Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Assuntos Internacionais de Relevância Para o Brasil

27 de fevereiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

A falta de uma articulação política razoável no Brasil, principalmente no novo governo federal, agiganta os riscos do país ser afetado por problemas importantes que estão sendo clip_image002 discutidos aqui e no mundo, que também não vem revelando a capacidade desejada dos países importantes para equacionar problemas bastante complexos.

Presidente Donald Trump, desgastado por diversos problemas internos e externos, deixando os Estados Unidos, que ainda é o país mais poderoso do mundo, numa situação desconfortável que afetam a todos

O antigo advogado que defendia Donald Trump, considerando-se culpado de crimes cometidos, aponta também que o presidente dos Estados Unidos tenha cometido muitas irregularidades já no seu mandato. A assessoria de imprensa da Presidência daquele país alega que um criminoso confesso não tem credibilidade para as suas acusações, mas nem todos, e principalmente os parlamentares da oposição daquele país, não entendem os problemas da mesma forma. Como o Brasil, com o atual governo tende a perfilar ao lado dos Estados Unidos, que deixando ser um líder mundial inconteste, também acaba afetado, notadamente por contar com um ministro de Relações Exteriores no mínimo de capacidade discutível. O Itamaraty, com longa tradição histórica, procura atuar de forma mais profissional e técnica, mas sempre acaba sendo atingido pelo clima que prevalece no atual governo federal.

Na solução dos desequilíbrios comerciais externo dos Estados Unidos, notadamente com a China, tudo indica que os chineses prometem elevar a importação de produtos agropecuários dos norte-americanos em US$ 30 bilhões anuais. Entre os países prejudicados com estas tendências está o Brasil, que procurava aumentar suas exportações destes produtos para a China. Até agora não se observa uma articulação governamental para enfrentar esta dificuldade adicional.

Os problemas relacionados com a Venezuela exigiram que o Brasil se posicionasse pela não intervenção em assuntos internos daquele país. No entanto, tanto pela necessidade de atendimento dos venezuelanos que procuram outros países como até dos brasileiros que atuavam naquele país, os encargos adicionais do Brasil acabam sendo elevados, notadamente no Estado de Roraima que não tem condições mínimas para ajuda na assistência da saúde, decretando uma situação de calamidade pública, exigindo ajuda do governo federal.

Os problemas relacionados com os lamentáveis acontecimentos com a Companhia Vale do Rio Doce afetam parcialmente as exportações de minérios, bem como de produtos siderúrgicos, notadamente para os países asiáticos. As muitas vidas sacrificadas, bem como os que continuam com seus corpos desaparecidos, paralisam, praticamente, a mineração em Minas Gerais para revisão de suas barragens, prejudicando também as siderurgias como Usiminas, que não podem depender do minério que venha de Carajás, do Estado do Pará de forma competitiva.

Apesar da forte torcida nacional pela reforma da Previdência Social no Brasil, que todos aplaudem pelo interesse nacional, mas os grupos mais afetados como os altos funcionários do Legislativo e do Judiciário já se mobilizam de forma eficiente para salvaguardar os seus interesses grupais, notadamente entre os parlamentares. Na falta de uma fortíssima posição do presidente Jair Bolsonaro, declarando que “aperfeiçoamentos” do Congresso são bem-vindos, certamente haveria uma substancial redução das contribuições vindas dos funcionários de alta renda, que já se declaram com a intenção de preservar seus “direitos adquiridos”, usando o Judiciário. Além das correções dos benefícios dos extremamente pobres e trabalhadores rurais que parecem razoáveis, que não contam com condições políticas para se continuar no projeto apresentado. Alguns analistas experientes já chegam a admitir que, nas próximas décadas, se mantiver o atual déficit deste setor, mesmo sem a tal economia prevista de R$ 1 trilhão, já seria algo razoável. Os investimentos previstos do exterior com as reformas eram altamente otimistas, não se sabendo ainda como reagirão os empresários diante da dura atual realidade brasileira.

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Presidente Jair Bolsonaro, que não teve nem tempo para uma recuperação tranquila, teve que admitir correções de atos mal formulados, bem como indevidas participações de seus familiares, além de se comportar como se ainda estivesse em campanha eleitoral

Todos sabem que o desenvolvimento perseguido apresenta vários obstáculos que precisam ser superados. Observa-se, no entanto, que mesmo projetos de interesse nacionais bem formulados são difíceis de ser aprovados, pois os membros do Congresso Nacional se orientam das pressões que recebem dos seus eleitores, onde os interesses pessoais ou grupais são extremamente fortes e concretos. Mesmo que uma intensa campanha de esclarecimentos seja realizada, na cultura brasileira dos eleitores parece prevalecer os interesses pessoais mais imediatos, até porque os efeitos sobre a economia brasileira tendem ser vagos e de efeitos substanciais no longo prazo. O que se poderia alegar é que o novo governo dispõe de um apreciável patrimônio político, com os recentes resultados eleitorais. Mas ele tende a se desgastar rapidamente com os conflitos internos e as idas e voltas com muitos projetos mal elaborados por executivos sem muita experiência de governo.

Mas governo eleito é governo legitimo e dispõe de muitos meios que nem sempre a população compreende. Corrigindo alguns dos seus defeitos, existem condições para uma sensível melhora no seu desempenho, o que necessita ser feito com a maior urgência e um pouco de humildade.



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