Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Banco do Brasil Amplia Atividades no Exterior

12 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Já houve períodos no passado, principalmente no início da década 1970, em que o Banco do Brasil, como pioneiro, ampliou a sua rede de agência no exterior. O Brasil começava a agredir o exterior com suas exportações, ampliando suas atividades internacionais, e as atividades privadas necessitavam de apoio em muitos países. Isto ajudava também a treinar muitos brasileiros para trabalharem no sistema financeiro internacional, que, começando no banco oficial, foram ajudar o sistema bancário privado. O Brasil lançou muitos títulos no exterior, não somente em dólar, como em outras moedas aceitas internacionalmente. O Banco do Brasil planeja emitir títulos em ienes, conforme noticia o Valor Econômico com informações obtidas pela Dow Jones.

Depois de uma lamentável mudança de orientação, o Brasil volta a entender que o aumento de suas exportações não depende somente de produtos primários, agropecuários ou minerais, mas também necessita ampliar suas colocações de produtos manufaturados no exterior. Além de gerar as divisas que são necessárias para sustentar o seu processo de desenvolvimento, inclusive com a colocação de títulos, esta presença ajuda a melhorar os produtos brasileiros que necessitam competir com os estrangeiros, em todos os aspectos.

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Brasil é o Cemitério dos Pessimistas

11 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , | 2 Comentários »

Lamentavelmente, mesmo num país tropical cheio de claridade existem sempre alguns pessimistas que são superados pela realidade de um país dinâmico como o Brasil. Aqueles que possuem alguma experiência vivida historicamente neste país, sabem sobre os danos provocados pelas irregularidades climáticas na economia, aumentando as pressões inflacionárias e causando rombos nos orçamentos públicos com os atendimentos dos flagelados. Atualmente, mesmo sofrendo um dos anos com maiores secas e inundações, a tremenda diversificação regional da produção observada no Brasil minimiza estes impactos na economia nacional.

Os mais antigos lembram-se de um país ainda dividido por regiões que não estavam integradas. Com a marcha para o Oeste e a construção das malhas rodoviárias, mesmo com as precárias estradas de terra, incorporou-se amplas regiões que viviam de uma produção extensiva para as intensivas e tecnologicamente avançadas, incorporando uma substancial parcela dos recursos naturais, representados pelas terras aproveitáveis numa agropecuária modernizada. Nem tudo está devidamente registrado nas contas nacionais, como aumento substancial do capital nacional, ao mesmo tempo em que a integração nacional permitiu tirar melhor partido das qualificações regionais.

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Problemas das Empresas Familiares na Índia

10 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Uma questão levantada num artigo de Malavika Sharma publicado pelo site da Bloomberg levanta uma questão relacionada com as grandes empresas estrangeiras, os grandes conglomerados locais e as atividades das pequenas e médias empresas familiares, que parece um problema universal. Estes dilemas ocorrem em muitos países, inclusive no Brasil, e se refere ao controle adequado de forma a evitar a vantagens dos oligopólios que possam prejudicar as atividades que são estratégicas na manutenção do emprego e das inovações que são muito frequentes entre os pequenos empreendimentos, como os que vêm sendo estimulados pelo Sebrae – Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário. A notícia permite fazer algumas considerações sobre o funcionamento de agências governamentais em alguns setores.

O artigo informa que o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, prometeu abrir o setor de varejo da Índia para as gigantes estrangeiras como a Wal-Mart e a Carrefour, mas informa-se que resistências políticas naquele país, de grandes grupos locais alegando que o setor é dominado por pequenas empresas familiares, não vêm permitindo que estas cadeias estrangeiras se ampliem na Índia.

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Fazendo do Limão a Limonada

9 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Política, webtown | Tags: , , | 4 Comentários »

Percorrendo os olhos pelos diversos meios de comunicação do mundo, percebe-se certo marasmo e decepção com a redução do ritmo de desenvolvimento que vinha ocorrendo no mundo. No site do Bloomberg, encontramos um perturbador artigo questionando se nos próximos 236 anos, tempo decorrido desde a sua Declaração de Independência, os Estados Unidos poderão sustentar a sua economia. No China Daily, questiona-se sobre o que acontecerá no futuro com os jovens atraídos do interior para os grandes centros urbanos diante da redução do seu ritmo de desenvolvimento. E no Brasil, os meios de comunicação social refletem a menor importância das comemorações da Revolução Constitucionalista de 1932 quando São Paulo se levantou contra o resto do país, que estava dominada por Getúlio Vargas, mostrando que seu peso relativo na Federação reduziu-se.

