Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Chinesa Tenta Construir Uma Ponte Entre China e Ocidente

13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , ,

img-17 Lijia Zhang, uma jornalista chinesa que era operária na China e formou-se na Inglaterra, onde se refugiou depois de participar dos eventos de 1989 que marcaram os protestos estudantis naquele país, escreveu o livro “A Garota da Fábrica de Mísseis – Memória de uma Operária da Nova China”, tradução de Roberto Grey, Reler Editora, que foi objeto de um artigo da Izabela Moi no Ilustríssima da Folha de S.Paulo.

Segundo este artigo, ela pretende servir de ponte entre a China e o Ocidente, pois entende, como este site, que existem informações distorcidas de ambas as partes, havendo necessidade de um melhor entendimento recíproco, mesmo sem uma concordância com as posições adotadas de cada lado. Ela não se considera uma dissidente oficial, como o Liu Xiaobo, mas seu livro foi escrito em inglês, pois até a resenha que saiu no New York Times acabou sendo censurado na China.

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À Espera do Tempo: Filmando com Kurosawa

1 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , | 1 Comentário »

Livro de Teruyo Nogami, Cosacnaify, 2010, Mostra Internacional de Cinema, São Paulo, tradução de Diogo Kaupatez da versão em inglês, original em japonês publicado em 2001 pela Bungei Shunju

livro Esta primorosa edição, lançada recentemente no Instituto Tomie Ohtake na presença pessoal desta autora de mais de 80 anos, vem com a contracapa com duas indicações de peso, uma de Martin Scorsese e outra de Francis Ford Coppola, recomendando sua leitura. Ela é considerada obrigatória para entender o trabalho de Akira Kurosawa, com quem Teruya Nogami trabalhou cerca de 50 anos.

Teruya Nogami não aparenta a idade que tem, e um dia depois de sua chegada do longínquo Japão estava na inauguração da exposição dos storyboards de Akira Kurosawa em São Paulo, saudando os presentes com uma voz vigorosa, conversando com muitos convidados de forma muito simpática, com toda a modéstia de uma verdadeira japonesa de refinada formação. Só aturar Akira Kurosawa, um reconhecido cineasta de temperamento difícil, por mais de 50 anos já é uma proeza, e ainda mais por ser a única que conta com grande reconhecimento explícito daquele mestre.

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A Rota do Chá e do Cavalo II

22 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , ,

Colhidas de árvores nativas centenárias desde antes da era Cristã, a colossal demanda por folhas da Camellia sinensis provocou seu cultivo em larga escala nas regiões subtropicais amenas do sudoeste chinês. A colheita pode durar de 6 a 8 meses após as chuvas de monções, e é feita com triagem rigorosa das folhas por delicadas mãos femininas, a fim de preservar as plantas e a qualidade das folhas. Chineses sempre beberam infusões de chá verde fresco, mas para facilitar o transporte e a conservação, adotou-se o processamento de fermentação das folhas por secagem natural; quando adquiriam cor acobreada, interrompia-se a decomposição natural por calor – em forno, ou a vapor. O produto era então comprimido em bolos, ou em formas de discos, ou tijolos. As folhas assim processadas continuavam a fermentar, mesmo depois de acondicionadas e transportadas no dorso de mulas e cavalos em longas viagens, que duravam meses. O popular chá pu’er é processado até hoje dessa maneira.

Chama Dao, Rota do Chá e do Cavalo, era o caminho através do qual se comerciavam cavalos de guerra tibetanos, peles, tapeçarias etc., por chá, sal, açúcar, vindos do sudoeste chinês. Tornou-se via crucial de comunicação e comércio entre as culturas das atuais Yunnan e Sichuan, e Lhasa, no Tibete. Atingia até Pérsia e Mongólia, através de Butão, Nepal, Índia. Postos fiscais por onde passavam caravanas deram origem a vilas, povoados, e cidades. Pontilhados de templos, estátuas e locais de oração, todo o trajeto se impregnava de uma aura de religiosidade e fé das mais diversas seitas budistas, de etnias como han, dai, uighur, naxi, bai, hui. Esta rota atravessava o “teto do mundo” por mais de 4.000 quilômetros de trilhas tortuosas, vinte cadeias de montanhas – com picos de mais de 6.000 metros, dois planaltos desérticos, canyons e gargantas profundas, poderosos rios de montanhas – Jinsha/Yangtsé, Lancang/Mekong, Nujian/Salween, e seus afluentes não menos avassaladores.

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O Máximo da Experiência de um Jantar no Japão

19 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , ,

kitcho A indiscutível qualidade da culinária kaiseki, que evoluiu das cerimônias de chá da antiga capital japonesa Quioto, tinha como referência a cadeia de estabelecimentos do grupo Kitcho. Há alguns anos, um dos locais administrados pelos familiares dos proprietários passou por um escândalo que abalou o seu prestígio. Alguns dos seus produtos comercializados fora dos restaurantes estavam com a validade vencida.

