Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Pragmatismo no Intercâmbio Brasil – China

23 de outubro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um artigo de Jiang Shixue, professor e diretor do Center of Latin American Studies da Shanghai University, mostra que, superadas as primeiras bombásticas declarações do clip_image002presidente Jair Bolsonaro com relação à China, o pragmatismo internacional indispensável pode estabelecer um entendimento bilateral mais sólido de prazo mais longo. Ainda que nem tudo seja favorável, notadamente no campo ideológico, as necessidades de ambos os países podem estabelecer entendimentos consistentes, com as dificuldades naturais, de forma mais realística.

Charge constante do artigo no site do China Daily

O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de alguns auxiliares, estará na China por alguns dias neste final de outubro e poderá, de forma pragmática, estabelecer entendimentos potencialmente importantes para os dois países. Os chineses já deixaram claro que, apesar de continuar importando produtos agropecuários dos Estados Unidos, não desejam depender exageradamente de um país que já boicotou o fornecimento de alimentos que levaram muitos chineses até a morte no passado. O Brasil, tradicional fornecedor de alimentos para a China, deve continuar sendo um parceiro importante na volumosa exportação destes produtos.

De outro lado, o Brasil continua necessitando de substanciais recursos para a melhoria de sua infraestrutura, notadamente para chegar com seus produtos aos portos, visando à recuperação de suas exportações. Ainda que alguns interessados estejam manifestando interesse em participar dos seus financiamentos, os chineses continuam objetivos, principalmente dentro do seu programa internacional que denominam Belt and Road Initiative para incrementar o seu comércio internacional. Contar com um importante apoio na América Latina é certamente mais promissor até com relação aos incrementos das relações dos chineses com os países africanos.

Os entendimentos nos organismos internacionais, como a OMC – Organização Mundial de Comércio e na FAO – Food and Agricultural Organization, entre os dois países já são importantes. Também no aniversário de 45 anos das relações sino-brasileiras, as declarações das autoridades brasileiras foram positivas.

Os produtos chineses de preços competitivos e tecnologias avançadas contam com um mercado promissor na América Latina e o Brasil é o principal país da região para tanto. As tendências protecionistas recentes no mundo devem ser superadas pelos interesses recíprocos dos intercâmbios comerciais e financeiros.

Fica-se com a impressão que as primeiras declarações contrárias de Jair Bolsonaro acabaram se tornando algo como um freio de arrumação e, mesmo sabendo das muitas dificuldades existentes, as novas iniciativas podem ser mais pragmáticas, permitindo, num prazo mais longo, um intenso intercâmbio bilateral de interesse de ambos os países.



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