Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Eliezer Batista Pouco Conhecido

19 de junho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

imageOs jornais noticiam a lamentável perda de Eliezer Batista aos 94 anos, mais conhecido pela sua valiosa contribuição na transformação da CVRD – Companhia Vale do Rio Doce, uma grande empresa de mineração no mundo. No entanto, existem outras facetas pouco conhecidas deste destacado brasileiro.

Eliezer Batista, falecido aos 94 anos, um brasileiro de grande destaque mundial

Nem todos sabem que Eliezer Batista era um matemático de grande destaque no mundo, o único brasileiro que era membro da honrosa Academia de Ciências da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Mas ficou mais conhecido por ter transformado a CVRD – Companhia Vale do Rio Doce numa das maiores empresas mundiais de mineração.

Dotado de grande capacidade de domínio de idiomas, falava inclusive o russo e o alemão, ajudou a estabelecer uma das maiores alianças do Brasil com o Japão, quando criou um sistema que permitia que o minério de ferro brasileiro chegasse de forma competitiva no outro lado do mundo, no Japão. Isto permitiu que o Brasil se tornasse depois um grande fornecedor de outros países asiáticosn como a Coreia e a China, competindo com australianos e indianos que estavam localizados mais próximos destes consumidores, que eram as suas grandes siderurgias.

O Brasil pretendia tornar-se importante com o seu minério inicialmente exportado pelo porto de Tubarão, no Espírito Santo. Para tanto, conseguiu que os japoneses, que pretendiam contar com uma siderurgia de escala e qualidade mundial, produzissem um navio ore/oil que levava o minério brasileiro para o Japão, carregasse água naquele país, pois não poderia navegar vazio, para depois transportar o petróleo do Golfo do qual os brasileiros necessitavam, ainda quando a produção nacional era insignificante. Dentro de uma concepção sistêmica, a disponibilidade de carga de retorno tornava a exportação viável, mesmo com concorrentes localizados mais próximos dos consumidores.

A ferrovia que ligava Minas Gerais ao porto de Tubarão se tornou uma das mais eficientes do mundo, transportando de volta o carvão mineral para as siderurgias localizadas próximas às minas, como a Usiminas. O porto de Tubarão contava com gigantescos carregadores de granéis sólidos e os navios que entravam no porto aproveitavam a maré para chegar aos cais, para depois de carregado poder ganhar novamente o alto-mar na maré alta seguinte. Operava-se até então com os navios chamados Panamax, que atravessavam o canal com capacidade máxima de 70 mil TDW, para atingir depois cerca de 400 mil TDW, chegando à Ásia pelos oceanos.

Depois de descoberto o Grande Carajás no Estado do Pará, construiu-se a ligação ferroviária de alta eficiência ligando ao porto de Itaquí no Maranhão que, pela sua profundidade natural de até 23 metros, comportava os maiores navios do mundo. A China, que não contava com portos profundos, construiu braços que chegavam às profundidades necessárias para estes navios.

Tudo isto permitiu o estabelecimento de grandes alianças do Brasil com os países asiáticos, começando pelo Japão. Somente os que conhecem estes projetos, bem como os grandes empresários envolvidos nestas gigantescas e estáveis cooperações, podem avaliar a importância de Eliezer Batista. Os japoneses, coreanos e chineses possuem uma grande admiração por este brasileiro, que, além de sonhar com grandes ideias, contava com uma equipe de auxiliares para ajudar a executar estes projetos que envolviam visões de longo prazo.

O Brasil necessita de alguns empresários e profissionais do naipe de Eliezer Batista, que deixa uma grande lacuna com o seu desaparecimento.



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