Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Turismo de Estrangeiros em Beijing

24 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Hoje, a China está na moda e muitos turistas esperam poder conhecer aquele imenso país continental, mas o que só pode ser feito em etapas. A Folha de S.Paulo apresenta hoje um suplemento esforçado, com um enviado especial, Pedro Carrilho, notas do correspondente local, Fabiano Maisonnave, aproveitando algumas anotações da artista plástica Carla Caffé.

A tarefa de apresentar somente Beijing, a capital, já é hercúlea, pois todas as dimensões chinesas apresentam poucos paralelos no ocidente. Existem pontos imperdíveis que não foram explorados no suplemento, como a Cidade Proibida e a Muralha da China, que podem ser visitadas com um mínimo de esforço. Como ressaltado no suplemento, Beijing, como toda a China, continua num rápido processo de mudanças difíceis de serem captadas numa só visita.

Galeria da Suprema Harmonia, na Cidade Proibida Muralha da China

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Conveniências e Inconveniências da Internet

20 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Nicolas Carr copy Todos sabem que as grandes inovações tecnológicas sempre trazem benefícios, mas causam também muitos inconvenientes. Uma interessante entrevista com o jornalista Nicholas Carr, que também mantém um blog, publicada com destaque pela Folha de S.Paulo por Marcelo Leite, chama a atenção para o fato que a internet está provocando uma mudança na forma de pensar.

Segundo Nicholas Carr, a internet traz facilidades na busca de informações, deixando os jovens sem a capacidade de leituras dos livros, que teriam também os benefícios da reflexão, desenvolvendo um espírito crítico. Acha que as escolas devem evitar o abuso no seu uso, o mesmo acontecendo em casa. Ele publicou um livro “The Shallows – What the Internet is Doing to Our Brains”, que deve ser traduzido para o português.

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Sankai Juku do Balé Butô Apresenta Tobari

15 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , ,

O butô se tornou conhecido no mundo pelo trabalho de Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno, o último falecido recentemente. É considerado um balé de acentuada expressão corporal pós-Hiroshima. Ushio Amagatsu faz parte da segunda geração do butô, criador do grupo Sankai Juku, de criação japonesa que o levou para Paris para universalizá-lo. O grupo tem feito apresentações por todo o mundo, com uma frequência incrível, sendo a terceira vez que se apresenta no Brasil, sempre com grande sucesso.

Neste Tobari – Como um Fluxo Inesgotável faz uma apresentação como de costume com movimentos corporais minimalistas, dentro de um cenário quase zen, ótima iluminação e um fundo musical caracteristicamente oriental, que induz a uma meditação, ao mesmo tempo em que os gestos são extremamente valorizados.

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Wesley Duke Lee e o Japão

14 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , | 2 Comentários »

Apesar deste nome pomposo, parecendo norte-americano, Wesley Duke Lee, que faleceu no último fim de semana, era um grande artista autenticamente paulista, com uma formação internacional, que deixa uma grande contribuição para as artes plásticas brasileiras. Tudo que existe de melhor entre os artistas brasileiros, das gerações mais jovens (que hoje já são veteranos), recebeu influência dele. Os trabalhos chamados conceituais, como de Megumi Yuaça na cerâmica, foram influenciados pela Escola Brasil, fundada em 1970. Carlos Fajardo, José Resende e Luiz Paulo Baravelli foram alunos dele.

Apesar de não chegar a ser uma figura popular, tinha uma ousadia e o contato pessoal com ele só enriquecia as pessoas. Revelou-me, certa vez, suas aventuras no Japão, que percorreu quase todo de motocicleta sem falar japonês, logo no pós-Segunda Guerra Mundial. Tinha merecido uma grande reportagem num grande jornal do Japão, acredito que no Mainichi Shimbum, na qual constava uma boa fotografia dele.

