Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Estilo Difícil de Governar

6 de maio de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Mesmo admitindo-se que o mundo passa por variadas dificuldades que afetam também o Brasil, observa-se que as economias dos Estados Unidos e da China estão conseguindo resultados surpreendentes, ainda que com acirradas discussões políticas que não aparentam um razoável consenso nestes dois países que continuam como dois líderes no clip_image002mundo. O Brasil, apesar das esperanças de ousadas reformas, continua mostrando que ainda não encontrou meios de obter um crescimento mais expressivo, em curto ou mesmo longo prazo.

Ainda que os Estados Unidos continuem como líder mundial, os avanços tecnológicos chineses são mais expressivos atualmente, indicando que num determinado momento tenha condições de superar os norte-americanos

Apesar das muitas declarações do presidente Donald Trump que deixam o mundo arrepiado, o fato objetivo é que sua economia continua com um crescimento expressivo, com a inflação controlada e emprego crescente, indicando fortes possibilidades de que nas próximas eleições naquele país ele seja o candidato mais forte para obter a renovação de um novo mandato.

No Brasil, o novo governo de Jair Bolsonaro, com o estilo de exageradas indicações pelas redes sociais que foram importantes para a sua eleição, dissemina a impressão de uma administração desarticulada. Não fornece razões plausíveis para a retomada dos investimentos indispensáveis, públicos e privados, para elevar o nível de emprego, visando um crescimento mais significativo capaz de gerar os recursos necessários para um desenvolvimento sustentável em prazo curto ou longo.

Alega-se que o governo conta com um custeio elevado que, contando com muitos direitos adquiridos, não permite a sua redução. Os cortes dos gastos acabam ocorrendo em setores fundamentais como a educação e a pesquisa, não permitindo a melhoria da eficiência da economia, indispensável para um crescimento mais robusto.

Os leigos em aspectos jurídicos ficam com a impressão que nem todas as despesas de custeio contam com aprovações incontestáveis no Legislativo, sendo realmente direitos adquiridos irreversíveis. Muitas interpretações no Executivo e inclusive no Judiciário aparentam ter estendido melhorias substanciais de remunerações para muitos, que não são consequências de decisões decorrentes da Constituição ou do Congresso Nacional. Se houvesse a alegada disposição para correções substantivas no novo governo, mesmo reconhecendo as dificuldades políticas, parece que existiria muito espaço para redução dos custeios, não afetando fortemente os setores estratégicos que poderiam ajudar no crescimento econômico.

Com a economia patinando, como parece que está ocorrendo mesmo com o novo governo reformista e que procura adotar uma posição liberal, parece difícil disseminar-se a ideia que se caminha para algumas soluções razoáveis. Se o governo não conta com uma estratégica mais clara, insistindo somente na reforma da Previdência Social de difícil aprovação, mesmo considerando que ela seja uma indicação razoável de mudança de rumo, não parece possível chegar-se a resultados importantes. Porque também a oposição não parece contar com qualquer ideia organizada como alternativa.

Muito insistem que a privatização de segmentos, hoje de controle das estatais, geraria os recursos indispensáveis. Não percebem que as agências que deveriam controlar as novas situações, inclusive das novas empresas privadas, não vêm mostrando a sua eficiência. Elas tendem a atender aos interesses dos novos controladores privados. As privatizações até poderiam ser soluções temporárias, mas o que o governo precisa é contar com um aumento continuo de receita no futuro, pois existem as novas necessidades para atendimentos sociais de uma população que vai aumentando seus gastos com o aumento de sua idade média.

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O Brasil já teve períodos mais dinâmicos no passado

Parece que existe uma carência de alternativas que precisam ser consideradas pelas autoridades, sendo uma obrigação de todos. Os acadêmicos, a imprensa e muitos que se reúnem em organizações sociais denominadas ONGs necessitam intensificar seus estudos visando apresentar proposições para serem discutidas pelas autoridades. A necessidade está forçando o preenchimento do vácuo que está se formando, com o devido respeito ao meio ambiente, para conseguir um desenvolvimento sustentável.

Não se pode conformar com um destino fatalista, num país emergente como o Brasil que conta com uma população criativa decorrente da forte miscigenação de muitas raças, uma história respeitável, uma natureza dadivosa e uma capacidade de geração de novas tecnologias para aproveitar todas as condições que se apresentam de forma dinâmica no mundo atual. Muitos outros países emergentes no mundo estão tomando ações que podemos adaptar para o Brasil.



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