Deve-se reconhecer que esta mudança de ritmo do que vinha acontecendo para o quadro atual é sempre gerador de algumas frustrações, o que costuma ser aproveitado pelos mais pessimistas para divulgar os seus sentimentos. Mas sempre se podem ver os problemas de outros ângulos, mostrando que os desafios estão sendo enfrentados, podendo conduzir a novos avanços estimulantes.

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4 de julho nos Estados Unidos, jovens chineses procurando emprego e 9 de julho em São Paulo

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Patrocínios Para as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016

9 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 2 Comentários »

Uma notícia publicada no jornal econômico Nikkei fornece informações sobre os patrocínios para as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, com base no da Nissan, que para se tornar uma patrocinadora TOP (The Olympic Partner) está investindo um valor estimado de US$ 250 milhões, o que surpreendeu os japoneses, pois deve ser o dobro do que gastará a BMW na de Londres neste ano. Os valores para outras olimpíadas, como a do inverno, também estão abaixo do que vai ser gasto no Rio de Janeiro. Os analistas avaliam que a disposição da Nissan decorre da instalação de sua nova fábrica no Brasil, e sua intenção de aumentar a sua participação no mercado brasileiro que ainda é modesta, além de divulgar o seu carro elétrico, considerado como de tecnologia no estado de arte.

A Nissan vai fornecer mais de 5.000 veículos oficiais para os Jogos do Rio de Janeiro, e, apesar de não poder ostentar um anúncio chamativo nos mesmos, espera contar com benefícios na sua divulgação. Existem três categorias de patrocinadores, sendo a mais elevada a TOP, que é mundial, os de comitês olímpicos de cada país, e os das equipes destes países. Eles contam com direitos de exclusividade de publicidade na categoria dos seus produtos.

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Experiências Brasileiras dos Problemas de Desenvolvimento

9 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , ,

Lamentavelmente, as economias emergentes como a brasileira enfrentam limitações objetivas que não são facilmente identificáveis pelos que não têm conhecimentos técnicos e experiências políticas. Muitos gostariam que as limitações como a da educação, da saúde, da previdência social, das necessidades sociais, além das ineficiências da administração pública, fossem superadas pela vontade da população e dos governantes eleitos. Sempre existem possibilidades que planejamentos e estratégias sejam estabelecidas para se conseguir melhores resultados, mas todas exigem trabalhos duros e demandam um prazo razoavelmente longo, podendo ser auxiliados ou dificultados pelos cenários internacionais.

A determinação de alcançar estágios superiores de qualidade de vida da população, com a devida preservação do meio ambiente de forma sustentável, enfrenta limitações físicas, ainda que possam ser minoradas por algumas escolhas possíveis de serem efetuadas. Mas, no mundo cada vez mais democrático e participativo da sociedade, há que se alcançar um razoável consenso que envolva no mínimo a maioria que tenha condições de convivência com aqueles que não concordam totalmente com os que estão eventualmente no poder.

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Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, muitos economistas renomados preocupados com o desenvolvimento dedicaram-se, ainda de forma ingênua quando vista de hoje, ao planejamento econômico, imaginando que as suas técnicas poderiam habilitar os países chamados na época de subdesenvolvidos a ingressar num processo de crescimento pelas escolhas políticas de objetivos, instrumentos e estratégias escolhidas pelas autoridades. Muitos resultados foram alcançados, ainda num mundo que não estava globalizado como hoje, e onde havia possibilidade de transferência de recursos e tecnologias das economias então industrializadas ou desenvolvidas.