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“Guenji Monogatari”, por Akihiko Niimi

9 de setembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , ,

Genji Monogatari – Contos de Genji, escrito por volta do ano 1000, é considerado o romance mais antigo do mundo. Conta os amores do belo e sedutor príncipe Hikaru Genji e, depois da sua morte, a busca afetiva de outro príncipe, Kaoru, que Genji pensava ser seu filho. São 54 capítulos com profusão de personagens que fascinam e intrigam. Códigos de ética e estética se norteiam por preceitos como mono-no-aware, mujôkan – que falam da apreciação patética da fugacidade e da ilusão efêmera das coisas, como beleza ou prazeres físicos da vida. O escritor Yasunari Kawabata o considerava “o ápice da literatura japonesa”.

Devido à dificuldade de sua compreensão, escrito em linguagem da corte de séculos atrás, fizeram-se adaptações, edições comentadas, e mesmo traduções completas para o japonês moderno, como a feita pelo escritor Jun-ichiro Tanizaki (1941). Há inúmeras traduções e adaptações nas mais diversas línguas. A história tem sido muito ilustrada por diferentes meios, e São Paulo acaba de ter a rica oportunidade de conferir, através de palestra, ilustrada com projeção de pinturas, desenhos e mangás, do professor Akihiko Niimi, de Literatura Clássica da Notre Dame Seishin University, da província de Okayama. Com ênfase na obra de Murasaki Shikibu, e doutor em Literatura pela Universidade de Waseda, o professor Niimi está no Brasil a convite da Universidade de São Paulo e sob os auspícios da Fundação Japão-SP.

Ilustração do cap. 20, atribuída a Tosa Mitsuoki (1617-1691)

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“Fordlândia”, de Greg Grandin, Rio de Janeiro, Rocco, 2010

6 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , | 6 Comentários »

Fordlândia Um interessante e documentado livro foi publicado por Greg Grandin, um professor de história da Universidade de Nova Iorque, em 2009, e foi traduzido para o português por Nivaldo Montingelli Jr. para a Editora Rocco, que o lançou no Rio de Janeiro neste ano. Tem o subtítulo de “Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva”.

O gigantesco fracasso de um projeto de um milhão de hectares, próximo a Santarém no Estado do Pará, que consumiu muitos milhões de dólares, era uma utopia daquele grande entrepreneur para criar uma nova sociedade na Amazônia, corrigindo os defeitos da que se consolidava nos Estados Unidos. A maior floresta tropical do mundo continua atraindo aventureiros que não foram dissuadidos pelas suas dificuldades, como se repetiu mais recentemente em Jari por Daniel K. Ludwig, outro grande empresário.

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Cerâmica Contemporânea para as Cerimônias de Chá

4 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Todos sabem da importância que os utensílios de cerâmica desempenham nas cerimônias do chá, mas a grande maioria está acostumada a associar com as tradicionais. O Japão, onde a arte da cerâmica continua evoluindo, nada mais interessante que acompanhar as produções mais recentes. Envolvem artistas consagrados, como os chamados “Tesouros Nacionais Vivos”, reconhecidos pelo Imperador daquele país. Eles são assim conhecidos por utilizarem as técnicas mais tradicionais e toda a sua produção costuma ser adquirida pelo poder público para ser expostas nos museus.

O jornal Japan Times publicou um artigo de Robert Yellin referindo-se a uma exposição já tradicional realizada a cada dois anos no Musee Tomo de Tóquio, especializado em cerâmica de alta qualidade, que este ano tem como tema os utensílios inusitados para as cerimônias do chá. Entre os 29 artistas convidados, dois “Tesouros Nacionais Vivos”, Sekisui Ito, mestre do estilo Mumyoi (cerâmica vermelha ocre), e Osamu Suzuki, mestre da 15ª. geração do Raku Kichizaemon (forma de queima Raku), de Quioto.

