Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades na Avaliação dos Riscos no Setor Agrícola

5 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um artigo publicado por Michael McDonald publicado no site da Bloomberg informa que os fundos das doações recebidos por Harvard aplicados por experientes profissionais tiveram dificuldades com investimentos feitos em tomates, açúcar e eucalipto, principalmente no Brasil.

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Retornos das principais universidades norte-americanas na aplicação dos fundos de doações recebidas visando financiar suas atividades

Os responsáveis pelas alocações destes recursos acabam recebendo remunerações elevadas de acordo com os resultados que conseguem obter. Uma delas é Jane Mendillo que já tinha bons resultados e, viajando pelo Brasil observando florestas e terras agrícolas, chegou a afirmar, com o apoio de outros dirigentes deste fundo, que poderiam obter bons resultados investindo cerca de US$ 150 milhões na produção de tomates e seus posteriores processamentos, açúcar e etanol, além de reflorestamentos para aproveitamento das madeiras. Estariam à frente dos fundos das demais universidades. Mas os resultados não foram bons, mostrando o quando é difícil avaliar atividades agrícolas, quando comparados com outros investimentos possíveis.

De forma semelhante, o fundo de Harvard investiu em recursos naturais em outras partes do mundo e seus resultados também não foram tão elevados como esperados. Estes projetos são de longa duração e as condições, principalmente políticas, podem acabar se alterando, determinando uma redução do crescimento da economia brasileira como nos últimos anos. Outros fatores influem nestes mercados, além das condições para a sua produção que podem ser promissoras.

De forma um tanto semelhante, num outro artigo de Fabiana Batista, também publicado na Bloomberg, informa-se que a produção de café no interior brasileiro apresenta atualmente boas perspectivas, caminhando para as qualidades de produtos notadamente no Sul de Minas Gerais. A cafeicultura brasileira vem apresentando fortes flutuações desde o passado, situação que perdura também no presente. Muitos que pouco conhecem da história do café no Brasil ao longo do tempo não compreendem porque hoje, apesar de muitas exceções, os produtores brasileiros não conseguem resultados como os obtidos por novas regiões produtoras como o Vietnã, que se tornou o segundo produtor em quantidade no mundo, superando a Colômbia.

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Gráfico publicado no artigo do site da Bloomberg, mostrando os preços futuros em baixa

Além dos prazos mais longos destes projetos, as flutuações no mercado internacional dos seus preços são expressivas, além estarem relacionados com as mudanças climáticas. Os produtores procuram se cercar de cautelas sabendo que no passado houve oportunidades para bons ganhos, mas também registraram grandes prejuízos.

O que pode se lamentar é que os produtores brasileiros não evoluíram para as fases seguintes até chegarem aos consumidores, que parecem apresentar riscos menos flutuantes. O atual consumo de café é derivado das cápsulas que apresentam variados blends de diferentes cafés, continuando em expansão mesmo nos mercados que não eram tradicionais, como na China.

Além das matérias industrializadas por grandes multinacionais que trabalham e têm conhecimento de outros produtos alimentícios, novas redes gigantescas estão se ampliando pelo mundo, não se ouvindo de empresas brasileiras que tenham comportamentos semelhantes.



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