O mundo veio se complicando com crises depois da reconstrução do pós-guerra, como a do petróleo e do sistema financeiro, ao mesmo tempo em que as melhorias da comunicação e da logística internacional provocaram um novo surto de globalização, ao mesmo tempo em que a redução das restrições, como a da Guerra Fria, ajudava a incorporar largos segmentos da população mundial em diversos países e continentes que se encontravam relativamente marginalizados do mercado. No entanto, o comando da economia mundial, que ocorria com o desenvolvimento tecnológico comandado pelos setores pesados, passou a ser dominado pelo setor financeiro, que ao lado do comercial era um dos braços de sustentação dos setores produtivos.

Sempre houve alguns setores usufruíram que de um poder desmesurado coo om que controlava o petróleo, que passou a ser a fonte de energia básica do mundo, lamentavelmente poluente. A concentração de alguns setores da economia de forma oligopolizada sempre exigiu alguns controles das autoridades, o que nem sempre se conseguiu.

Mais recentemente, as preocupações mundiais de ecologia e de sustentabilidade ganharam importância, evitando que danos ao meio ambiente continuassem crescentes, com o consumo desenfreado dos recursos naturais, inclusive os poluentes como os derivados do petróleo e do carvão mineral. Intensificaram as preocupações com a melhoria da distribuição dos benefícios do desenvolvimento, tanto pessoal como regionalmente, entendendo-se que a ampliação dos consumos de todos os tipos deveriam ser os móveis principais da ampliação da capacidade produtiva e da eficiência nas utilizações dos recursos disponíveis.

A evolução mundial ampliou a aspiração pelos respeitos aos direitos fundamentais não só dos seres humanos, tanto no segmento político como na qualidade de vida, que envolve toda a biodiversidade, inclusive para as gerações futuras. Parece fundamental que se entenda o desenvolvimento como um processo constante das superações das limitações, que acabam identificando novos desafios.

Apesar dos pessimistas que sempre estiveram presentes, como os malthusianos, o fato concreto é que estão ocorrendo avanços com a superação das limitações ao longo da história. Observando o que ocorreram nos últimos 100 anos, a expectativa de vida aumentou substancialmente, a produção veio aumentando para atender a demanda básica de uma população que cresceu expressivamente, com a melhoria da distribuição dos benefícios, ainda que de forma insatisfatória para muitos.

É exatamente este inconformismo que é o móvel das iniciativas que procuram novos desenvolvimentos para superar os desafios que continuam existindo. Tudo vem ocorrendo de forma cada vez mais aberta, do meu ponto de vista, mas é preciso haver uma maior consciência de que parte do que é produzido deve ser poupado, para ajudar no aumento da eficiência de todo esforço que é empregado, cujos resultados sempre demandam tempo.

Não se trata somente da melhoria material que se procura, mas também política, social e cultural. O Brasil, com a forte miscigenação dos seus recursos humanos das mais variadas contribuições, tem todas as condições de utilização eficiente de todos os recursos naturais disponíveis no seu território.

O otimismo realista pode ajudar no desenvolvimento futuro do país, e depende do que for sendo decido. Não há um determinismo histórico nem geográfico, dependemos de nós mesmos.


Ainda o Trem Rápido de Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro

9 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Uma notícia elaborada pelo jornalista André Borges, publicada no Valor Econômico deste fim de semana, coloca algumas discussões sobre o assunto do projeto do trem rápido ligando Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo e o aeroporto de Guarulhos para chegar ao Rio de Janeiro, numa ordem mais razoável, mas ainda deixa dúvidas. Anuncia-se uma licitação internacional para a execução do projeto executivo de engenharia do projeto, pois os concorrentes dos editais anteriores reclamavam, com razão, que sem saber exatamente o que seria executado não havia como apresentar suas propostas. Informa-se, agora, que o Brasil não conta com grupos capacitados para elaborar tais estudos, sendo necessário que absorvam experiências acumuladas no exterior, com a possibilidade de montagens de consórcios.

O que ainda parece confuso na notícia é que se pretende licitar outros aspectos fundamentais, paralelamente, como quem vai executar as obras e quem vai operar o sistema, inclusive com a tecnologia que vai suportar o projeto. Evidentemente, isto parece incongruente, pois o projeto detalhado de engenharia deve supor uma tecnologia e não há como determinar quem poderá executá-lo, e nem como haveria possibilidade de escolher o operador do sistema, pois nada pode ser independente da tecnologia que seria utilizada. Espera-se que estes aspectos sejam totalmente esclarecidos, agora que se admite que o cronograma não seja mais exequível para atender a Copa do Mundo ou as Olimpíadas.

