Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dúvidas Econômicas do Brexit

2 de fevereiro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política | Tags: , , , ,

Do ponto de vista estritamente econômico é difícil compreender as vantagens do Brexit que entrou em vigor neste final de janeiro de 2020. Mas do ponto de vista político e burocrático pode ser que os cidadãos do Reino Unido decidirâo mais livremente o que pretendem nos imagerelacionamentos com outros países, sem depender dos outros que continuam na Comunidade Europeia, que já conta com uma apreciável burocracia em Bruxelas.

A bandeira do Reino Unido é retirada do local onde estão enfileirados as dos países que continuam na Comunidade Europeia

Muitos dos cidadãos do Reino Unido comemoraram o evento da saída da Comunidade com se fora um final de ano, algo como um réveillon. No entanto, tanto a Comunidade do Carvão e do Aço que a precedeu como o eurodólar proporcionavam vantagens para os ingleses, que agora terão que estabelecer novos acordos com os países que continuam fazendo parte da Comunidade Europeia e outros países, como os Estados Unidos, o Japão e até o Brasil. Eles esperam que, sem a interveniência da gigantesca burocracia estabelecida em Bruxelas, poderão ter maior agilidade, o que ainda terá que ser comprovado. Em economia, a escala é sempre importante e o Reino Unido isolado acaba sendo como um país a mais, ainda que com uma longa história, mas sem apresentar aos novos parceiros vantagens especiais, principalmente quando existe uma aspiração por outras autonomias pelo mundo.

Há que se reconhecer que o Reino Unido era um arquipélago que sempre se diferenciou do continente, mas se beneficiou por se consolidar como um importante centro financeiro da Europa, principalmente com o eurodólar. Já existem instituições bancárias que transferiram parte de suas atividades para outros centros como Frankfurt, na Alemanha, como para paraísos fiscais que se multiplicaram na Europa.

Evidências que grandes dimensões apresentam vantagens ficam claras com a China e a Índia, que contam com gigantescas populações, ainda que em níveis de renda per capita modestos, mas crescendo recentemente com velocidades assustadoras. É evidente que o atual problema com o coronavirus pode apresentar um descompasso, que se espera seja temporário.

O risco é que o exemplo do Brexit possa ser seguido por outros países, como o Brasil no caso do Mercosul, quando se acumulam diversas queixas, partes decorrentes das grandes diferenças entre os países membros. No Sudeste Asiático, muitos países estabeleceram acordos para ganhar dimensão, mesmo sem a participação ou boa vontade dos Estados Unidos. Para se fazer frente a países de grandes dimensões populacionais, potenciais grandes mercados, parece indispensável que se estabeleçam alguns tipos de mecanismos de livre comércio.

Se já existem muitos problemas em países que são uma Federação, como os Estados Unidos, o Brasil e a Índia, onde os estados contam com alguma autonomia, seria até ingênuo que se espere que os países não tenham que abrir mão de algumas independências para poder usufruir das vantagens das dimensões.



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