Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Um Novo Vietnã no Oriente Médio

9 de janeiro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Todos sabem as dificuldades dos Estados Unidos lutarem no exterior, onde não contam com apoio local e nem há um consenso mundial sobre as questões envolvidas. São muitas as hipóteses sobre o que teria induzido Donald Trump a envolver-se num conflito tão complicado no Oriente Médio, envolvendo o Irã que são os antigos persas, tendo uma história milenar. O palco principal hoje é no Iraque que já manifestou não desejar as tropas norte-americanas no país, pois, além das muitas complicações que já possui, os bombardeios de ambas as partes acabam atingindo sua população.

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Mapa do Oriente Médio, onde os Estados Unidos se envolveram num conflito aberto com o Irã

Parte da imprensa mundial atribui as decisões dos Estados Unidos à atual situação eleitoral de Donald Trump. As investigações sobre a sua atuação no passado recente na Câmara dos Deputados estão provocando desgastes, podendo afetar o Senado Federal onde os republicanos ainda mantêm a maioria. As incertezas são muitas e em nada ajudam ao atual presidente da República, que pretende a sua reeleição. Ele contaria com uma economia em situação razoável e muitos eleitores norte-americanos apreciam uma guerra, ainda que existam outros que não concordam. Os interesses do chamado complexo militar industrial daquele país não podem ser subestimados, envolvendo volumosos recursos relacionados às eleições.

No Vietnã também não se podia comparar o poder militar dos Estados Unidos com os vietcongs que lhes faziam oposição, mesmo contando com o apoio do Vietnã do Sul. A guerra terminou com uma desastrosa derrota da maior potência do mundo de então. Hoje, o conflito com o Irã não conta nem com o consenso dos tradicionais aliados dos norte-americanos.

A situação de um soldado norte-americano que está sujeito a morrer na região que nada tem consigo é desgastante. Existem os que afirmam que o aumento substancial do consumo de drogas decorreu desta lamentável situação naquela época no Vietnã.

O principal conflito ocorre no momento no confuso Iraque, mas envolve todo o Oriente Médio. O que está em jogo é o fornecimento mundial de petróleo, onde a região é uma produtora muito importante. Seus preços estão subindo nos últimos dias, podendo afetar a economia mundial que já tem suas dificuldades.

Para os familiares dos soldados norte-americanos é difícil aceitar a necessidade de sua presença no Oriente Médio. Atentados dos iranianos podem ocorrer em qualquer lugar do mundo e até o Brasil, que tem interesse em exportar seus produtos agropecuários para os dois lados em conflito, acaba tendo suas preocupações aumentadas, num momento crucial para a recuperação de sua economia. Mesmo que seja momentaneamente beneficiado pela elevação do preço de petróleo, também está sujeito ao aumento das tensões inflacionárias.

Ainda é muito difícil prever-se o que acabará acontecendo em diversas frentes. Mas o que parece certo é que os riscos acabam aumentando, o que não é interessante para qualquer economia. Apesar de muitos pedidos de cautelas de todo o mundo, as questões militares e eleitorais dos Estados Unidos não dependem agora somente das decisões possíveis de Donald Trump. Todas as questões envolvidas exigem avaliações técnicas que não estão sendo consideradas devidamente, de forma lamentável.

Espera-se que estas questões militares convençam os dirigentes brasileiros que também precisam ser cautelosos até nas declarações bombásticas que parecem ser de preferência pessoal de Jair Bolsonaro.



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