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Processo de Desenvolvimento Integral do Brasil

9 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Todos sabem que o processo de desenvolvimento não se resume no crescimento da produção com o aumento da eficiência produtiva, além de incorporação de recursos adicionais. Ele é um processo mais complexo que envolve muitos aspectos da sociedade, e no Brasil constata-se que ele está ocorrendo de forma equilibrada, ainda que existam muitos setores aonde também devem ocorrer avanços. Mesmo que muitos analistas interpretem que no Rio + 20 não ocorreram avanços expressivos no sentido da preservação do meio ambiente e fixação de metas para diversos objetivos, todos puderam verificar que houve uma ampla participação, não somente de autoridades representativas dos governos de muitos países, mas também de vozes que expressam o que aspiram as sociedades civis, do Brasil e do mundo. E no cenário que encanta a todos, o Rio de Janeiro foi consagrado como patrimônio natural e cultural da humanidade pela Unesco, exigindo maiores empenhos dos brasileiros na sua manutenção.

O Brasil deixou de ser somente o país do futebol, ainda que este esporte continue a galvanizar as emoções dos brasileiros, tanto localmente como no exterior, explodindo nas telas das televisões. O Corinthians ganhou a Copa Libertadores das Américas e se consagrou para disputar em Tóquio com outras equipes o Mundial de Clubes, inclusive com o Chelsea, o campeão europeu. O Palmeiras prepara-se para disputar com o Curitiba a final da Copa do Brasil. Vôlei, basquete, e muitos atletas de outras modalidades esportivas se preparam para as Olimpíadas de Londres. Mas outros eventos mostram que a forma descontraída de viver dos brasileiros também abrangem diferentes manifestações culturais, onde podem se destacar algumas.

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Estátua viva de Drummond em Paraty / Osesp na Abertura do Festival de Campos de Jordão

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Tentando Olhar Alem do Próprio Umbigo Brasileiro

6 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 2 Comentários »

pauloEste texto é uma versão mais longa e completa sobre o assunto que foi resumido no nosso artigo que foi gentilmente publicado pelo Valor Econômico no último dia 2 de julho diante da limitação do espaço disponível. Entendo que é perfeitamente compreensível que todos nós tendamos a nos preocupar com as coisas que cercam e afetam diretamente as nossas vidas, principalmente quando se vive num país continental da dimensão brasileira. Mas, no mundo globalizado, vivemos todos numa aldeia, com os meios de comunicação social nos transmitindo muito do que ocorre em todo o universo quase instantaneamente, e que acabam nos influenciando de forma inexorável.

Sempre é conveniente que julguemos os problemas que enfrentamos localmente de forma comparativa com os que afetam outros países igualmente, até para que não sejamos dominados por um sentimento incorreto de vítimas isoladas. Existem algumas economias que estão diante de questões mais graves e outras que estão superando os mesmos problemas de formas adequadas, dentro das suas limitações que diferem a cada caso. Não se trata só de problemas econômicos, mas sociais condicionadas pelas suas histórias e culturas, dentro do quadro político em que estão inseridos. Muitos analistas se esquecem das limitações políticas de quem está no poder.

Dois artigos recentemente publicados por personalidades experientes ajudam a meditar sobre alguns destes problemas, ainda que de forma resumida mesmo neste texto. Um do R. Daniel Kelemen, doutorado em Stanford em ciência política, professor desta especialidade e atual diretor do Centro para Estudos Europeus da Universidade Rutgers, dos Estados Unidos. Ele se encontra na íntegra no site do Foreign Affairs, e que tem o título “O Novo Normal da Europa” (Europe’s New Normal) e mostra que vivemos na atual situação econômica instável que pode melhorar rapidamente ou voltar-se à direção dramática de uma piora. Sua leitura completa seria de alto interesse para todos, pois muitos detalhes importantes não podem ser tratados nestas notas. O autor ocupou outras posições acadêmicas importantes, tendo muitos livros publicados sobre a Europa.

