Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Procura de Soluções Para o Brasil e Para o Mundo

28 de setembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

Jornais como o Financial Times, com um artigo de Simon Kuper, estão chamando a atenção para estudos efetuados pelo francês Thomas Piketty, que considera o próximo desafio mundial será a redução política das desigualdades entre os privilegiados e os desfavorecidos, que estão aumentando, sem que a solução seja a clássica imaginada por Karl Marx no começo do século passado e não proporcionou o resultado que ele esperava. Provocou a supressão da liberdade política, que é outra aspiração humana. No Brasil, que enfrenta dificuldades imagegeneralizadas, os que têm acesso às decisões de política econômica tendem a preservar os seus privilégios deixando os custos dos ajustes para os mais modestos.

Thomas Piketty, que fez sucesso com o seu livro “Capital no século 21”, publica novo livro, “Capital e Ideologia”, tentando mostrar que a distribuição de renda é uma decisão política e pode ser mudada

Na realidade, os privilegiados em qualquer lugar do mundo tendem a preservar as condições para manter sua situação, tendo forte influência sobre as decisões políticas que possam alterar o quadro. No Brasil, a equipe econômica do atual governo diagnostica que o profundo desequilíbrio que se observa atualmente decorre dos privilégios daqueles que atuam no setor público, mas eles, por terem acesso mais fácil junto daqueles que decidem sobre o assunto, continuam mantendo sua situação, deixando os encargos dos ajustes por conta dos menos privilegiados, modestos trabalhadores do setor privado, muitos desempregados. Os grandes milionários já transferiram seus ativos para o exterior e utilizam os paraísos fiscais para contar com impostos menos pesados. Ainda alegam que, sem redução dos seus tributos, não se sentem estimulados a efetuar os investimentos que poderiam recuperar o desenvolvimento, ajudando a criar novos empregos.

A atual equipe econômica brasileira propõe uma solução liberal, afirmando que a concorrência privada ajudará a aumentar a eficiência da economia. Isto ocorreria se esta competição fosse acirrada, mas a realidade mostra que existem espécies de cartéis de poucas empresas, transferindo monopólios estatais por privados, sem que existam agências eficientes para coibir os desafios que se apresentam. A tendência costuma ser a de aumentar a diferença entre algumas grandes empresas com muitas outras pequenas que nem sempre contam com a eficiência desejada, inclusive pela sua escala de operações.

Há que se admitir que também existem poucos bancos que controlam volumes substanciais de recursos dos seus clientes, com mecanismos pelos quais seus resultados tendem a ser expressivos, beneficiando alguns dos seus dirigentes. A concorrência desejada nem sempre ocorre. Ainda que existam lampejos de algumas empresas para beneficiar a coletividade, a maioria de suas ações visa somente a melhoria de suas imagens para favorecer seus negócios. É da natureza das empresas privadas maximizarem seus lucros e as exceções são poucas, restringindo-se às ações filantrópicas.

Há que se admitir que seja da natureza humana procurar beneficiar-se da economia e só ocorrem ações que visam o benefício da coletividade quando são obrigados a tanto pela legislação. Mas o poder político faz com que as administrações públicas tendam a beneficiar os que os ajudam a se manter no poder, sem que haja agências reguladoras que defendam de fato os interesses da coletividade.

Estas dificuldades estão generalizadas no Brasil e no mundo, mas elas também se constituem em obstáculos que servem como desafios para a criatividade humana. Verificou-se que sempre que estes obstáculos eram expressivos se encontraram iniciativas para superá-los, permitindo que a humanidade continuasse a sua marcha, aperfeiçoando-se na forma de conseguir maior bem-estar para todos os seus membros, mesmo que pareçam infindáveis as dificuldades a serem enfrentadas.

Não podemos nos deixar tomar pela depressão gerada pelo quadro geral, acreditando que, com muito trabalho e paciência por algum tempo, existem possibilidades de melhoras como as que vieram sendo conquistadas no passado. Com toda a tecnologia que foi acumulada ao longo do tempo, tudo indica que a conquista de melhores situações pode ser mais rápida do que esperada sem que isto seja ingênuo, utilizando-se o engenho humano que costuma se manifestar para enfrentar os muitos obstáculos que vão surgindo.



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