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Condições Severas das Prisões Temporárias no Japão

12 de dezembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

As informações constantes num artigo de Yukiko Sakamoto e Azusa Kato escrito para o jornal japonês Asahi Shimbun descrevem as condições extremamente duras para clip_image002estrangeiros nas prisões temporárias no Japão, principalmente para executivos como Carlos Ghosn que estavam acostumados aos padrões de vida elevados de nível internacional, que tinham aviões executivos para percorrer todo o mundo.

A cela usada por Carlos Ghosn é pequena, com três tatamis (que costumam medir cerca de 1,62m² cada) que daria um total geral de cerca de 5m², somente com uma toalete simples, pode ser adequada para um preso japonês, mas é extremamente severo para estrangeiros acostumados a padrões elevados como ele

Os japoneses estão acostumados a dormir nestes tatamis, mas para os estrangeiros seriam adequadas camas, ainda que simples. Informa-se que Carlos Ghosn se queixava do frio por não haver um aquecimento, mas parece que ele recebeu somente um agasalho simples adicional e parou de se queixar. As refeições servidas seriam extremamente simples e, evidentemente, do tipo japonês, com um pouco de arroz com cevada e em quantidade muito limitada. Ele passa o tempo lendo livros, revistas e jornais que recebe dos seus visitantes, entre eles advogados, diplomatas, inclusive do Brasil, pois ele tem também cidadanias francesa e libanesa. Ele tem direito a banhos completos duas vezes por semana. O cônsul geral brasileiro em Tóquio, João de Mendonça Lima Neto, informa que Carlos Ghosn está bem de saúde.

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                              Carlos Ghosn teria se queixado das alimentações servidas

Estas prisões temporárias costumam ser rápidas, mas já dura mais de três semanas para irregularidades que teriam sido cometidas entre 2010 a 2014, mas o prazo foi novamente prorrogado diante do surgimento de novas provas de possíveis irregularidades, principalmente relacionadas ao período de 2015 a 2017. Parece que os promotores contam com documentações assinadas por Carlos Ghosn, mas ele continua alegando que não são decisões finais sobre suas remunerações adicionais que seriam recebidas após a sua aposentadoria, que não estariam sujeitos à tributação, com o que não concordam as autoridades japonesas. Ele, seu ex-diretor da Nissan, Greg Kelly, que o teria informado sobre esta não tributação, e a Nissan já foram indiciados por estas irregularidades, mas existem outros indícios de crimes fiscais que continuam sendo investigados.

Uma grande diferença do que acontece no Japão com relação aos outros países é que os interrogatórios com investigadores que dominam perfeitamente o inglês são acompanhados por advogados de sua defesa, quando na legislação japonesa só ocorre a sua gravação e filmagem, dispondo-se também de um tradutor.

A rotina nesta prisão temporária é acordar 7h e dormir às 21h. Não é permitido dormir durante o dia, pois os guardas precisam saber se ele adoeceu ou entrou em qualquer dificuldade, quando deve pedir licença para se deitar. Já houve políticos japoneses que ficaram nestas prisões temporárias mais de 300 dias.

Existem opiniões de que esta prisão temporária poderá ser suspensa dentro de aproximadamente 10 dias, como outras que estimam que possam ser mantidas até o final do ano. Tudo indica que, concluído o inquérito e feitas às denúncias, o processo passará para os juízes japoneses, que, pelos dados existentes, têm aceitado a quase totalidade das denúncias efetuadas pelos promotores, infelizmente.


2 Comentários para “Condições Severas das Prisões Temporárias no Japão”

  1. Júlia Maria
    1  escreveu às 12:13 em 12 de dezembro de 2018:

    As penitenciárias e as celas para presos provisórios desrespeitam os Direitos Humanos. Extremo rigor e afronta ao devido processo legal, ampla defesa e contraditório.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:04 em 12 de dezembro de 2018:

    Cara Julia Maria,

    Cada país tem uma legislação diferente, com o qual podemos não concordar. Por exemplo, os Estados Unidos continuam mantendo em Guantánamo prisioneiros que nem fora acusados de possíveis crimes por décadas, infelizmente.

    Paulo Yokota


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