Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Efeitos de políticas estrangeiras sobre o Brasil

12 de abril de 2011
Por: Samuel Kinoshita | Seção: Economia | Tags: , , , ,

Nos últimos dias, diversos representantes do Banco Central americano revelaram-se contrários a uma rodada adicional de compra de títulos. Destarte, o chamado QE2 deve finalizar a alocação programada de 600 bilhões de dólares em junho próximo. Alguns membros do FED vão além e sugerem a necessidade de imediata reversão da política laxista adotada atualmente. Um aperto súbito da política monetária nos países mais importantes representará uma mudança radical de paradigma, com consequências potencialmente graves para o Brasil.

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O presidente do FED, Ben Bernanke

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Um Brasil Desconhecido Mesmo dos Brasileiros

11 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Um dos grandes problemas mundiais continua sendo o seu abastecimento com alimentos e o Brasil se mostra como um dos países onde a expansão da produção agroindustrial apresenta as melhores perspectivas. Até o passado recente, o Piauí era considerado o maior exemplo de uma região problemática, com baixo nível de renda. Mesmo os brasileiros que conhecem o meio rural brasileiro se impressionam com a rapidez do seu atual desenvolvimento. O jornal Valor Econômico traz hoje um importante artigo do jornalista Fernando Lopes com o título “Produção de grãos avança nas chapadas do ‘Mapito’” (Maranhão, Piauí e Tocantins), que pode ser acessado pelo: http://www.valoronline.com.br/impresso/agronegocios/105/410921/producao-de-graos-avanca-nas-chapadas-do-mapito

A matéria traz para os incrédulos fotos de uma fazenda de 24.000 hectares de área plantada no Estado do Piauí, bem como os equipamentos que estão sendo utilizados, que pode ser verificado parcialmente no site acima indicado. Em função dos cargos que exerci no governo federal brasileiro, tive a oportunidade de visitar cuidadosamente muitas destas áreas, que apresentavam condições semelhantes aos melhores do sudeste brasileiro, conhecido pelo seu desenvolvimento rural. A fronteira agrícola chegou lá, que apresenta uma topografia conveniente para grandes e racionais explorações rurais, das melhores do país.

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Distorções nas Análises Econômicas

11 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , ,

Temos insistindo, como economista, que muitos colegas apresentam análises que refletem mais os seus interesses, muitos ligados ao sistema financeiro do que aos da sociedade. Surge agora uma onda entre os mais credenciados acadêmicos mundiais mostrando que muitos dos supostos conhecimentos de macroeconomia e instrumentos estatísticos possuem limitações que não são devidamente alertados para os jornalistas e seus leitores leigos. Um crítico que vem insistindo nesta linha é o prêmio Nobel Joseph Stiglitz, que pelo site de uma organização chamada Project Syndicate publica um importante artigo reproduzido no O Estado de S.Paulo de hoje.

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Joseph Stiglitz em foto de Antonio Milena/Agência Estado

Utilizando o lamentável exemplo de Fukushima, Joseph Stiglitz informa que os cientistas divulgaram que os riscos de derretimento nuclear, provocando catástrofes na usinas, haviam sido praticamente eliminados. De forma similar, que na crise financeira internacional de 2008, com inovações dos instrumentos estatísticos e financeiros, os riscos poderiam ser reduzidos ao mínimo.

Tecnicamente, os cientistas e os financistas subestimaram e iludiram não só a sociedade como a eles próprios, sem compreender a complexidade dos riscos. Em termos estatísticos, os eventos raros (chamados de black swan ou cisnes negros) têm uma distribuição estatística que originam de causas grossas (fat-tail) diferindo das chamadas normais, ou seja, podem ocorrer mais nos extremos da distribuição. Numa explicação mais clara para os leigos, são eventos que se imaginavam poder ocorrer a cada 100 anos, e que estão ocorrendo a cada 10 anos.

Lamentavelmente, isto elevou os lucros dos bancos e das empresas de energia elétrica, com consequências catastróficas. Os alemães suspenderam o funcionamento das usinas similares, o que não vem ocorrendo nos Estados Unidos, como informa Joseph Stiglitz.

No caso do sistema bancário, inventaram que alguns bancos eram tão grandes que não poderiam quebrar, pois as autoridades monetárias seriam obrigadas a intervirem, ajudando-os. Os lucros foram privados, enriquecendo-os, mas os prejuízos foram socializados, sendo pago por todos. E continua havendo uma resistência política para o controle dos fluxos financeiros internacionais, que podem complicar inclusive a situação brasileira, cujas autoridades estão atentas, contrariando os interesses das instituições financeiras, seus economistas e jornalistas lobistas.

Haveria outros cisnes negros à espreita? Stiglitz informa que sim, o aquecimento global e as mudanças climáticas.


