Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Obra do Cineasta Yasujiro Ozu

30 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , | 1 Comentário »

Um excelente artigo do jornalista Cássio Starling Carlos, da Folha de S.Paulo, foi publicado no caderno Ilustrada, anunciando um importante ciclo de obras do cineasta japonês Yasujiro Ozu, “Emoção e Poesia” no Centro Cultural Banco do Brasil, fazendo algum paralelo com Akira Kurosawa.

Como ele é o crítico da Folha para o cinema, não poderia deixar de mencionar as inovações técnicas introduzidas por Ozu, como o despojamento dos seus filmes e o famoso posicionamento da câmera que até hoje continua influenciando jovens diretores de todo o mundo.

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Cenas do filme “Era Uma Vez em Tóquio”, um clássico de Yasujiro Ozu

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Livros do Prêmio Nobel Orhan Pamuk

23 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , ,

“Istambul – Memória e Cidade”, de Orhan Pamuk, tradução de Sergio Flaksman (do inglês), Companhia das Letras, São Paulo, 2007, é um exemplo impressionante da qualidade dos livros deste Prêmio Nobel de Literatura de 2006. Como enfatiza Ibrahim Eris, ex-presidente do Banco Central do Brasil, também nascido na Turquia, este jovem escritor (nascido em 1952), com uma vasta obra, é um mestre na identidade Ocidente/Oriente.

Neste livro em que ele descreve sua vida, tendo ao fundo Istambul e a “civilização de Bósforo”, região da ligação do Mediterrâneo ao Mar Negro, ponte entre a Europa e a Ásia, atribuiu-lhe junto com uma série de outras obras o Prêmio Nobel. Exilado nos Estados Unidos por defender os curdos, ele lecionou na Universidade de Columbia.

Istambul, antiga Constantinopla, tem uma história que vem desde os primórdios da humanidade. Era a sede do Império Bizantino, depois foi ocupado pelos gregos e pelos romanos, transformado na capital Oriental do Império Romano no seu período final, tornou-se sede do Império Otomano por sete séculos. Até chegar à atual República Turca. No meio de tantos monumentos históricos, cercada por uma natureza privilegiada, transcorre o drama de um povo que vive numa grande metrópole, com suas nostalgias de ter sido mais importante no passado.

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Capa do livro Istambul – Memória e Cidade e o autor Orhan Pamuk

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Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas

22 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

expos Anuncia-se uma exposição imperdível do artista Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), um dos mais importantes que o Brasil já teve. Um artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo de hoje, de autoria de Camila Molina, refere-se a esta rara exposição que reúne, com a curadoria de Paulo Herkenhoff, um dos acervos mais importantes deste artista consagrado, reunindo cerca de 100 de suas obras, algo inédito no mundo.

O que consta do artigo, que deve estar baseado numa série de estudos sobre a obra deste artista, pode gerar até uma controvérsia, ainda que destaque a influência do Oriente nos seus trabalhos. Os que conhecem algumas das igrejas de Mariana, Minas Gerais, com traços de asiáticos em algumas figuras, atribuem aos jesuítas que trabalharam no Oriente, e vieram para o Brasil, ainda no período colonial. Guignard, com seu período na Europa, deve ter aprofundado a influência da moda da ocasião que se interessava pelas artes japonesas e chinesas.

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Livros Indicados pela Monja Coen

19 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , ,

Estes livros são extremamente baratos e podem ser adquiridos Zen do Brasil, na Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 134, Pacaembu, fone 3865-5285. Ou podem ser encomendados pelo e-mail: [email protected], mediante depósito bancário, para ser entregue em todo o Brasil.

Livro_reserva01O primeiro, de Shundo Aoyama Rôshi, “Para Uma Pessoa Bonita – Contos de uma Mestra Zen”, Palas Athena, 1983. Esta monja foi abadessa do Tokubetsu Nisido, especializada no treinamento de monjas, onde monja Coen estudou por oito anos. Ela a estimulou a concretizar a edição em português.

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Antigas Culturas Asiáticas

19 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , , , , , | 12 Comentários »

Desde a Renascença, quando a Europa começou a desenvolver-se, o mundo tendeu a considerá-la o centro do mundo, atribuindo uma importância desprezível às antigas civilizações, o que está sendo novamente revisto. Istambul ainda localiza-se na parte européia, mas é onde passando as pontes sobre o Bósforo, que liga o Mar de Mármara, da parte Mediterrânea com o Mar Negro, já se cruza para a parte de Anatólia da Turquia, que fica na Ásia.

Ainda que existam indícios das presenças de aglomerações humanas deste o período neolítico nesta região atualmente turca, entende-se que o Império Bizantino ou os greco/romanos, lá se instalaram em torno de 660 a.C., tendo pequenos períodos de domínio persas. De cerca de 330 d.C. ficou com o nome de Constantinopla, consolidando-se como sede do Império Romano do Oriente, que deixou muitos monumentos. O Império Otomano fixa-se em torno de 1450 prolongando-se até 1922, estendendo-se por todo o Mediterrâneo, desde Portugal até a parte arábica, envolvendo a atual Síria e Líbano. Deixou um patrimônio importante da humanidade. Explica, também, porque muitos imigrantes árabes para as Américas tinham passaporte turco.

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Persistências de Poucos Intelectuais Nikkeis

15 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

O jornal O Estado de S.Paulo publica hoje dois artigos de persistentes intelectuais nikkeis que não têm merecido a devida atenção das entidades desta comunidade. O primeiro, sob o título “Um haicai arquitetônico”, do jornalista Jotabê Medeiros, trata do indigente trabalho de Akinori Nakatani na preservação do Casarão do Chá, de Mogi das Cruzes. Outro, sob o título “Teve a ousadia de criar uma geração literária”, do poeta Claudio Willer, em memória a Massao Ohno (1936-2010).

