Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Leste Asiático Diferenciando no Combate ao Covid 19

26 de julho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: , , , , ,

Kishore Mahbubani, da Universidade Nacional de Cingapura, escreve com regularidade para o Project Syndicate e tem uma longa experiência em organismos internacionais, como as Nações Unidas. No seu artigo recente, discute porque os países do Leste Asiático conseguem resultados bem superiores aos do Ocidente no combate ao corunavírus. Enquanto estão com clip_image002mortes abaixo de dez por milhão de habitantes, os ocidentais, incluindo os Estados Unidos, estão nas casas de muitas centenas.

Ilustração constante do artigo publicado no site do Project Syndicate, que vale a pena ser lido na sua íntegra

O artigo de Kishore Mahbubani informa que os países do Leste Asiático estão com mortes abaixo de dez por milhão de habitantes, com o Japão com 7,8 por milhão de habitantes, Coreia do Sul com 5,8, Cingapura com 4,6, China com 3,2 e Vietnã com zero, enquanto grande parte dos do Ocidente estão na casa de muitas centenas, Bélgica com 846, Reino Unido com 669, Espanha com 608, Itália com 580 e Estados Unidos com 429, dados até 22 de julho.

Segundo ele, estas diferenças são complicadas de ser explicadas, mas três possíveis se destacariam. Estes países asiáticos não chegaram ao fim da história, como escreveu Francis Furukawa, havendo espaço para chegarem à apoteose da possibilidade humana. Estes países investem há muito tempo no fortalecimento das instituições governamentais em vez de enfraquecê-las. A ascensão da China está oferecendo aos seus vizinhos oportunidades e desafios, segundo o autor.

Para Mahbubani, é sempre perigoso simplificar as questões. Mas ele entende que os europeus tendem a acreditar na previdência social, patrocinada pelo Estado, enquanto os asiáticos acreditam que a vida é composta de lutas e sacrifícios. Na França, Emmanuel Macron está procurando rever os benefícios da previdência social e enfrenta os protestos populares. Na Coreia do Sul, na crise de 1997-98, as senhoras doaram suas joias, como já aconteceu no Brasil pouco antes de 1964. Quando eu estava no Banco Central não consegui organizar a montanha de joias que estavam no seu cofre.

Os países asiáticos sabem que se saíram bem nas crises anteriores, mas a constante adaptação e ajuste são desafios das rápidas mudanças que continuam ocorrendo, havendo necessidade de grandes investimentos nas instituições públicas para ajudar no cumprimento de suas novas obrigações.

Nos Estados Unidos, o ex-presidente Ronald Reagan entendia que o governo não era a solução para os problemas, mas sim o problema. Enfraqueceram as instituições governamentais que não são capazes de resolver os atuais desafios. No Vietnã, os gastos com os investimentos para a saúde pública vieram aumentando 9% ao ano, para resolver os problemas que vão surgindo. Depois de 45 anos de conflitos, passou a imitar a China abrindo-se para o comércio internacional, reduzindo sua pobreza, que era de 50% da população para 3%. Hoje, o Vietnã participa de dois grupamentos para a expansão de suas atividades externas, com disciplina e vigilância.

Cingapura também luta para sobreviver, respondendo na atual pandemia melhor que na maioria dos países ocidentais. Se os países do Leste Asiático se recuperarem rapidamente, eles poderão oferecer um vislumbre de esperança a um mundo que atualmente se afoga no pessimismo.

Ao Brasil parece indispensável aprender um pouco com os países que estão conseguindo bons resultados, sem imaginar que podem fazer algo original, quando não se conta com uma população pensando no futuro do país, em vez das vantagens pessoais ou dos pequenos grupos que os apoiam politicamente. Há muito que se fazer, com muito trabalho, sofrimento e persistência, tendo uma estratégia clara do plano para se alcançar bons resultados.



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