Agora, talvez até para superar a crise que os afetou, o chef Kunio Tokuoka, da terceira geração da família, editou o livro traduzido para o inglês pela tradicional editora Kodansha International, com o título “Kitcho: Japan’s Ultimate Dining Experience”, que mereceu um comentário de Jonathan Hayes no The New York Times.

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“Japanese Americans” – Filme Americano Sobre Imigrantes

13 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , | 2 Comentários »

Notícia publicada no semanário The North American Post, de Seattle, WA., informa que está sendo finalizado o filme sobre imigrantes japoneses nos Estados Unidos. Foi filmado em locação na Costa Oeste americana (Seattle, Los Angeles, Manzanar), e no Japão (Hiroshima, Okinawa), e é um seriado especial comemorativo do 60º aniversário da TBSTokyo Broadcasting System. É a dramática história da luta de um homem que tenta preservar a pequena propriedade construída com muito suor, enquanto, juntamente com sua família dividida, é enviado para um campo de prisioneiros de guerra. Relato de um tempo obscuro da história americana quando imigrantes japoneses e descendentes americanos foram encarcerados por causa do temor paranoico de que pudessem vir a colaborar com o beligerante governo militar japonês na II Guerra.

O ator japonês Tsuyoshi Kusanagui faz duplo papel: o do imigrante Chokichi Hiramatsu, que vai para os EUA em 1910 como trabalhador agrícola, e, na continuação a partir de 1940, representa também o papel do filho, Ichiro, quando toda a família é aprisionada em campo de concentração. Alistado no exército americano, ele é enviado para o front europeu. Suas duas irmãs são expatriadas, e sofrem também as piores consequências da guerra.

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Os atores Tsuyoshi Kusanagui e Pinko Izumi e a roteirista Sugako Hashida

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Gengis Khan e a Formação do Mundo Moderno, de Jack Weatherford, tradução de Jorge Ritter, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2010.

13 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , ,

gengis O autor deste livro, Jack Weatherford, é especialista em povos tribais, ocupa a cadeira de Antropologia, em Macaleste College, em St. Paul, Minnesota, USA. É Ph.D. pela Universidade da California, Doutor Honorário da Chinggis Khan College, Mongólia. Domina o idioma mongol moderno e junto com uma equipe de acadêmicos mongóis pesquisou por muitos anos, in loco, a vida de Gengis Khan e suas conquistas, que formou um Império que ia da Europa até a China, passando pela Pérsia e a Índia, em 1206.

Este foi um livro publicado em inglês em 2004 e agora é colocado à disposição dos leitores em português. Ele merece uma leitura cuidadosa, pois reformula completamente a imagem de um povo bárbaro e sanguinário que com suas hordas conquistou o mais amplo Império, maior que o dos romanos. Segundo o autor, Gengis Khan destruiu o sistema feudal de privilégios aristocrático e linhagem, provocou as condições para a Renascença, construiu um sistema baseado no mérito individual, na lealdade e competência. Organizou a maior zona de livre comércio da história. Baixou os impostos e aboliu-os para médicos, professores, igrejas e instituições educacionais, instituiu o censo regular e o primeiro sistema postal. Submeteu as autoridades à lei, tanto quanto a um pastor, concedeu liberdade religiosa em todo o Império e propiciou imunidade diplomática aos emissários de nações hostis ao seu.

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Akira Kurosawa no Brasil

9 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , ,

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Um sonho longamente acalentado está prestes a realizar-se. A partir de 22 de outubro próximo, no Instituto Tomie Ohtake, pinturas de cena, storyboard, de Akira Kurosawa estarão expostas. Projeto que Ricardo Ohtake, junto com outros colaboradores, planejou há anos, com negociações difíceis, será concretizado em São Paulo, Brasil, em coordenação com a Mostra Internacional de Cinema, que exibirá uma cópia restaurada de Rashomon, que tornou Akira Kurosawa conhecido fora do Japão.

A Folha de S.Paulo, Ilustrada, traz hoje um artigo de Ana Paula Souza sobre o assunto, completado pelo trabalho da reportagem local. Existe um museu em Tóquio onde se encontra esta coleção, junto com outras peças que lembram os trabalhos de Akira Kurosawa, este cineasta exigente, que além de desenhar o storyboard esboçava todos os figurinos que seriam utilizados nos seus memoráveis filmes. Castelos verdadeiros foram construídos para serem queimados durante a filmagem, cujas maquetes foram preservadas, como muitas coisas utilizadas na produção destas obras.

