Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mais de 60 anos Depois da Segunda Guerra Mundial

12 de junho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , ,

Ainda que seja prematuro se avaliar todas as consequências da reunião de cúpula entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, parece que começa ficar claro quem foram os perdedores. O grande vencedor foi a Coreia do Norte, sempre subestimada por muitos, mas também a China que deu retaguarda necessária a Kim Jong Un, enquanto aliados dos Estados Unidos que ainda não desmamaram das suas tetas depois de mais de 60 anos do término da Segunda Guerra Mundial, como o Japão que sequer conseguiu a menção dos seus sequestrados que Shinzo Abe solicitou a Donald Trump. Um artigo de Nick Wadhams, publicado no site da Bloomberg, cita algumas de suas avaliações.

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Assinatura do acordo decorrente da reunião de cúpula entre Donald Trump e Kim Jong Un em Cingapura

Parece claro que os Estados Unidos estão conscientes de que mal conseguem defender os seus interesses correndo o risco de serem ultrapassados pela China nas próximas décadas, notadamente no papel de líder mundial em questões econômicas e políticas. Os seus aliados, como da Comunidade Europeia e do Grupo dos 7, estão constando que muitos pontos que eram cruciais e comuns já não fazem parte da pauta prioritária dos Estados Unidos, notadamente no atual governo de Donald Trump. Cada país necessita cuidar dos seus interesses, não dependendo de outros para a sua defesa externa, com está ficando cada vez mais claro para o Japão. Pode haver acordos se forem de interesse das partes envolvidas, ficando ridículas as declarações de Shinzo Abe que, mesmo depois da reunião, ainda não sabia que a questão dos japoneses sequestrados não constara sequer da pauta discutida pelo presidente norte-americano e o ditador norte-coreano.

Mesmo a Coreia do Sul, que desempenhou um papel importante na realização desta reunião de cúpula em Cingapura, parece que ficou surpresa com o cancelamento de manobras militares conjuntas com forças dos Estados Unidos. Para muitos, foram frustrantes as retiradas dos norte-americanos dos termos discutidos no Grupo dos 7, como também a falta de empenho nos esforços conjuntos dentro do chamado Clube de Paris. O mundo mudou e os interesses de poderosos grupos conservadores estão sendo explicitados, mesmo com o sacrifício de objetivos de preservação do meio ambiente a prazo mais longo. É preciso ser realista para admitir que, infelizmente, os interesses de grupos poluentes, como os que utilizam combustíveis fósseis continuam fortes, inclusive no Brasil, defendendo até lamentáveis ineficiências do monopólio da Petrobras.

O Brasil precisa se preparar para a nova situação internacional, como na economia que passou a registrar mudanças rápidas, onde os riscos se tornam maiores. Notadamente, como muitos líderes que aparentam reações inusitadas, ainda que muitas delas não tenham possibilidade de efetiva implementação. Não parece existir mais regras estáveis, mas precisamos continuar sobrevivendo neste tipo de mundo.



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