Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Editorial do Jornal Japonês Mainichi Shimbun

12 de abril de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , | 6 Comentários »

O editorial do The Mainichi Shimbun, se de um lado apresenta críticas ao comportamento inicial da China sobre a crise do coronavírus, reconhece que as experiências mais recentes dos chineses interessam a todos no mundo. Mesmo que existam dúvidas sobre a exatidão das cifras reveladas pelas autoridades chinesas, outros grandes países ainda continuam enfrentando graves problemas sobre o assunto. Qualquer resultado mais expressivo dos chineses poderia ser adaptado às condições que outros continuam encontrando em seus países que impliquem em custos econômicos e humanos mais razoáveis. Algo semelhante imageacontece com alguns países como a Alemanha, principalmente em alguns das suas regiões específicas, onde os resultados obtidos no seu combate são mais expressivos do que outros países europeus como a Itália, a Espanha e a França.

Wuhan, na China, mantida isolada por muito tempo

Mesmo países avançados, como os Estados Unidos, estão dependendo da China, tanto para o fornecimento de equipamentos como respiradouros e material para diagnósticos rápidos como simples máscara para a proteção da população. Os grandes países não possuem capacidade para atender muitos suspeitos de contaminação num tempo curto e suas mortes têm sido, infelizmente, elevadas. Se experiências como a dos chineses permitiram, além do isolamento, reduzir os que necessitam ser atendidos adicionalmente, os problemas consequentes podem ser menores.

Os chineses estão mostrando que são capazes de produzir muito rapidamente em grandes quantidades os produtos que necessitam, bem como ajudando outros países exportando-os. A demanda mundial tem sido elevada e o Brasil ainda aguarda pelos seus fornecimentos que devem ocorrer nas próximas semanas. Mas também existem problemas de logística para trazê-los para o Brasil, quando os transportes mundiais ficaram prejudicados.

O Brasil teria possibilidade de produzir parte do que lhe é necessário, necessitando de alguns componentes, mas isto levaria tempo, talvez meses, quando muitos correrão riscos de morte com esta terrível moléstia. A China, sabidamente, tem capacidade para atender a demanda de alguns países, mas nem todos, principalmente em curto prazo. E esta é uma das razões por que sua experiência que conseguiu a redução destas demandas interessa a todos, inclusive para os brasileiros.

Já registramos neste site que o coronavírus apresenta algumas diferenças em muitos lugares, o que também exige um combate diferenciado, com adaptações. Mas as experiências positivas sempre apresentam possibilidades de adaptação mais fácil, evitando-se repetir também erros cometidos em outros lugares do mundo.

Alega-se que a China seja um país autoritário. Mas, na emergência atual, países que são considerados tradicionalmente democráticos também acabam reduzindo a mobilidade de sua população e os que não ao aceitam, como o presidente brasileiro, consideram seus interesses individuais acima dos coletivos. Quaisquer que venham a ser as diferentes políticas adotadas pelos muitos países, o que parece claro que no futuro, quando superado o pico desta atual crise, o mundo será diferente e os países asiáticos parecem mais propícios a conseguirem um razoável consenso, que sempre é muito fácil no Brasil, que, lamentavelmente, está profundamente dividido em diferentes grupos.

O que parece que acaba acontecendo é que, quando se adota uma política mal definida ou exageradamente flexível, os custos em vidas humanas acabam sendo mais elevados, não havendo garantia que do ponto de vista econômico seja mais eficiente.


6 Comentários para “Editorial do Jornal Japonês Mainichi Shimbun”

  1. Eduarda Viana
    1  escreveu às 08:26 em 12 de abril de 2020:

    O Ásia Comentada é um excelente blog!

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 08:30 em 12 de abril de 2020:

    Cara Eduarda Viana,
    Obrigado pelo comentário. Vamos continuar a nos esforçando para poder atender a sua expectativa.

    Paulo Yokota

  3. Nélson Lima Pires
    3  escreveu às 09:26 em 13 de abril de 2020:

    Após a pandemia da Covid-19, o Dr. Paulo Yokota deveria ser o novo ministro da Economia do nosso país. Não confio no Paulo Guedes.

    Amo o seu blog Ásia Comentada.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 12:30 em 13 de abril de 2020:

    Caro Nélson Lima Pires,

    Obrigado pelo comentário, mas não tenho nenhuma pretensão parecida, até pela idade. No entanto, o que parece importante é ter a consciência da importância da gestão e do conhecimento da realidade brasileira nas favelas e seus fundões. Existem muitos analfabetos no Brasil e muitos que só entendem o que as autoridades desejam se contarem com um interprete que conheça a sua dura realidade, pois os governantes pouco pensam nos benefícios, sendo mais policiais ou protetores dos privilegiados. Muitos no meio rural falam outros idiomas como chamar a criança de “pia”, por mero exemplo.

    Paulo Yokota

  5. Gediel Fontana
    5  escreveu às 12:16 em 13 de abril de 2020:

    O mundo irá superar essa pandemia! Parabéns pelo blog!

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 12:32 em 13 de abril de 2020:

    Caro Gediel Fontana,

    Certamente os problemas serão superados, com custos elevados e com bastante tempo, afetando mais os menos privilegiados.

    Paulo Yokota


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