Discussões Nacionais e Internacionais Sobre os Câmbios

10 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , | 7 Comentários »

Os noticiários dos jornais nacionais e internacionais apresentam inúmeras discussões sobre os difíceis problemas cambiais e suas consequências. São assuntos complexos, não havendo nem um razoável consenso sobre o assunto entre os economistas. Mas qualquer que seja a posição adotada por um analista, parece evidente que o real está exageradamente valorizado, facilitando as importações que sacrificam empregos locais, e dificultando as exportações brasileiras que criam empregos. No entanto, não existe nenhuma concordância sobre o que pode ser feito para corrigir este desequilíbrio que continua se agravando. O leigo pode entender que o real valorizado significa um benefício, mas nem isto é verdade.

Muitos se queixam que os chineses mantêm o seu yuan extremamente desvalorizado e, para se defenderem, como os norte- americanos, ampliaram brutalmente o montante do dólar no mercado internacional, o que o desvalorizou e continua a fazê-lo, prejudicando os países que ainda o aceitam como referência para os seus negócios. No passado, o câmbio dependia do volume das exportações e importações, mas hoje são determinados pelos fluxos financeiros no mundo globalizado, onde as diferenças de taxas de juros entre os países possuem uma influência decisiva.

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Perplexidade Econômica Mundial

5 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , , | 2 Comentários »

Os noticiários dos principais jornais econômicos do mundo relatam inúmeras reuniões em vários organismos nacionais e internacionais em muitos lugares. É na OECD, no BRICs, no G7, no G20, no FMI e em muitos países. Todos procuram entender o que está acontecendo de forma complexa e integrada, e estudam medidas que possam minimizar as dificuldades atuais e do futuro próximo. Mas estão todos perplexos, sem um consenso do que pode ser feito para reduzir as distorções.

A atual evolução dos problemas no mundo árabe afeta o mercado de petróleo que deve permanecer num patamar elevado. As dificuldades japonesas acrescentam preocupações e custos com as fontes de energia atômica em todo o mundo. Muitas rotas vitais para os sistemas logísticos mundiais acrescentam riscos e custos. As pressões inflacionárias decorrentes das principais commodities continuam presentes, agravadas pelas demais incertezas.

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O sistema financeiro internacional resiste a uma regulamentação, ainda que os fluxos estejam se tornando incontroláveis, afetando os câmbios. Muitos governos estão desgastados politicamente, e com dívidas públicas elevadas. Tudo acrescenta os riscos no mundo globalizado que estava tentando se recuperar.

As autoridades de cada país enfrentam problemas sobre os quais não possuem poder suficiente para neutralizá-los, como os das pressões inflacionárias. Nos organismos internacionais, não se consegue obter um razoável consenso para a tomada de decisões gerais. A desejável cooperação mundial só ocorre em alguns casos extremos, com substanciais conflitos de interesses.

Alguns economistas desejam restrições monetárias ainda que seus danos sobre o crescimento da economia sejam pesados. Outros acreditam que intervenções governamentais podem minorar os problemas com menores custos. A única realidade é que o poder do sistema bancário privado internacional continua intacto, apesar da crise que eles provocaram em 2008. Seus lucros continuam sendo elevados, enquanto o setor produtivo continua arcando com a maioria dos encargos.

Muitas autoridades monetárias, mundo afora, se veem limitados nas suas ações diante da possibilidade das suas economias serem fortemente afetadas pelas violentas mudanças dos fluxos financeiros, nos seus câmbios e seus juros. O que era um instrumento financeiro parece ter se tornado o foco do problema, deixando que a tecnologia, a produção, o bem-estar da população sejam meros apêndices. O poder político parece acuado.

Algo parece fora do lugar necessitando-se de um equilíbrio mais razoável na governança mundial, sem que se saiba ainda exatamente de que forma se possa atingi-lo.


Reconstrução Industrial do Japão

31 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , ,

O jornal econômico japonês Nikkei publicou hoje um editorial sobre alguns casos de reconstrução de indústrias afetadas pelos terremotos e tsunamis, notadamente no nordeste do Japão, informando que todas elas estão muito ocupadas reparando suas instalações para poder voltar a operar plenamente. Como noticiado em muitos jornais, o fornecimento de componentes japoneses afetaram indústrias, não só no Japão, como em muitas partes do mundo globalizado. Eles esperam que na reconstrução contem com oportunidade para alguns aperfeiçoamentos, com novos avanços tecnológicos.

Yasushi Akao, presidente da poderosa Renesas Electronics, fornecedora de chips para muitas empresas em todo o mundo, informa que sua unidade de Naka, na Província de Ibaraki, foi fortemente abalada, mas deve voltar a funcionar em julho próximo. O brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Nissan Motor, depois de visitar a sua fábrica afetada em Iwaki, Província de Fukushima, espera que a unidade esteja operando com sua plena capacidade no começo de junho próximo. Akio Mimura, o influente chairman da Nippon Steel, sócia da Usiminas do Brasil, mostra-se otimista sobre a visão da reconstrução afirmando que “ainda que os danos aparentem serem devastadores, nesta crise os empregados na linha de frente mostram poderes de super-homens e restabelecerão as operações rapidamente”.

