Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Temerários Avanços Tecnológicos na China

21 de janeiro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Tecnologia | Tags: , , ,

As dimensões chinesas estão apresentando desafios para mudanças substanciais na forma de encarar os seus problemas do futuro. Uma visita de Clayton Ferreira, da TILT, o braço clip_image002tecnológico do site UOL, permitiu identificar algumas destas mudanças que deverão também ser perseguidas no Ocidente, no futuro próximo, com as adaptações indispensáveis.

Uma foto publicada no UOL, constante do artigo publicado, que vale a pena ser lido na sua íntegra

Enquanto o Ocidente fica preocupado com a identificação das pessoas pelas suas fotos, cogitando da possibilidade do seu uso para efeitos de segurança pública, a China avança aceleradamente para sua utilização nas atividades comerciais, visando atender às necessidades de sua imensa população, quando ela concorda com o uso destas inovações. Partes destas tecnologias terão que ser adaptadas para o uso no resto do mundo, mesmo que apresentem preocupações da natureza apontada.

Clayton Ferreira foi à China visitando centros importantes como Beijing, Hangzhou, Qingdao e Xangai para ver “in loco” o que está acontecendo naquele país. Atendem às demandas de sua gigantesca população, como evitar as longas e irritantes filas para os pagamentos das compras depois que elas já foram realizadas, como continua acontecendo em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil.

Segundo o jornalista, os chineses estão implementando soluções para resolver seus problemas operacionais, que agilizam o atendimento aos clientes, quando eles concordam com estas inovações. Um aspecto que chama a atenção é a simplificação dos meios de pagamento, onde até os cartões de crédito estão se tornando obsoletos. Eles estão utilizando os pagamentos utilizados pelo WeChat e pelo Alipay, que já se estendem aos países asiáticos como o Japão, onde o número de turistas chineses é bastante elevado, efetuando volumosas compras.

A adoção dessas soluções foi facilitada na China, segundo o autor, já que a maioria dos sistemas das empresas está em ambiente de nuvem e possuem a elasticidade necessária para lidar com alto volume de dados. As transações passam a ser, em sua maioria, eletrônicas, com transferência entre usuários de carteiras virtuais ou entre varejistas e usuários. Essas transações tendem a ser mais simples do que as transações com cartão de crédito, que envolve muitas entidades como emissor, bandeira e adquirente. No Singles´s Day, a Black Friday chinesa, chegou-se ao número de US$ 38 bilhões em vendas em um único dia.

Integração de reconhecimento facial com as carteiras de pagamento já é uma realidade e foi possível o autor presenciar tal facilidade dentro da loja Hema, pertencente ao Alibaba, onde os clientes chineses podiam optar pelo pagamento de suas compras apenas usando o reconhecimento da sua face nos pontos de pagamento.

Trazendo essas opções para a realidade brasileira, ainda não temos esses meios concretizados, mas a mudança já está acontecendo, uma vez que o Brasil é um dos países que mais rapidamente tem adotado o pagamento via mobile e carteiras virtuais, segundo o artigo. Esse é o primeiro passo para seguir o padrão de inovação que já acontece na China. Um desafio será a coexistência de múltiplas carteiras. Existe uma tendência de termos um número grande de carteiras digitais para pagamento “online” e no mundo físico. Diferente da realidade chinesa, onde se vê apenas Alipay e WeChat na maioria dos estabelecimentos.

A impressão que se tem é que os chineses se adaptaram ao modo de vida ocidental e o aperfeiçoaram para ter uma melhor qualidade de vida. Cidades com 10 milhões e até mais de 20 milhões de habitantes geram desafios enormes do ponto de vista de infraestrutura, transporte, diminuição da poluição, habitação e logística. Tendo isso em vista, algumas facilidades começam a fazer parte do dia a dia da população. Algo parecido também se observa no Japão.

