na Ásia, com a intensidade destes trabalhos que também envolvem explosivos guiados a laser, que também interferem nos trabalhos dos satélites com uso de novas técnicas. Os chineses chegam a expor estas tecnologias nas exposições internacionais. As autoridades norte-americanas e de seus aliados na região se mostram preocupadas, diante do ritmo de aumento deste tipo de investimento.

Os Estados Unidos costumavam receber especialistas chineses para aperfeiçoar recursos humanos em alguns setores estratégicos de desenvolvimento tecnológico, o que passou a ser objeto de preocupações, pois outros países asiáticos como a Índia também investem pesadamente nestas áreas, como fica claro no quadro abaixo. Enquanto isso, os norte-americanos e seus aliados não estão dando prioridade para estas preparações de forma adequada. Isto vem acontecendo também com empresas chinesas que, além de investimentos em recursos humanos destinado às pesquisas, estão se voltando para assuntos relacionados com as atividades militares.

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Gráfico constante do artigo no Nikkei Asian Review que mostra os quadros técnicos que podem ajudar nestes desenvolvimentos

Enquanto existem alguns atritos entre o Pentágono e o Vale do Silício, observa-se que grandes empresas privadas da China se voltam a se dedicar também em assuntos relacionados com atividades militares, com destaque de empresas dos grupos Alibaba e Tencent.

O que chama especial atenção é que supercomputadores chineses, os maiores e mais velozes do mundo, estão sendo aplicados, inclusive nos programas espaciais que acabam tratando de assuntos relacionados com interesses militares, ainda que também possam ser utilizados nas atividades de grupos empresariais privados. No fundo, na China é bastante difícil mostrar o que é estatal e o que é privado, dado o forte suporte governamental aos entendimentos entre ambos os segmentos.

Na China, o intercâmbio entre as empresas privadas com as universidades locais está cada vez mais intenso. O artigo também registra o forte envolvimento dos chineses no que chamam de ciência arcana de computação quântica, que envolvem criptografia e uso de radar, relacionados com as interferências na comunicação de dados pela internet, o que foi feito no passado pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada da Defesa, um braço do Pentágono, que está se tentando restabelecer no atual governo norte-americano.

No caso brasileiro, o ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica, que acabou ajudando na criação da Embraer, pode ser comparado com o que está sendo feito tanto nos Estados Unidos como na China, ainda que em escala menor.



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