Akinori Nakatani, mais conhecido como um consagrado ceramista internacional, japonês de origem, é um dos poucos que ganharam o Primeiro Prêmio Presidente da República da Itália, da Bienal de Faenza, considerada a mais importante do mundo nesta especialidade. Radicado há décadas em Mogi das Cruzes, é um dos mais persistentes intelectuais que lutam por dezenas de anos pela preservação da Casa de Chá, com todo o empenho individual que é possível.

Massao Ohno, desde os anos cinquenta do século passado, começou suas atividades editando apostilas que eram usadas pelos que almejavam participar dos vestibulares que ganharam importância no ingresso nos cursos universitários do pós-guerra.

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Massao Ono, Carlos Seabra e Alice Ruiz, em 2004. Akinori Nakatani

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Mal Comparando São Paulo Com Istambul

11 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , ,

Sempre existe a pretensão de considerar a cidade em que algum comentarista mora como umas das melhores do mundo, e os paulistanos exageram na regra. Acham que a nossa cidade é capital mundial da gastronomia, uma das maiores miscigenações étnicas e culturais conhecidas etc. São Paulo tem suas qualidades, mas também muitos defeitos que precisam ser reconhecidos.

Comparando com Istambul, ela possui oito mil anos de história, enquanto São Paulo tem pouco menos de 500 anos. O tamanho de ambas as metrópoles pouco difere quando considerados os seus arredores. O que parece comum é o tráfego terrível, com motoristas pensando que são pilotos de Fórmula 1. Em pontos turísticos e número de visitantes estrangeiros, Istambul supera em muito. Variedade de restaurantes, São Paulo ganha, mas em qualidade tanto de hotelaria quanto de instalações ela perde.

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Habilidades Comerciais Milenares

7 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Quando se observa os comerciantes como do Grand Bazaar, de Istambul, imagina-se que muitos comerciantes sul-americanos, notadamente brasileiros, absorveram parte da cultura comercial destes povos milenares, como os turcos. Como os mascates que levaram seus produtos por todo o interior da América do Sul, e hoje ocupam as principais regiões comerciais das grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro. Na realidade, o Oriente Médio veio negociando com os asiáticos, especialmente com os chineses, utilizando a histórica e milenar Rota da Seda, desde a época dos fenícios.

Istambul foi sempre disputada desde a época Bizantina, quando se tornou capital da Roma Oriental, pois era um ponto estratégico para o comércio, não só com o Mar Negro, Mediterrâneo como com o Egito. E daí para toda a Ásia. Acabou prevalecendo a sua cultura otomana, fortemente reafirmada no seu atual nacionalismo. Não só a cidade do ponto de vista urbano e de seus monumentos, como existe uma refinada cultura comercial que se expressa na habilidade no trato dos clientes. Ainda que tenham feito um péssimo negócio, os clientes saem como tendo obtido ganhos e satisfeitos.

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Ayasofya, igreja transformada em um majestoso museu em Istambul

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Cautelas Com Investimentos Estrangeiros

22 de maio de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Não deixam de ser alvissareiras as frequentes notícias de novos investimentos estrangeiros no Brasil, que certamente conta com muitos recursos naturais e condições favoráveis para novos empreendimentos. Mas não devem ser meras transferências de controladores que não resultem em empregos adicionais no Brasil ou estímulos para aumento dos fornecimentos locais.

Um excelente artigo de Antonio Corrêa de Lacerda, experiente economista em temas relacionados com o assunto, publicado na Folha de S.Paulo, sob o título de “O Brasil e a diáspora das empresas chinesas”, chama a atenção sobre alguns aspectos que precisam ser considerados. Os chineses, por exemplo, dispõem de uma experiência comercial milenar, enquanto os brasileiros continuam ingênuos adolescentes em atividades internacionais, ainda que estejamos aprendendo rapidamente.

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As Filhas Sem Nome, de Xinran, Editora: Companhia das Letras, 2010, tradução da versão inglesa

20 de maio de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , | 2 Comentários »

xinran_filhas Este novo livro da nossa já conhecida Xinran é delicioso. Engajada, sobretudo na luta pela melhoria da condição das mulheres chinesas, ela conta a história real de três jovens entre 16 e 20 anos, transformadas em irmãs para efeito de ficção, que saem do campo para tentar a sorte na cidade grande. Ao narrar a trajetória das moças, Xinran nos leva simultaneamente numa saborosa viagem através dos gostos e cheiros da rica comida de rua de Nanjing, e da sutil culinária Huaiyang e Suzhen do centro-sudeste da China.

A história se passa entre 2001 e 2004, bem recente portanto. Há alguns paradoxos na ficção, como o fato de as meninas originarem de uma mesma família de seis filhas na China, onde a política do filho único era, e ainda é, rigorosamente policiada, mas pouco efetiva no meio rural. A família delas teria, entre os parentes, dois funcionários chefes da Brigada de Produção, encarregada da política de controle de natalidade. O que a pouparia da fiscalização severa e de multas. Intriga também o fato de que elas venham de zonas rurais a apenas três horas de ônibus de Nanjing, Capital da rica Província de Jiangsu, no megapólo industrial e comercial do delta do Rio Yangtsé. E ainda assim, elas serem de uma ingenuidade, inocência e ignorância inacreditáveis. Como se tivessem saído de um dos romances chineses da escritora norte-americana Pearl S. Buck (A Boa Terra, Peônia), populares nos anos 1940-50.

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