Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tesouros Chineses da Dinastia Tang (618-907)

5 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , ,

Todo o mundo concorda que os tesouros da Dinastia Tang (618-907) estão entre os mais importantes produzidos pela humanidade. O China Daily noticia que 300 objetos da mais alta qualidade encontrados recentemente nas escavações da vila de Hejiacun, próxima de Xian, antiga capital da China, estão expostos no Shannxi Historic Museum. É sabido que o monumental exército de terracota se encontra nesta região.

Mesmo os mais treinados apreciadores destes objetos ficam encantados diante da pequena amostra das fotos apresentadas pela China Daily, despertando o natural desejo de verificá-los in loco. Mais da metade destes produtos são apresentados pela primeira vez ao público, segundo o jornal.

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Braceletes dourados de jade

Em outubro de 1970 duas urnas de cerâmica e uma chaleira foram encontradas nas escavações para a construção da infraestrutura da vila de Hejiacun. Há mais de mil peças de prata, ouro, jade e cobre, como preciosos medicamentos no conjunto. A Dinastia Tang foi das mais ricas, e os objetos encontrados são as joias da coroa, destacando-se com os que são possíveis de serem encontrados nos mais importantes museus do mundo.

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Taça octogonal de prata decorado com ouro com motivos de músicos

A área de exposição foi dividida em três unidades de acordo com os materiais e utilidades das peças apresentadas. O primeiro de jade, a segunda de prata e ouro, e o terceiro de itens de moedas de ouro, prata e cobre, retratando períodos da Dinastia Tang.

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Peça de ágata com cabeça de animal

Esta peça é uma escultura em jade, apresentada em cor natural, considerada a mais preciosa da coleção, talvez da China, com um desenho gracioso e encantador, que lembra a possibilidade de uma influência do Ocidente, talvez dos gregos. Os especialistas discutem sobre a sua origem, admitindo-se a possibilidade de um intercâmbio com os países ocidentais.

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Uma chaleira de prata decorada em ouro com motivos de papagaios

Esta curiosa peça é decorada com flores e papagaios, havendo uma inscrição em chinês mostrando que era utilizada para estocar medicamentos. Quando encontrada em 1970, estava meio cheia, com folhas de ouro flutuando na água.

O conjunto dá uma mostra da importância do acervo cultural da China no mundo, com destaque para o período da Dinastia Tang.

Destaque-se o crédito total destas informações como das fotos apresentadas para o China Daily, este importante veículo que vem contribuindo para melhor conhecimento daquele país pelos ocidentais.


Obras-Primas da Literatura Japonesa

2 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , | 4 Comentários »

 

images O livro “Kappa e o Levante imaginário”, de Ryonosuke Akutagawa, foi publicado em 2010 na versão em português, pela Editora Estação Liberdade, São Paulo, com uma excepcionalmente feliz tradução e prefácio do Shintaro Hayashi, um colega meu de infância. Ele é de uma família fortemente ligada ao que existe de melhor na literatura japonesa, pois sua mãe é irmã de um consagrado autor. E sua irmã Leiko Gotoda (Hayashi quando solteira) foi que traduziu para o português o épico “Musashi”, de Eiji Yoshikawa, maior sucesso editorial da literatura japonesa no Brasil. Não entendo porque eles não são mais aproveitados pelos seus conhecimentos culturais pelas entidades que deveriam estar voltadas à divulgação da literatura japonesa entre nós.

Ouvi, pela primeira vez, do Dr. Tadao Sonoda, que o filme “Rashomon”, de Akira Kurosawa estava baseado em dois contos de Ryunosuke Akutagawa. Um como o mesmo nome “Rashomon” e outro “No Matagal”, ambos constante desta preciosa publicação. O Prefácio de Shintaro Hayashi explica, com competência, tudo que precisamos saber sobre o autor e seus trabalhos.

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O Drama do Desenvolvimento da Índia

2 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , | 11 Comentários »

Todo o processo de desenvolvimento é doloroso, havendo acadêmicos que o descrevem como um lamentável processo de destruição criativa. Akash Kapur é certamente um sensível jornalista com a melhor formação em Oxford, que se lembra de sua infância na Índia, sobre a qual veio escrevendo com regularidade no prestigioso International Herald Tribune sobre as mudanças que lá se processam. Ele toma emprestada a expressão usada por Joan Robinson de Cambridge, “qualquer coisa que você disser corretamente sobre a Índia, o oposto também é verdadeiro” (Whatever you can rightly say about India, the opposite is also true).

Seu artigo de despedida de sua coluna escrita da Índia saiu no The New York Times. Reflete muito bem toda a contradição que é o processo de desenvolvimento por que passa aquele país. Ele entende que seus artigos foram ambíguos. Desde o primeiro que escreveu sobre o idílico meio rural em que foi criado, que não mais existe.

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Haruki Murakami Ensina Como Superar Pressões

1 de fevereiro de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , , | 1 Comentário »

Decidida a conferir por que livros de Haruki Murakami se tornam blockbuster instantâneo entre jovens, comecei com aquele cujo título me atraía e atingia 20 milhões de exemplares no Japão: Norwegian Wood, 1987 (Portugal: Civilização Edit. – 2004), da canção-título dos meus eternos ídolos. Na canção de 1965, que faz o protagonista do livro se lembrar de ex-amada, Norwegian wood é madeira de pinho boa para mobília e para lenha de lareira; Lennon nos transmite sensação de aconchego: “so I lit a fire; isn’t it good, Norwegian wood?” Detalhe: o título original do livro é “Norway-no-Mori”, Norwegian woods. Não vá botar fogo nos bosques da Noruega, Lennon.

No enredo, que recorda ritual de passagem pós-adolescência em Tóquio-1969, sobressai sequência das histórias de cada personagem. São todos solitários, perdidos entre experiências sexuais, estudos tediosos, e vazio saturado de tristeza por amores não correspondidos: Toru que ama Naoko, que ama Kizuki, que se suicida. Midori que ama Toru, que ama Naoko, que se suicida. Preparada para ser virtuose do piano desde os quatro anos de idade, e muitas tentativas de suicídio, Reiko é como irmã para Naoko, Naoko cuja cintilante irmã – superestudante, superatleta, com paredes do seu quarto cobertas de medalhas e certificados de excelência – havia se suicidado. Hatsumi namora Nagasawa, amigo de Toru e brilhante aluno da Todai, que a humilha, maltrata e a abandona. Hatsumi se mata. Suicídio é uma fuga fácil demais para os problemas, um gesto fácil demais para ser imitado por almas fragilizadas. (Em 1970 o escritor Yukio Mishima cometia espetacular suicídio-seppuku, abalando a juventude japonesa).

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Preocupação Com os Idosos na Ásia

31 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , | 3 Comentários »

Muitos entendiam que os ensinamentos de Confúcio seriam fortes suficientes para que os países asiáticos tivessem menores problemas de abandono dos idosos que ele recomendou que fossem respeitados. No entanto, o que está se verificando é que sem o Estado preparado para assisti-los convenientemente, os conceitos das famílias estão sofrendo alterações com a urbanização não sendo suficientes para manterem os contatos dos descendentes com seus idosos. Muitos estão se sentindo abandonados, aumentando o índice de suicídios entre eles.

No The New York Times, a jornalista Sharon LaFraniere publica um artigo informando que um ministro chinês está propondo que os trabalhados dos centros urbanos sejam obrigados a visitar seus genitores no meio rural por ocasião do Ano Novo Lunar. Este é um problema que vem sendo detectado no Japão, onde os longos feriados seguidos estão sendo utilizados pelos jovens para excursões no exterior em vez de visitas aos seus familiares que permaneceram em suas terras natais.

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Se Existe Uma Música Universal…

17 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: ,

O grupo musical brasileiro Mawaca completou 15 anos de existência com uma excelente apresentação no SESC Pinheiros em São Paulo, com a coordenação e promoção de Jo Takahashi. Se existe uma música que pode ser considerada universal, a deste grupo é a que mais se aproxima dela, sendo de origem brasileira, ousada. Acompanhando a sua carreira por mais de uma década, nota-se o seu amadurecimento, cobrindo um repertório que pode ser considerado de influência mundial. Tem raízes profundas no Brasil, nas suas variadas etnias indigenistas e na herança musical da Europa e da África, mas foi buscar contribuições nas mais variadas partes do mundo, nas Américas, na Ásia, nos países que são considerados ainda exóticos. Nos povos que tem visitado, numa jornada de amizade, sempre utilizando a linguagem da música e da expressão corporal.

Numa parceria que já perdura há tempos com a Fundação Japão, incorporou aspectos incomuns como os shamisens, kotos e o taikos, tendo no seu repertório algumas músicas de fundo folclórico do Japão, coisa muito rara no Brasil. Numa recente temporada na China, onde o grupo se apresentou inúmeras vezes na Expo Xangai 2010, o grupo Mawaca absorveu também as contribuições da música chinesa. Já tinha influências hindus e, portanto, completou o que há de relevante na Ásia, acontecimento incomum entre músicos de qualquer parte do mundo.

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Ideias que Influenciam a Nova Índia

17 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Anand-Giridharadas Nunca é fácil identificar os pontos fundamentais que estão marcando as mudanças que ocorrem em importantes e complexos países como a Índia, que, além de contar com culturas diversificadas e milenares, tem mais de um bilhão de habitantes. Anand Giridharadas, colunista de importantes jornais norte-americanos e autor do livro “India Calling: An Intimate Portrait of a Nation’s Remarking”, publicado recentemente pelo Times Book, apresentou um artigo precioso no jornal New York Times que merece toda a nossa atenção. Ele está baseado em Cambridge, Massachusetts.

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Acirrado Debate Sobre Educação em Jornais Econômicos

17 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: | 2 Comentários »

Como educação dos filhos é um assunto que interessa a todos, e o artigo provocativo da Amy Chua, a que nos referimos neste site, acabou saindo não só no Wall Street Journal como no Nikkei, dois dos maiores jornais econômicos do mundo, nada mais natural que tenha provocado um debate mundial não só com os comentários dos seus qualificados leitores. Ayelet Waldman, autora do livro “Bad Mother”, publicou no mesmo Wall Street Journal o seu artigo “In Defense of the Guinty, Ambivalent, Preocupied Western Mom”, e o mesmo jornal publicou uma réplica de Amy Chua, “The Tiger Mother Talks Back”, respondendo aos seus muitos críticos.

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Ayelet Waldman, com seus três filhos

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Exigência na Educação dos Filhos

14 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , | 2 Comentários »

Um provocativo ensaio foi publicado no Wall Street Journal por Amy Chua, uma professora da Yale Law School e autora de diversos livros de prestígio, que faz parte do “Battle Hymn of the Tiger Mother”, que será publicada pela Penguin Press. O jornal levanta a questão se crianças criadas sem encontros de brincadeiras, sem TV, sem jogos de computador, com horas de prática de música podem ser felizes? E o que acontece quando elas brigam com os pais contra este regime.

Amy Chua é mãe de Sophia, que já tocou um concerto de piano no prestigioso Carnegie Hall em 2007, e da Louisa, que toca violino, e chegou aos Estados Unidos com seus pais logo que nasceu. Segundo ela, muitos gostariam de saber como os pais chineses conseguem estereotipados filhos considerados gênios matemáticos e prodígios musicais.

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Amy Chua: exigência de notas máximas

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Livros Sobre a Vida na China

11 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: , ,

A Editora Reler, do Rio de Janeiro, publicou em 2010 a versão em português do livro de Lijia Zhang “A garota da fábrica de mísseis – Memórias de uma operária da nova China”, originalmente publicada em inglês em 2008, pela Atlas & Co., com o título “Socialism is great!: a worker´s memoir of the new China”. A intenção expressa da autora é o mesmo deste site, aumentar o conhecimento no Ocidente sobre a verdadeira China. Acaba dando sequência a outros clássicos como “Wild Swans – Three Daugters of China”, de 1991, de Jung Chang, e “The Good Women of China”, de 2002, de Xinran, que também estão disponíveis em português. É um livro agradável que vale a pena ler.

Lijia Zhang trabalha hoje na China como jornalista freelancer, publicando em jornais internacionais de prestígio e escrevendo livros: “Como alguém que conhece profundamente uma cultura que permanece grandemente incompreendida em âmbito mundial, e que consegue se comunicar com as pessoas de fora, espero poder funcionar como uma ponte entre culturas”.

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