Outro artigo interessante é de Noeleen Heyzer, doutorada em ciências sociais em Cambridge, que é subsecretária geral das Nações Unidas, secretária executiva da Comissão Econômica e Social para Ásia e o Pacífico, que publicou o artigo “Economias Asiáticas sob Prova” (Shock-Proofing Asia’s Economies). Este trabalho está integralmente no site do Project Syndicate, mostrando que atual situação “novo normal” de incertezas e volatilidades da economia global cria um turbulento ambiente externo para o crescimento da região Ásia-Pacífico em 2012. Mas os resultados na Ásia devem ser melhores que no resto do mundo. Seu artigo também merece uma leitura atenta, e vai muito além do resumo que está sendo apresentado neste texto. Ela também tem uma longa experiência de atuação em diversos organismos internacionais.

Kelemen mostra que os problemas atuais, como os da Grécia, semelhantes de outros países europeus, deixam os cidadãos, investidores e formuladores de políticas econômicas inseguros e não podem ser resolvidos rapidamente como uma mágica. Ele entende que a Europa não está à beira do colapso, manter-se-á unida com elevado custo, mas a sua recuperação exigirá muito tempo, tanto com a saída da Grécia do euro, como se ela receber ajuda do resto da Comunidade permanecendo nela. Ainda que alguns economistas entendam que a periferia da Europa poderia abandonar o euro, a sua opinião é que esta opção seria equivalente a um suicídio, provocando um colapso no sistema bancário e todas as suas consequências políticas.

O autor entende que os problemas dos países do sul da Europa são estruturais e antecedem à criação do euro. A Alemanha foi a principal beneficiária da criação da moeda comum e seria arrasada com a sua eliminação diante da extensão dos seus relacionamentos comerciais e bancários. Muitas reformas poderiam melhorar a situação presente, mas nenhuma seria uma panaceia.

O problema principal é a massiva acumulação de dívidas dos países periféricos que foi acelerada com as facilidades de crédito da década passada. Um volume tremendo de capitais foi transferido para países como a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. Ele gerou o crescimento destes países e elevou os seus salários, deixando-os sem competitividade e com débitos monstruosos. As insolvências se tornaram os “novos normais”.

A adequada governança veio sendo tentada por diversas formas. Qualquer união monetária onde os países mantêm a autonomia de tributação, dispêndios e contração de empréstimos são problemáticos, e foram tentadas as regulamentações no Pacto de Crescimento e Estabilidade, como cláusula do Tratado de Maastrich. Nunca foi obedecido, e tentaram o Mecanismo Europeu de Estabilidade para este verão europeu, que foi assinado por 25 países, mas foi flexibilizado para ajudar a Grécia.

Alguns analistas entendem que o problema só pode ser resolvido com uma verdadeira federalização, onde os efeitos monetários e comerciais possam ser compensados por substanciais transferências de recursos utilizados e mecanismos fiscais, como ocorrem nas federações.

Outro problema estrutural da Comunidade é o Banco Central Europeu, legalmente proibido de adquirir qualquer débito dos países membros, mas ele está sendo obrigado a adquirir bônus de diversos países, com a introdução de flexibilidades sobre as normas estabelecidas. Segundo o autor, as atuais tentativas de austeridade dos alemães se aproximam das regras de governança desejáveis, e poderiam resultar em progressos lentos, mas pelo que se observa não são aceitas pelas populações, como expressos nos resultados eleitorais.

Com o Banco Central Europeu admitindo que seja o emprestador de última estância, e necessita agir diante dos riscos do sistema bancário, que podem afetar o mundo todo como já ocorreu em 2008, alguns analistas admitem que já houve um primeiro avanço.

No que se refere à Ásia, no artigo de Noeleen Heyzer, informa-se que eles estão conscientes dos impactos do “novo normal” da economia global na região. Foram incluídos no relatório das Nações Unidos para 2012, na Pesquisa Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico. Devem reduzir o crescimento de 2012 sobre o que foi obtido em 2011, tanto pela elevação dos custos de capital como pelas perdas decorrentes das políticas monetárias e protecionistas de alguns países desenvolvidos.

