Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Pressões Chinesas Sobre Empresas Estrangeiras na China

17 de abril de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

imageComo a dimensão do mercado interno chinês é apreciável e continua crescendo a taxas elevadas, os grupos privados de todo mundo desejam usufruir das vantagens de estar instalados naquele país. Mesmo sabendo dos desrespeitos às patentes de tecnologias que foram desenvolvidas em outros países, que são descaradamente copiadas e utilizadas principalmente pelas estatais da China. Um artigo de Alexandra Stevenson, que cuida do assunto, foi publicado no The New York Times.

Ilustração constante do artigo no The New York Times, cuja leitura integral é recomendável

Já em torno de 1985/1986, quando as empresas estrangeiras começavam a se instalar na China para aproveitar o mercado interno que começava a crescer, observava-se que as autoridades chinesas estabeleciam regras para conhecer tudo que elas faziam, inclusive no uso de suas tecnologias. Os empregados locais precisavam ser contratados via uma estatal chinesa, as tecnologias usadas deviam ser detalhadas para ser autorizadas e todas as suas atividades eram observadas pelos representantes do governo local.

A Embraer, que lá se instalou para se beneficiar do mercado local, verificou que uma estatal chinesa estava reproduzindo exatamente um avião destinado para percursos médios que ela tinha desenvolvido e era competitivo no mercado internacional. A joint venture que existia entre a empresa brasileira com os chineses acabou encerrando suas atividades.

Ajudei pessoalmente a instalar em Beijing uma trading brasileira visando a colocação de ferro gusa, produtos siderúrgicos brasileiros e papel produzido no Brasil. Sabia-se que todas as informações comerciais eram utilizadas pelos chineses nos seus relacionamentos com o resto do mundo.

Hoje, com a pretensão chinesa de superar tecnologicamente o resto do mundo na maioria dos setores, todas as empresas estrangeiras reclamam que suas tecnologias acabam sendo “copiadas” para serem utilizadas principalmente pelas estatais ou parceiros locais de empresas estrangeiras. As empresas estrangeiras instaladas na China são obrigadas a permitir que o Partido Comunista local tenha um papel vital na gestão, mesmo de joint venture das estrangeiras com empresas locais.

O artigo no The New York Times cita diversos casos em que isto está se verificando, não só nas atividades industriais como financeiras e até de seguros. Isto se realiza até com comitês de funcionários dentro das empresas. As empresas estrangeiras estudam formas de conviver com estas interferências, com destaque na indústria de veículos que estão usando novas tecnologias, como as elétricas e sem condutores.

O que está se constatando é que muitos funcionários estão sendo estimulados a exercer atividades partidárias, mostrando que não se trata somente de tecnologia, mas até nas atividades políticas da China.



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