Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Milagre Existe e Aconteceu na Tailândia

13 de julho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um artigo detalhado, com a colaboração jornalistas como Hannah Beech, Richard C. Paddock e Muktita Suhartono, foi publicado no The New York Times e traduzido para o português, reproduzido no site da Folha de S.Paulo, descrevendo a epopeia que foi o salvamento dos estudantes na Tailândia que ficaram retidos por 18 dias numa gruta chamada Tham Luang. As próprias autoridades tailandesas admitem que, no mínimo, milagres ocorreram para que todos os 12 jogadores de futebol dos Javalis Selvagens e o seu técnico fossem retirados das grutas, ainda que alguns com pequenos problemas que devem ser superados por algumas semanas de tratamento. As notícias mantiveram o mundo em suspense, com orações e torcidas e agora detalhes dos problemas enfrentados estão sendo divulgados aos poucos dando uma noção dos gigantescos dramas enfrentados pelos que participaram da operação. Já existem quatro grupos interessados em produzir filmes sobre esta emocionante história, sendo dois da Tailândia. A única morte registrada foi de um mergulhador voluntário, Saman Kunan, que ficou sem o oxigênio necessário e deve ser considerado um grande herói.

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Os estudantes localizados no interior de uma gruta na Tailândia depois de mais de uma semana no escuro, sem alimentos ou remédios, tomando somente água que pingavam na caverna

Um puxão na corda era o sinal que as vítimas estavam prestes a ser retiradas das águas, o que era feito com um adolescente ajudado por dois mergulhadores. No último grupo, que incluía o técnico, ocorreu problemas com um deles. Depois do sinal, transcorreram 15 minutos, depois 60, e mais de 90 se passaram e nada ocorria, pois a corda ficou solta. Os voluntários retrocederam um pouco e finalmente, para alívio de todos que participavam da operação, conseguiram retirá-lo das águas, que por serem barrentas e com fortes correntes não permitiam a visibilidade adequada. Havia o risco de esgotamento do oxigênio dos tubos, o que seria fatal.

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Mergulhadores tailandeses e estrangeiros penetravam pelas grutas

Dez mil pessoas participaram da operação de resgate, incluindo 200 mergulhadores tailandeses e estrangeiros e autoridades locais, além de dois mil soldados. A população e os familiares, apesar de suas ansiedades, colaboraram se afastando um pouco da saída da gruta para permitir a evolução eficiente dos trabalhos, além de providenciar as alimentações dos que estavam trabalhando.

Como as vítimas estavam enfraquecidas e não sabiam nadar, foram usados casulos flexíveis chamados sked, usados pelos norte-americanos nos salvamentos de sua Força Aérea para acomodá-los, e foram ministrados sedativos para evitar pânicos das vítimas. Sendo flexíveis, permitem passagens por trechos estreitos. Eram conduzidos por dois mergulhadores que também carregavam os tanques de oxigênio para si e para as vítimas, com mergulhos que duravam até 40 minutos cada. Três mergulhadores foram assistidos nos hospitais pelo esgotamento do oxigênio, que é um risco elevado e que vitimou o tailandes.

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Skeds usados pela Força Aérea norte-americana

As máscaras de mergulho eram para adultos e descobriu-se que devidamente apertados poderiam ser utilizados também pelos adolescentes, experiência que foi feita numa piscina. Um dos mergulhadores mais experientes informava que a força das águas era como se estivesse debaixo de uma cachoeira e havia que se manter a cabeça na direção correta. Os trechos mais difíceis foram sondados pelos experientes mergulhadores norte-americanos e ingleses, para estabelecer claramente a rota, pois estas grutas apresentam muitos desvios. As vítimas precisavam ser içadas e alguns trechos eram muito escorregadios.

Um raro trabalho de cooperação internacional ocorreu neste salvamento, até com o fornecimento de equipamentos para diversas finalidades. Participaram também mergulhadores da Finlândia, da Austrália e da China. Todos ressaltam que um fato importante foi à coragem das vítimas para enfrentar todos os obstáculos.

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Bombeamento das águas das cavernas tailandesas, que no momento crucial deixaram de funcionar, numa das fases mais dramáticas do salvamento dos adolescentes

Onde foi possível foram usadas bombas para reduzir as inundações nas cavernas. Um dos momentos mais dramáticos foi quando as bombas quebraram, voltando a elevar as águas. Com a redução das águas era possível cobrir em duas horas o que com elas se levaria até cinco horas.

Um dos médicos e alguns mergulhadores ficaram dias dentro das grutas até o resgate de todos os estudantes e o seu professor, Ekapol Chanthawong. Eles precisaram também de assistências posteriores nos hospitais. O governo tailandês, com toda a justiça, está preparando a documentação para dar a cidadania aos pais dos apátridas, inclusive o professor.

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A população tailandesa local ajudou no resgate, preparando alimentos para os que estavam trabalhando diretamente

Existem muitos heróis nesta história toda, mas há que se reconhecer que as autoridades tailandesas conseguiram um tento espetacular, demonstrando a sua competência no comando de uma operação de rara complexidade, que contou com ajuda importante das experiências externas. É sempre difícil conciliar muitas orientações balizadas. Muitas lições foram deixadas para o mundo com este episódio, mostrando o quanto é importante a cooperação internacional.

Espera-se que as naturais sequelas dos estudantes sejam mínimas, havendo que reconhecer a importância do professor na manutenção da elevada moral de todos, mesmo com todas as condições mais adversas que se possa imaginar. O reconhecimento mundial ao sucesso da operação está expresso pelos convites que os Javalis Selvagens estão recebendo, desde o da FIFA que não pode ser aceita, pois as vitimas ainda estão em recuperação. Foram convidados a assistirem na Rússia à final da Copa do Mundo de Futebol deste ano. Mas outros convites de nível estão também sendo apresentados, estabelecendo uma dificuldade para eles aceitaram os mais expressivos.



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