Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Diversidade do que se Possa Fazer

3 de agosto de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Todos os analistas e autoridades ficam imaginando o que seria possível fazer para enfrentar a atual crise mundial que pode ter sido desencadeado a partir do setor de saúde, mas se estende pela política e a economia, dentro da aspiração geral de atender aos mais frágeis prioritariamente, aqueles que estão mais sujeitos aos seus efeitos deletérios. Mas, como as diferenças culturais entre os muitos países são acentuadas, parece difícil chegar-se a um razoável consenso do que seria mais recomendável, mesmo com as inovações criativas possíveis, parecendo mais seguro restringir-se inicialmente ao que já está funcionando ao longo do tempo.

Em muitos países, infelizmente, predominam no momento o caos, com as autoridades procurando adotar uma política popular e imediatista, visando a sua continuidade no poder. As medidas duras e realistas ficam somente em alguns discursos, sem que cheguem a ser implementadas, mesmo que elas tenham condições de gerar resultados mais seguros para o futuro. No Brasil, as autoridades pouco preparadas para situações difíceis tendem a optar por soluções emotivas, que aparentam não poderem ser suportadas pela dura realidade, mas são alimentadas por publicidades que abusam do uso das redes sociais, que utilizam até mecanismos duvidosos de seus financiamentos.

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Uma favela em São Paulo, uma das dificuldades difíceis de serem resolvidas

Ninguém imaginava que a crise sanitária decorrente do coronavírus fosse tão profunda e rápida na sua disseminação. Muitas populações não suportam meses de isolamento, único mecanismo que vem funcionando de forma eficaz, até que as vacinas que estão sendo pesquisadas tenham uma produção em escala, com mecanismos de sua aplicação em massa nas populações. As suspensões dos isolamentos, admitidas pelas autoridades ou rompidos pela população, que não suportam longos períodos sem atividades sociais, vem mostrando que logo aumentam as contaminações e mortes. Mas, quando elas são aceitas pelas populações, os seus custos econômicos se elevam, com a redução das compras que poderiam ativar as economias, diante das tendências recessivas que continuam aumentando.

Os orçamentos públicos da maioria dos países acabam elevando as necessidades de acréscimos dos impostos, pois os aumentos constantes das dívidas públicas não são suportáveis por longos períodos, notadamente nos países emergentes, cujas necessidades de investimentos em várias áreas ainda são elevadas. Cogita-se de reformas tributárias para fazer frente a estas restrições, mas poucos países contam com equipes de tributaristas próprias ou do exterior capazes de equacionar simultânea e adequadamente os complexos problemas envolvidos. No Brasil, por exemplo, muitos imaginam que se trata de problemas econômicos e políticos, não conseguindo distinguir as diferenças existentes nestas questões.

Quando da última reforma tributária, muitos tributaristas brasileiros, com a assistência de consagrados estrangeiros, substituíram, basicamente, o imposto sobre vendas pelo ICM – Imposto sobre Circulação de Mercadorias sobre o valor adicionado, que era considerado mais atualizado. Mas não perceberam que não funcionam nas Federações, funcionando como barreiras alfandegárias, exigindo uma adaptação com a criação do CONFAZ que decidia por unanimidade dos secretários da Fazenda dos Estados, ainda no regime autoritário. Poucos entendem destes assuntos, imaginando que a simples vontade das autoridades ou dos eleitores pode resultar em algo racional, o que pode ser colocado em dúvida de natureza técnica.

Estas questões aparentam-se com as da medicina que exige pesquisas científicas, que, se não forem consideradas, podem gerar mais problemas, infelizmente.



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