Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Raras Expedições Científicas Sobre o Brasil

6 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Poucas vezes encontra-se um artigo tão precioso como este de José Hamilton Ribeiro, publicado no suplemento Ilustríssima da Folha de S. Paulo deste domingo. Os brasileiros conhecem superficialmente os trabalhos de Carl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptista von Spix, mas eles são as bases fundamentais para conhecer a botânica e a zoologia do Brasil, como também os indígenas e escravos daquela época. Eles vieram ao Brasil acompanhando a princesa Leopoldina, que se casaria com Dom Pedro I. Foram feitas três expedições científicas para conhecer a botânica e a zoologia no Brasil há dois séculos, de 1817 a 1820, comandadas por eles. A primeira percorreu do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco e Bahia. A segunda, Piauí e Maranhão. A terceira, a Bacia Amazônica, tendo chegado até a fronteira com o Peru. Foram 14 mil quilômetros, 4.800 mil quilômetros em lombo de mula, 8.200 quilômetros pelos rios e mil quilômetros no mar. Se isto seria muito difícil hoje, imaginem naquela época. Contraíram malárias e quase morreram algumas vezes.

imageimage

Carl Friedrich Philipp von Martius                   Johann Baptist von Spix

Na época, a Áustria tinha uma marcante importância cultural e científica internacional e o Brasil despertava uma curiosidade por ser considerado a fronteira da ocupação do mundo. A exuberância da biodiversidade brasileira permitiu à von Martius descrever na “Flora” as cinco províncias: a do sul – uma floresta subtropical, a do Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga e a Amazônia. Na época em que ainda a fotografia estava nos seus primórdios, havia que se desenhar e pintar todas as plantas, animais e os indígenas. Na “Flora Brasiliensis”, uma verdadeira obra de arte, conta-se com ilustrações dos maiores pintores da Europa, como o holandês Franz Post, o austríaco Thomas Ender, o francês Debret e o alemão Rugendas, contidas em 26 publicações. Poucas instituições brasileiras possuem um exemplar deste trabalho, sendo uma o Instituto Moreira Salles, que já os apresentou parcialmente numa exposição.

A obra de von Spix mereceu atenção de Paulo Vanzolini (aquele mesmo da “Praça Clóvis” e muitas outras belas canções), um cientista renomado até no exterior, que era o responsável pelo Museu de Zoologia de São Paulo.

martius_2 (1)Agora a editora Capivara lançou a biografia de “Martius”, um trabalho de Pablo Diener e Maria de Fátima Costa, da Universidade Federal de Mato Grosso, sobre suas biografias.

Um livro imperdível da Editora Capivara que está atualmente na sua fase de lançamento

Todos os brasileiros que se interessam sobre os levantamentos científicos relevantes sobre o Brasil devem tomar conhecimento destas importantes expedições que formaram a base do que se conhece até hoje. Quando tudo que se faz neste país aparenta certa superficialidade. Pode-se constatar que ainda no período histórico, quando o país certamente era muito pobre, já com a ajuda de cientistas estrangeiros, efetuavam-se trabalhos de envergadura, que implicavam em grandes sacrifícios pessoais e tiveram ampla repercussão científica internacional. Precisamos aprender que temos as bases para conhecimentos científicos relevantes que, além de atender às nossas necessidades, também podemos colaborar com o resto do mundo.



Deixe aqui seu comentário

  • Seu nome (obrigatório):
  • Seu email (não será publicado) (obrigatório):
  • Seu site (se tiver):
  • Escreva seu comentário aqui: