Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Consumo do Pastel Chinês

23 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: ,

O que se conhece popularmente no Brasil como pastel chinês (jiaozi em chinês, dumpling em inglês, guioza em japonês) é largamente consumido no solstício de inverno na China. Dizem que todas as mulheres de uma família se reuniam como num clã, por dias, preparando este pastel que é consumido no dia que começa o rigoroso inverno daquele país, que este ano caiu no dia 21 de dezembro. Todos consomem uma enormidade desta iguaria, e o China Daily mostra com muitas fotos como hoje são preparados, havendo até aqueles que são apresentados nas lojas na sua forma congelada.

Em todo o mundo este produto é de largo uso, mas ele se apresenta de forma adaptado, e é consumido das mais variadas formas, fritos, cozidos, em sopas, no vapor, mas sempre deliciosos. Com uma massa delicada, quem está preparando envolve habilmente um recheio que costuma conter um pouco de carne temperada. Certamente Marco Polo e os portugueses trouxeram-no para o Ocidente, fazendo novas adaptações.

Para ver as fotos clique neste endereço: Winter Solstice a time for dumplings

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Cores Outonais do Japão

21 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Este site tem insistido que o outono é considerado por muitos japoneses como a estação do ano que mais os comovem, pela riqueza de cores, refletindo o que consideram a paisagem que expressa a alma de sua cultura. Mas isto acontece também com os profissionais estrangeiros, como consta do The Japan Times, que fornece ótimas indicações para os trabalhos do freelancer que se denomina JapanDave in Okazaki, que pode ser acessado no seu site (http://JapanDave.com). Vale a pena.

Como um aperitivo, nestes tempos de festas, incluimos alguns dos seus trabalhos que constam do The Japan Times, para enriquecer as nossas vidas.

Para ver as fotos, acesse www.onlinenewspapers.com/, entre na Ásia, depois Japan, Japan Times e finalmente Autumn Colors in HDR. Você vai se maravilhar.


Devolução de Tesouros Históricos e Arqueológicos

16 de dezembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura, Depoimentos | Tags: , , , ,

Acordo firmado pelos governos do Japão e Coreia do Sul estabeleceu, para o fim deste ano, a devolução de objetos históricos coreanos levados para o Japão durante a dominação japonesa da península coreana. Entre os mais de 1.200 itens negociados, incluei-se conjunto de arquivos do protocolo real da Dinastia Joseon (1392-1910). Igualmente, após disputa de décadas, o Peabody Museum of Natural History da University of Yale, New Haven, vai devolver ao Peru, a partir do início de 2011, cerca de 4.000 objetos extraídos das ruínas de Machu Picchu. A coleção inclui peças de cerâmica, têxteis e ossos levados pelo estudioso Hiram Bingham III, entre 1911 e 1915, patrocinado pela Fundação Peabody-Yale.

São notícias alvissareiras, aquietam corações daqueles que, visitando ricos museus mundo afora, se questionam até onde iria a legalidade da possessão de milhares de objetos arqueológicos supostamente levados para “pesquisa” e nunca devolvidos. Monumentais peças pré-colombianas e incaicas estão em alguns dos mais conceituados museus ligados ou não a prestigiosas instituições universitárias americanas. Múmias, totens, esculturas de pedra, máscaras e potes de cerâmica, objetos de jade, prata, ouro e tecido de civilizações asteca, maia, inca, mochica etc., fazem qualquer pessoa imaginar que nada deve ter restado das ruínas desses povos nas Américas Central e do Sul. Belíssimas peças da mais fina arte pré-colombiana em puro ouro maciço lembram que o El Dorado existiu, sim.

Os detentores dessas coleções alegam, não sem razão, que não tivessem esses tesouros sido levados, catalogados e preservados devidamente em locais seguros e adequados, hoje estariam todos vandalizados, derretidos, sumidos e que, da maneira como estão conservados, mais pessoas poderão apreciá-los. Os países de origem, por sua vez, contestam: acusam o imperialismo de governos e instituições patrocinadoras de terem feito saques e pilhagens em indefesos países coloniais. Por exemplo, instalando-se de mala e cuia junto às ruínas maias de Chichen Itza, Yucatán, México, o suposto arqueólogo Edward Thompson levou equipe a escavar sítios sem o devido rigor científico, nos anos 1890. Negociações levaram o governo mexicano a reaver alguns dos objetos levados ao Museu de Etnologia Peabody-Harvard, e Thompson se safou das acusações de pilhagem e venda. No Peru, além de Machu Picchu, das maltratadas ruínas pré-colombianas da costa norte do país também saíram preciosos objetos de ouro e pedras preciosas. Na verdade, a pilhagem vem de longos séculos: diz-se que o ouro levado à Espanha por conquistadores das Américas causou tamanho desequilíbrio monetário que chegou a desestabilizar a economia europeia na época. Na França, até hoje a expressão “ce n’est pas un Pérou” indica situação de muita riqueza, como em “a herança recebida não é nenhum Peru, mas dá pro gasto”.

Pilhagens e saques sempre foram demonstrações de força e poder ao longo da história. O maior deles talvez tenha acontecido quando Rússia e Inglaterra disputavam o Grande Jogo de influência na Ásia Central, nos fins do século XIX: segundo constatou o historiador Joseph Needham em 1943, Aurel Stein, explorador a serviço de sua majestade em 1907, levou algo como 24 vagões cheios de papéis e objetos antigos de uma das cavernas de Mogao, a 25 km de Dunhuang, norte da China. Needham o classifica como um dos mais ricos achados da história da arqueologia: objetos e documentos guardados durante séculos por monges, copistas e peregrinos budistas, só descobertos, então, 900 anos depois (Simon Winchester, “O Homem que Amava a China”, páginas 176-187). Espalhados por museus da Europa e Ásia (British Library, British Museum, Srinagar Museum, National Museum de Nova Delhi, Índia, e afins), ficaram longo tempo esquecidos em seus porões. No Reino Unido, hoje estão sendo cuidadosamente catalogados e digitalizados. Através de senha, internautas vão poder visualizá-los, quiçá copiá-los, inclusive a mais rica descoberta de Stein, o Sutra do Diamante: são rolos de pergaminho com transcrição de sutras budistas considerados o mais antigo documento impresso da história da humanidade. Em “Tung huang (Tonkô, 1959), o escritor Yasushi Inoue tece uma apaixonante história sobre como, quando e porque muita seda e bateladas de sutras, documentos, pinturas, esculturas e relíquias búdicas foram zelosamente guardados nessas cavernas de Mogao, próximas de onde partiam caravanas pela Rota da Seda. Há dez séculos.


Brasileiro que Mora no Japão, Saudades no Natal

14 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , , | 2 Comentários »

A título de uma crônica e solidariedade. Aos brasileiros nascidos num país tropical, abençoado por Deus. Nos tempos de inverno, eles sentem mais saudades do Brasil. A falta dos seus entes queridos. Quando estão sob invernos rigorosos suas lembranças se voltam aos dias felizes. Nem eram tão conscientes.

images arvores neve

Quando amanhece somente pelo meio da manhã, começa escurecer no fim da tarde, na alma uma nostalgia das bênçãos dos trópicos. Muitos habituados em regiões frias sentem a falta de um bom inverno com neves. Mas não é a mesma saudade intensa das alegrias humanas, agravada pelo frio. Um quê de solidão, a falta de uma parte de nós mesmo.

Coisa mais estranha, o Natal no Japão. Um dia normal como outros, com um pouco de enfeites nas lojas, um ar comercial. Talvez um jantar reunindo amigos, mas sem o clima necessário. Falta a expectativa das vésperas, do corre-corre dos países de tradição cristã. Ainda que se tenha esquecido a verdadeira razão da data. Só resta a exploração comercial, as trocas de presentes. Agradecimentos pelos favores. Falta a espontaneidade.

Nada de preparar uma árvore de Natal, um presépio. Enfeites pela casa até com lembranças que não são tropicais. Com flocos de algodão imitando neves, com pinheiros não brasileiros. Mas faz parte da tradição.

Imaginar um Papai Noel com o seu trenó, com alguém fantasiado de vermelho. Um saco nas costas para alegrar as crianças, inocentes. Uma canção natalina, um calor de horas felizes com amigos. Até com alguns calores etílicos.

Jornada normal num escritório impessoal, nipônico. O Natal só começa quando o expediente acaba. Uma despedida com um Feliz Natal formal para os colegas. Sente-se um nó no coração, a falta de algo. Talvez um pequeno encontro com familiares.

Que saudades do Brasil. Suas limitações são nadas. Quisera sentir um abraço amigo, desinteressado. O calor dos trópicos, humano, espontâneo. Sem precisar se embebedar para se libertar dos formalismos, das armaduras.

Isto, mais humano, com alegria de viver. Mesmo pobres, sem orgulhos. Simples. Porque não abraçar, beijar nas faces. Não há malícia, mas amizade. Contato de pele com pele, inocente. Tudo terminal em carnaval, alegria saltitante. Outros preferem o aconchego de uma igreja. Uma pausa para meditar sobre a doação.

Somos humanos… Com nossas falhas…

Um sincero Feliz Natal a todos…


Chinesa Tenta Construir Uma Ponte Entre China e Ocidente

13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , ,

img-17 Lijia Zhang, uma jornalista chinesa que era operária na China e formou-se na Inglaterra, onde se refugiou depois de participar dos eventos de 1989 que marcaram os protestos estudantis naquele país, escreveu o livro “A Garota da Fábrica de Mísseis – Memória de uma Operária da Nova China”, tradução de Roberto Grey, Reler Editora, que foi objeto de um artigo da Izabela Moi no Ilustríssima da Folha de S.Paulo.

Segundo este artigo, ela pretende servir de ponte entre a China e o Ocidente, pois entende, como este site, que existem informações distorcidas de ambas as partes, havendo necessidade de um melhor entendimento recíproco, mesmo sem uma concordância com as posições adotadas de cada lado. Ela não se considera uma dissidente oficial, como o Liu Xiaobo, mas seu livro foi escrito em inglês, pois até a resenha que saiu no New York Times acabou sendo censurado na China.

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Monge Jianzhen de Volta à China 13 Séculos Depois

8 de dezembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura, Depoimentos | Tags: , , , | 2 Comentários »

Uma estátua do monge budista Jianzhen (Ganjin, no Japão), em madeira laqueada, foi recebida com festa e comoção em sua cidade natal, Yangzhou, vizinha a Nanjin, província de Jiangsu. Devotos do monge estão reverenciando, a distância, a peça protegida por vidro no Hall Jianzhen do antigo Templo Daming Si. A imagem esteve exposta também em museu de Xangai, onde atraiu 360 mil visitantes.

Tesouro Nacional do Japão, a estátua do século VIII pertence ao Templo Todaiji de Nara, e faz esta peregrinação à China como parte da comemoração dos 1.300 anos da fundação da cidade de Nara, cuja construção foi inspirada no plano da cidade de Chang’an (atual Xi’an), a capital chinesa de 11 dinastias que teve seu auge durante a Dinastia Tang (618-907). Inaugurada em 710, o Imperador Shomu (699-756) ali estabeleceu a capital do Período Nara (710-794). Por seu envolvimento com a civilização Tang, na época Nara foi incluída como ponto mais oriental da Rota da Seda.

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Por Que as Crianças Estudantes Chinesas São Boas?

8 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Muitos jovens que vão estudar no exterior, inclusive brasileiros, e encontram colegas provenientes da China ficam impressionados com as performances deles que se destacam nas mesmas classes de aula em cursos pós-graduados. É uma questão que intriga a muitos, e a OECD – Organização de Cooperação Econômica e Desenvolvimento, uma entidade internacional, costuma efetuar pesquisas sobre educação das crianças em diversos países. Os estereótipos são que elas são mais dedicadas e aprendem pela rotina a que são submetidos. Um artigo publicado no Financial Times indica que as causas podem ser mais complexas. Eles canalizam as habilidades e o entusiasmo dos estudantes com excepcionais resultados.

imagesCAP7ASBW Xangai, que representou a China no estudo, aparece em primeiro lugar na pesquisa denominada Pisa efetuada neste ano, mas três outras asiáticas aparecem entre as cinco primeiras: Coreia do Sul em segundo, Hong Kong em quarto e Cingapura em quinto. Nem todos os países asiáticos foram bem. Esta pesquisa foi aplicada com testes de largo espectro em adolescentes de 15 anos, versando sobre compreensão de literatura, matemática, leitura e ciências. Milhares de estudantes são testados em cada país.

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Músicos Brasileiros Internacionais

6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: , ,

É na música que se sente o impacto da idade de forma mais forte. Ouvir os sons de alguns jovens que encostam seus carros nos cruzamentos do tráfego de São Paulo chega a nos deixar confusos. Seus alto-falantes estão com os decibéis máximos, chegam a tremer os nossos veículos. Não há dúvidas que eles estarão mais surdos que Beethoven no final de suas vidas. Assisti à apresentação de um jovem brasileiro que está, ainda no início de sua carreira, fazendo sucesso no exterior. Sua banda tinha uma bateria tão barulhenta que desequilibrava o resto do conjunto, e saí desanimado do suplício, pensando estar deslocado neste mundo.

Mas hoje tive o privilégio de ter a alma lavada, pois assisti a um estupendo concerto de César Camargo Mariano, este atuante pianista, compositor e arranjador brasileiro e internacional, que depois de uma longa temporada no exterior apresentou-se em São Paulo. Em alguns números, foi acompanhado por outro veterano internacional, Arismar do Espírito Santo. E nos dias precedentes por Teo Cardoso e Ulisses Rocha. São monstros sagrados, que tocam pelo mundo, inclusive com Sadao Watanabe, nos Estados Unidos e no Japão.

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Cesar Camargo Mariano, Arismar do Espírito Santo e Sadao Watanabe

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Exército de Terracota em Xian

6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , , | 2 Comentários »

Existem muitas maravilhas em todo o mundo, mas uma dos mais impressionantes e que está sendo conhecida pelos principais museus dos mais importantes países é o Exército de Terracota em Xian, a antiga capital da China. Tivemos a oportunidade de visitá-la há décadas, quando tinha que se percorrer mais de 2.000 quilômetros de trem pelo interior daquele país, quando esta cidade ainda não contava com um suporte turístico de elevada qualidade, e as escavações ainda estavam nas suas fases iniciais.

Nenhum superlativo consegue descrever este importante acervo, que compreende 1.974 peças em tamanho natural dos soldados, cada um com uma fisionomia diferente, que foi construído pelo Imperador Qin Shihuang (259 a 210 Ac), para acompanhá-lo na sua viagem depois de sua morte. Há uma fenomenal carruagem de cobre, de beleza indescritível, em tamanho um pouco menor do que seria normal. Algumas destas peças já foram expostas nas grandes capitais mundiais, inclusive em São Paulo, mas como exigem cuidados especiais, nada se compara com a observação de todo o conjunto.

John Man Frances Wood First Emperor

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97 Anos da Tomie Ohtake

6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: ,

Muito se escreveu sobre esta excepcional personalidade que é Tomie Ohtake e sua obra nestas últimas semanas em todos os jornais importantes. Deixei de registrar imediatamente este extraordinário evento, os 10 anos do Instituto que leva o seu nome e a apresentação dos seus últimos trabalhos, até porque não tenho talento suficiente para me igualar aos demais. Críticos dos mais prestigiados foram unânimes no destaque de sua reconhecida contribuição para as artes plásticas no Brasil, lembrando sua bagagem cultural trazida do Japão e que ela enriqueceu nesta terra maravilho, elevando a qualidade dos seus trabalhos.

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Tomie Ohtake e algumas de suas obras

Desejo registrar aspectos da nossa amizade pessoal que não são de conhecimento público. Que ela é uma simpatia, e apesar de sua grande presença, com toda a humildade e recato de uma japonesa de nascimento criado no fino ambiente de Quioto, continua dando a todos os seus amigos a atenção diferenciada que a caracteriza, mostrando que mais que uma artista ela é uma pessoa humana que enriquece todos que têm o privilégio de conviver com esta gigante de sabedoria e sensibilidade.

Permita-me a liberdade de contar alguns poucos contatos pessoais com ela, desde quando a conheci e ainda não era famosa. Da época em que participava ainda timidamente dos eventos do grupo Seibi. Na companhia de outros artistas como Manabu Mabe, Yoshiya Takaoka, Flávio Shiró, Tikashi Fukushima, Tomoo Handa, entre os que ficaram mais conhecidos, todos humildes, sem a vaidade que é freqüente nos meios artísticos. Ou outros que eram mais amigos do meu pai, igualmente importantes como Shigeto Tanaka e Yuji Tamaki. Como muitos artistas, ela era de falar pouco, em português ou japonês, mas precisa nas suas intervenções, como seus traços artísticos.

Antes dela, que era a única mulher que participava mais ativamente do grupo e surgiu tardiamente neste cenário, o grupo Seibi teve um intercâmbio ativo com o grupo Santa Helena, de pintores como Rebolo, Volpi, Penacchio, cujos ateliês, modestas salas desarrumadas, tive o privilégio de conhecer nos escuros corredores do Palacete do mesmo nome. Época em Tanaka e Mabe pintavam gravatas de seda vendidas na alfaiataria do meu pai para sobreviverem, e estes pintores deixavam suas obras como pagamentos nos restaurantes da região do bairro da Liberdade.

Uma lembrança inesquecível com Tomie Ohtake foi um jantar que tivemos em Tóquio, quando ela apresentou uma exposição no Japão. Num restaurante que ficava num edifício em frente ao parque Hibiya, na companhia de Ruy e Ricardo. Eu, que frequentava mais aquela Capital que ela, encomendei um jantar em que o tempurá vinha apresentado como uma escultura, ao lado de outra em gelo. A alegria quase infantil dela sensibilizou-me, e continua sendo objeto de nossas boas lembranças.

Ou quando íamos a uma exposição juntos e na tentativa de não cansá-la nos retraíamos, e ela perguntava até nas horas avançadas, “onde vamos agora”? Ou quando ela se encantava com um simples presente de um missô artesanal, pois ela sempre apreciou um bom missoshiru.

Ruy e Ricardo me honraram com uma consulta num almoço de como viabilizar um Instituto e eu tive a sorte de sugerir que ficassem associados a um patrocinador, verdadeiro parceiro, pois não era fácil sustentar uma instituição cultural. Já se vão mais de 10 anos, e eles, junto com Tomie Ohtake, conseguem manter esta obra com um excepcional trabalho e muito talento, que orgulha São Paulo, o Brasil e porque não dizer, também o Japão. Com a ajuda de dedicados admiradores, que viraram patrocinadores habituais.

Sou testemunha que ela trabalhou duro no centenário da imigração japonesa, mostrando os esboços e maquetes. Obras monumentais e permanentes foram deixadas pela sua dedicação ao trabalho de criação, mesmo com suas limitações físicas. Ela me autorizou o uso de uma foto delas na capa de um livro de minha modesta autoria, como símbolo do intercâmbio nipo-brasileiro, resgistrada por Ricardo.

Só resta dizer, parabéns a todos, pois ela é o cérebro de tudo isto que está aí. E recomendar aos que ainda não visitaram a sua exposição que o façam até o próximo mês de fevereiro.