Mas acreditam que o crescimento da região continuará acima da média mundial, continuando a desempenhar um papel de polo dinâmico da economia mundial. As relações Sul-Sul devem se estender pela África e pela América Latina, reduzindo ainda mais a dependência do baixo crescimento das economias desenvolvidas.

Mesmo com uma redução do crescimento da China e da Índia, ele ainda continua alto e alguns outros países do Sudeste Asiático, como a Tailândia e a Indonésia, devem ajudar regionalmente, além de se registrar uma redução da pressão inflacionária nesta parte do mundo.

O risco de uma desordenada solução para os riscos soberanos dos países europeus é considerado como uma possibilidade, e a que mais pode afetar a região asiática. Isto poderia reduzir em cerca de 10% suas exportações anuais, com perda de cerca de US$ 390 bilhões. Isto impactaria em redução de 1,3% do crescimento regional em 2012, reduzindo em 22 milhões de habitantes que deixariam a faixa da pobreza absoluta, que é definida como renda de US$ 2,00 por dia.

Outro desafio seria a volatilidade dos preços das commodities e perda de sua tendência de longo prazo. Isto também está sendo considerado como “novo normal”, exigindo que a economia regional se adapte à nova situação. Os países mais pobres da região devem resistir ao impulso no sentido da redução da especialização em commodities. Eles necessitam considerar a industrialização, diversificação e a criação de novas capacidades produtivas.

Outro aspecto considerado como um passo do “shock-proofing” nas economias asiáticas é o problema da redução do desemprego e redução das desigualdades. Um gradual processo de reequilíbrio apoiado na expansão do mercado interno precisa ser considerado, segundo a autora. Também o equilíbrio entre o crescimento e as pressões inflacionárias, não somente com medidas monetárias como o controle dos fluxos de capital, especialmente os débitos de curto prazo, além dos problemas de câmbio e desastres naturais que passam a ser considerados como do “novo normal”.

A autora considera que a atual crise de turbulência e incerteza está atingindo a Ásia num período do seu crescimento econômico, permitindo que existam espaços para manobras fiscais, com o aumento da cooperação dentro da região.

Estas considerações mostram que muitas das preocupações brasileiras são comuns com as de outros países. Como as autoridades brasileiras procuram se antecipar com medidas pontuais, agora complementadas pelas aquisições governamentais de produtos fabricados no Brasil, mesmo nos seus componentes, ampliando substancialmente o financiamento para a agricultura, continuando a baixar os juros reais.

Pode-se acrescentar que a América Latina também vai se complicando com as suas dificuldades e algumas tendências populistas no campo político, havendo maiores dificuldades para a ampliação da cooperação regional, que vai continuar a ser tentada em todo o mundo.

Seria desejável que as medidas brasileiras estejam dentro de uma estratégia mais ampla, que precisa ser informada adequadamente, tanto para o mercado interno como para os operadores internacionais, notadamente pelo Banco Central do Brasil, procurando maior adesão de outros segmentos que se sentem excluídos dos esforços que estão efetuados.


Entendendo Alguns Refluxos de Recursos Externos do Brasil

5 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , | 4 Comentários »

O jornal Valor Econômico de hoje publica em português uma notícia da jornalista Samantha Pearson, do Financial Times, informando que os japoneses retiraram cerca de US$ 30 bilhões do Brasil, recursos das chamadas “Mrs. Watanabe”, dos fundos que ficaram conhecidos como “Toshin”, informando que se trata de um fenômeno entre os varejistas, atribuindo este refluxo às preocupações sobre a estagnação da economia brasileira. Tudo indica que isto é parte insignificante da verdade, mas que existem outras razões para este refluxo, não se devendo constituir em preocupações de maior profundidade.

O fato concreto é que estes fundos obtiveram resultados excepcionais no passado em moeda estrangeira, bem acima dos dois dígitos reais anuais, com os juros reais elevados pagos pelo Brasil, ao mesmo tempo em que o risco cambial era praticamente inexistente, com a tendência firme de valorização do real. Mas os poupadores finais ficaram com parte desta remuneração que beneficiaram mais os operadores destes fundos que ficavam com a parte do leão.

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