Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupações Japonesas Com as Forças Norte-Americanas

4 de setembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , ,

clip_image002Sempre houve isoladas preocupações dos japoneses com relação à presença de tropas norte-americanas como em Okinawa, mas são fortes os indícios que elas estão aumentando com os entendimentos de Donald Trump com Kim Jong Un, onde os interesses japoneses não foram devidamente considerados.

Base Aérea de Yokota, em Saitama, nas proximidades de Tóquio

Quando o Japão foi derrotado na Segunda Guerra Mundial com os bombardeios atômicos sobre Hiroshima e Nagasaki, os japoneses renunciaram às possibilidades de conflitos armados, passando a depender do apoio decisivo dos Estados Unidos para a sua segurança externa. No entanto, as dificuldades que decorriam de conflitos de soldados norte-americanos com membros da população japonesa, onde a situação mais crítica sempre esteve em Okinawa, ainda eram localizadas. Agora, com Donald Trump mostrando que os interesses japoneses não chegam a ter elevada prioridade, como nos entendimentos com os coreanos do Norte, a situação está se alterando rapidamente.

O autor do artigo, Mark Schreiber, observa que muitos artigos estão se multiplicando em jornais que não são os de maior circulação no Japão, mas refletem mais abertamente o desconforto que está incomodando os japoneses. O Sistema de Auto-Defesa do Japão, que não permitia as forças japonesas em conflitos no exterior, está sendo objeto de uma possível mudança constitucional, ampliando a possibilidade de participação de ações armadas ainda limitadas.

Lamentavelmente, nenhum país que seja realmente independente pode depender de outros países para a sua defesa externa, mesmo que não se cogite de armamentos nucleares. Quando os Estados Unidos não suportam mais a segurança na Ásia sem a ajuda de outros países da região, certamente o Japão terá que aumentar seus investimentos militares, mesmo não o desejando.

Sempre houve pequenos movimentos nacionalistas no Japão, mas não tinham a escala e o apoio popular como o atual, pois muitos começam a entender que não podem contar com a cobertura irrestrita dos norte-americanos, que possam fornecer foguetes que neutralizem possíveis ataques que venham do exterior. Não existe uma segurança total em armamentos e até acidentes podem ocorrer, pondo em risco a população japonesa, que está a poucas centenas de quilômetros de países que podem se envolver em conflitos armados.

Ninguém de sã consciência pode aplaudir investimentos militares, mas o mínimo indispensável para a defesa externa de um país parece algo inevitável. O desejável é que isto fosse feito dentro de entendimentos com organismos internacionais, mas também estes estão bastante desgastados. Os economistas chamam estas situações de Second Best, quando o ideal não parece viável.



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