Toshiro Mifune e Machico Kyo, em Rashomon Pintura de cena de Ran Pintura de cena de Kagemusha

Como estes materiais exigem muito cuidado para o seu transporte, é preciso contar com patrocinadores de peso, o que não se consegue no Japão. Muitos filmes de Akira Kurosawa tiveram que contar com investidores estrangeiros, como Martin Scorsese e outros cineastas que reconheciam a genialidade do cineasta japonês, que nem sempre foi prestigiado no seu próprio país.

A exposição deve contar com a presença da Teruyo Nogami, produtora de muitos filmes do mestre japonês, e autora do livro “A espera do tempo”, que retrata o seu longo relacionamento profissional com o diretor. Kurosawa, com seu gênio difícil, ouvia poucos, entre eles a colaboradora Teruyo Nogami, que reconheceu explicitamente.

As duas páginas da Folha de S.Paulo, ainda que bem elaboradas e ilustrativas, dão uma pálida ideia do que foi deixado pelo grande mestre japonês do cinema, que começou a sua carreira como pintor. São notícias estimulantes que devem atrair um grande público para a exposição.

Akira Kurosawa é reconhecido no exterior como um dos ícones da cultura japonesa, mas nem sempre contou com o suporte necessário no Japão, o que continua acontecendo com as agências governamentais daquele país, que pouco se empenham no patrocínio de sua divulgação.


Estudos Adicionais Sobre o Comando na China

27 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , ,

Richard_McGregor Muitos livros e estudos continuam sendo publicados sobre a liderança na administração da China, pois todos se mostram impressionados com os resultados que vêm sendo obtidos por aquele país. Mas muitos admitem que lá vigora um sistema autoritário, com o qual não concordam e criticam. A correspondente da Folha de S.Paulo, Cláudia Trevisan, dá noticia de um livro “The Party – The Secret World of China’s Communist Rulers”, escrito por Richard Mc Gregor, jornalista do Financial Times, editado pela Penguim Books, e que foi entrevistado por ela.

Segundo o autor, o Partido Comunista Chinês deixou de controlar a vida privada de cada chinês, mas detém o controle do Exército, da propaganda e de todos os postos de comando do país, inclusive das estatais. E os chineses estão comprando tudo pelo mundo, inclusive no Brasil, opinião que é partilhado por muitos outros estudiosos.

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“Guenji Monogatari”, por Akihiko Niimi

9 de setembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , ,

Genji Monogatari – Contos de Genji, escrito por volta do ano 1000, é considerado o romance mais antigo do mundo. Conta os amores do belo e sedutor príncipe Hikaru Genji e, depois da sua morte, a busca afetiva de outro príncipe, Kaoru, que Genji pensava ser seu filho. São 54 capítulos com profusão de personagens que fascinam e intrigam. Códigos de ética e estética se norteiam por preceitos como mono-no-aware, mujôkan – que falam da apreciação patética da fugacidade e da ilusão efêmera das coisas, como beleza ou prazeres físicos da vida. O escritor Yasunari Kawabata o considerava “o ápice da literatura japonesa”.

Devido à dificuldade de sua compreensão, escrito em linguagem da corte de séculos atrás, fizeram-se adaptações, edições comentadas, e mesmo traduções completas para o japonês moderno, como a feita pelo escritor Jun-ichiro Tanizaki (1941). Há inúmeras traduções e adaptações nas mais diversas línguas. A história tem sido muito ilustrada por diferentes meios, e São Paulo acaba de ter a rica oportunidade de conferir, através de palestra, ilustrada com projeção de pinturas, desenhos e mangás, do professor Akihiko Niimi, de Literatura Clássica da Notre Dame Seishin University, da província de Okayama. Com ênfase na obra de Murasaki Shikibu, e doutor em Literatura pela Universidade de Waseda, o professor Niimi está no Brasil a convite da Universidade de São Paulo e sob os auspícios da Fundação Japão-SP.

Ilustração do cap. 20, atribuída a Tosa Mitsuoki (1617-1691)

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“Fordlândia”, de Greg Grandin, Rio de Janeiro, Rocco, 2010

6 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , | 6 Comentários »

Fordlândia Um interessante e documentado livro foi publicado por Greg Grandin, um professor de história da Universidade de Nova Iorque, em 2009, e foi traduzido para o português por Nivaldo Montingelli Jr. para a Editora Rocco, que o lançou no Rio de Janeiro neste ano. Tem o subtítulo de “Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva”.

O gigantesco fracasso de um projeto de um milhão de hectares, próximo a Santarém no Estado do Pará, que consumiu muitos milhões de dólares, era uma utopia daquele grande entrepreneur para criar uma nova sociedade na Amazônia, corrigindo os defeitos da que se consolidava nos Estados Unidos. A maior floresta tropical do mundo continua atraindo aventureiros que não foram dissuadidos pelas suas dificuldades, como se repetiu mais recentemente em Jari por Daniel K. Ludwig, outro grande empresário.

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