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Yasushi Akao, da Renesas; Carlos Ghosn, da Nissan; e Akio Mimura, da Nippon Steel

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Velocidade da Reconstrução Japonesa e Lições Para o Brasil

29 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , , | 6 Comentários »

Como o prof. Delfim Netto colocou hoje, brilhantemente, na sua coluna no Valor Econômico, os mais credenciados economistas do mundo estão sendo obrigados a rever as teorias econômicas em que acreditavam pela imposição de novas realidades, com toda a humildade. Do Japão, já chegam as notícias que 90% dos aeroportos, das estradas e dos portos afetados pelos terremotos já foram restabelecidos. Que parte do racionamento de energia elétrica tornou-se desnecessária diante da redução voluntária do seu consumo, ajudada pelo aquecimento do clima que já permite as primeiras floradas das cerejeiras.

Os seres humanos, com destaque para os japoneses, são capazes, diante das catástrofes naturais, de mudar o comportamento que pode estar consagrado nas teorias e superar rapidamente os desafios a que estão sujeitos. A realidade é muito mais complexa que as admitidas pelos acadêmicos que orientavam, entre outras, muitas instituições financeiras nas suas análises.

Os nipônicos possuem poupanças nos seus fundos operados pelas instituições financeiras, estimadas em cerca de US$ 500 bilhões aplicados mundo afora, parte significativa no Brasil, estimada pelo mercado em cerca de US$ 80 bilhões. A velocidade com que elas podem retornar para a reconstrução japonesa pode surpreender os operadores do mercado, ajudando até as autoridades monetárias brasileiras que não terão que comprar e sustentar, com elevados custos, as exageradas acumulações de reservas internacionais, mantendo o câmbio em níveis razoável.

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Em apenas sete dias, esta estrada foi totalmente reconstruída

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Economia da Escassez ou Economia da Produção

28 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Diante das dificuldades pontuais pelas quais passa o mundo, abrindo-se muitos jornais econômicos do mundo que dependem fortemente das publicidades de instituições financeiras, nota-se a volta de sentimentos semelhantes aos que foram apontados por Thomas Robert Malthus no início do século XIX, de que a humanidade seria dizimada pelas fomes e pelas doenças. Acabou-se chamando esta doutrina de malthusianismo, que sempre volta à tona com novas versões, ainda que sempre desmentida pela realidade. Poderia-se chamá-los de adeptos da economia da escassez, que sempre vai existir neste ramo do conhecimento, que acaba determinando juros elevados e lucros fabulosos para o setor financeiro.

Todos os desafios acabaram sendo superados pelos aumentos de eficiência que, mesmo com recursos limitados, proporcionaram produções crescentes, contribuindo para a melhoria do bem-estar de toda a população. Eles dependem das pesquisas e dos desenvolvimentos tecnológicos. Muitos se esquecem que o papel dos economistas sempre foi o de promover a produção e o desenvolvimento, superando as limitações existentes. Se elas não existissem, não haveria sentido para existência desta arte, que se denomina economia política, que pouco tem de científico.

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Thomas Robert Malthus

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Economia da Reconstrução Japonesa

27 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , , | 2 Comentários »

Ninguém duvida que o povo japonês contribuirá com tudo que for necessário para financiar a rápida reconstrução japonesa. O jornal econômico japonês Nikkei anuncia que a Nomura Securities, a maior corretora do Japão, lançou um Fundo Mútuo com o objetivo de ajudar na reconstrução, colocando bônus num montante inicial de 50 bilhões de ienes, cerca de US$ 650 milhões, informando que fará outros, quantos forem necessários. Os recursos serão utilizados para as obras de reconstrução dos governos locais como de empresas privadas.

A Nomura não cobrará nenhuma taxa dos poupadores individuais, e o custo de seu gerenciamento será somente de 0,4% sobre o resultado que se conseguir. Isto significa custos extremamente baixos, mesmo considerando os reduzidos da economia japonesa. E a corretora doará metade dos resultados que obtiver nos socorros das vitimas do desastre natural.

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Logotipo da Nomura e estrada reconstruída em apenas sete dias

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Melhoria da Distribuição de Renda no Brasil

23 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , ,

É do conhecimento geral que todos que desejam fazer publicidade para alvos específicos utilizam a classificação da população, no caso do Brasil, distribuindo-a entre as classes sociais A, B até a E. Artigo publicado hoje no jornal O Estado de S.Paulo, pela jornalista Márcia De Chiara, utiliza os dados levantados na sexta edição da pesquisa “O Observador Brasil 2011”, executado pelo Instituto Ipsos Public Affairs, a pedido da Cetelem BGN, do grupo financeiro BNP Paribas.

Entre 2005 a 2010, a estrutura teria mudado de uma forma piramidal para uma do tipo losango, mostrando um expressivo crescimento da classe denominada C, com a redução das classes D/F. Evidentemente, estas classificações são utilizadas principalmente pelas agências de publicidade, mas de qualquer forma expressam a substancial melhoria da distribuição de renda no país neste período, que explica a melhoria do mercado consumidor.

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