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Consumidora utiliza autoatendimento com reconhecimento facial no supermercado Hema, na China,em foto constante do artigo na UOL

Redes varejistas, como Hema e 7Fresh, passaram a ditar o ritmo do mercado imobiliário, segundo o autor. A população quer morar perto dessas lojas devido a facilidade de fazer compras pelo aplicativo e, caso o destino da entrega seja de até 3 quilômetro de distância da loja, o cliente recebe suas compras em até 1 hora, sem custo adicional de frete. Itens frescos e algumas vezes ainda vivos são vendidos. A Alibaba fez há mais de um ano uma demonstração nacional promovendo a entrega de lagostas frescas em toda a China para aqueles que as compraram.

Uma nova rede de café na China, criada para ser uma quebra de paradigma no modelo atual, a Luckin Coffee, tem lojas espalhadas por todo o país e não possui caixa normal, ou seja, não adianta querer comprar um café com dinheiro ou mesmo cartão de crédito. Toda a compra é feita por aplicativo com pagamento digital e existe a possibilidade de entrega de todos os pedidos. Este modelo diminui o número de funcionários e obrigou o Starbucks a começar a fazer entregas deste tipo também.

Segundo o autor, o brasileiro está descobrindo o mundo das entregas e, em cidades como São Paulo, já se observa o aumento do consumo de compras “online” com entregas em domicílios. Não apenas alimentação, mas as tradicionais redes varejistas veem a compra “online” incrementar consideravelmente até para evitar os riscos dos deslocamentos. A adoção de pagamentos digitais irá impulsionar os modelos de conveniência, quebrando os modelos tradicionais e trazendo novas formas de interação entre as empresas e seus clientes.

Os chineses levam a sério a experiência de cada consumidor e o autor viu isso acontecer em um hotel que é tido como uma vitrine tecnológica para outros do país e grandes redes do mundo todo. O Fly Zoo usa a inteligência artificial para melhorar a estadia de seus hóspedes e remover os momentos de estresse como check-in e check-out. Por meio de reconhecimento facial, o check-in é feito via câmera do celular, o hóspede pode entrar no hotel e ir direto paro o elevador que possui câmera que reconhece a identidade do hóspede e permite o acionamento para o andar onde está localizada a suíte. A autorização da entrada no quarto é feita também por reconhecimento facial em uma câmera instalada nas portas dos quartos. Os serviços de quarto são automatizados para pedir uma pizza, toalhas limpas ou um champanhe. Os pedidos são feitos usando uma assistente inteligente do Alibaba e todas as entregas são feitas por robôs.

A China vive um momento incrível na educação superior. Se antes os pais enviavam seus filhos para estudar em universidades dos Estados Unidos e Europa, hoje os estudantes reconhecem o avanço da educação chinesa e fazem questão de ficar na China para aprimorar seus estudos. É fato que essa situação derivou dos investimentos feitos no ensino e na mudança da mentalidade do governo chinês para que a educação se tornasse uma elevada prioridade.

Aqui no Brasil, vemos uma lacuna de vagas de tecnologia versus pessoas formadas e capacitadas. Estamos um passo atrás na educação, já que é preciso uma mudança no ponto de vista técnico e de habilidade para estas tarefas. Ainda é preciso aliar a capacitação dos profissionais com características de liderança, inovação, protagonismo e liderança de projetos. As empresas estão investindo na capacitação dos talentos como forma de moldá-los às necessidades do mercado.

O Brasil está em uma esteira de inovação única, em que a IA e digitalização dos negócios já acontecem, segundo o artigo. Mas ainda há um longo caminho pela frente, em que 2020 desempenhará papel fundamental em continuar colocando o consumidor como centro das ações. No contexto corporativo, as companhias já seguem a evolução, ao abraçar a área de tecnologia como parte principal de seus negócios. E essa é a lição principal: a digitalização das empresas não é responsabilidade de apenas uma área, mas é a mudança integral de um pensamento corporativo que vai impactar em uma jornada transformadora.

A flexibilidade e a criatividade brasileira podem facilitar a absorção do que está se processando na China e em alguns países asiáticos.



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