Obra de Mutsuo Yanigihara. Cortesia do Tomo Musee Obra de Akihiro Maeta_01

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Jardins Japoneses, Coreanos e Chineses

4 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Se existem jardins orientais que são admirados pelos ocidentais, o assunto é tão amplo e profundamente tratado por milhares de livros, cabendo neste espaço somente um rudimentar resumo. Costumam estar ligados a motivos religiosos, propiciar meditações ou como simples decorações de casas ou palácios. De dimensões variadas, diferentes composições, distinguindo-se das diferentes culturas dos povos japoneses, coreanos e chineses.

Entre os mais conhecidos destaca-se o de pedra e areias, zen, que se encontra num templo em Quioto, ou de musgos, na mesma cidade. Também o do Katsura Imperial Villa, perto de Nara, a antiga capital japonesa, até hoje usado pela Casa Imperial do Japão, mas onde a visita está facilitada ao público. A Coreia reconstruída conta hoje tanto com os templos e palácios como com novos espaços, demonstrando seu apreço pelo meio ambiente. E os grandes palácios chineses dão uma ideia da opulência do seu passado, tanto pelas dimensões como riqueza.

Jardim RyoanJi-Dry em Quioto

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Still Life with Rice, de Helie Lee

3 de setembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , , ,

A autora, Helie Lee, nascida na Coreia do Sul, emigrou para o Canadá ainda criança com os pais e a irmã, em 1968. Dali, a família passou para a Costa Oeste americana, onde hoje reside, em LaCrescenta, Califórnia. Seus pais desejavam para suas filhas um futuro com liberdade e sem ameaça de guerras, onde pudessem manter a identidade cultural. Helie Lee cresceu odiando sua origem asiática, renegando a herança coreana, e tudo fazia para parecer uma garota ocidental. Mas na sua casa se falava coreano, e ela indiscutivelmente não conseguia passar sem a sua tigela de arroz com kimuchi (conserva típica de legumes com molho picante de pimenta vermelha). Uma atração irrefreável a leva a uma viagem em busca de suas raízes, já adulta, à Coreia do Sul e a Xangai, na China.

Neste livro, Helie Lee relata a provação vivida pelo povo coreano desde a ocupação japonesa até os recentes anos da Coreia dividida em Norte e Sul, e em permanente estado de guerra fria depois de ter suportado uma devastadora guerra civil. Narrada pela voz da sua avó materna, Hongyong Baek, nascida em Pyongyang em 1912, é, ao mesmo tempo, uma dura e incisiva revelação do sofrimento das mulheres e crianças coreanas – pois guerras e invasões, embora seja um jogo de homens, fazem de mulheres e crianças as maiores vítimas.

Capa Still Life With Rice - Helie Lee

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“Confucius” de Yasushi Inoue

19 de agosto de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , | 5 Comentários »

Confúcio ensinando, retratado por Wu Daozi, Dinastia Tang Na China dos anos 771-221 a.C., aproximadamente 170 estados familiares nobres reinavam fora do controle central. Cada estado tinha a sua capital murada; formavam alianças e ligas entre si, e também travavam acirrados combates militar-diplomáticos, tentando dominar um ao outro. Na era dos Estados Guerreiros, sete reinos dominavam a Planície Central ao Norte do país, entre os Rios Amarelo, Huai e seus volumosos afluentes.

Paradoxalmente, essa época de guerras também suscitou o aparecimento de pensadores que propunham bases teóricas para cultivar uma sociedade humana em harmonia com a ordem do Universo à qual pertenciam. Os reinos, cansados de guerras e destruições, ansiavam por ordem e paz. Pensadores tentavam inspirar reis a procurar viver em harmonia sob o domínio de um único rei, como contava a lenda de uma época dourada quando a China era unificada.

Confúcio (551-479 a.C.) e seus discípulos faziam parte de um grupo de pensadores precursores desse tempo. Foram contemporâneos de grandes mestres da Índia (Buda, circa 560-480 a.C.) e da Grécia (Platão, 420-340 a.C. e Aristóteles 380-320 a.C.), entre outros. Época que historiadores denominam “idade axial” – quando se estabeleceram as primeiras formas básicas do pensamento da civilização no mundo.

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