Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Imperdível Suplemento Paladar do Estadão

22 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Gastronomia, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Existem alguns trabalhos jornalísticos que se destacam e que se constituem em importantes arquivos que devem ser estudados e consultados. É o caso da Edição Especial sobre Chocolate do suplemento Paladar do jornal O Estado de S.Paulo de nº 392 da semana 21 a 17 de março de 2013. Para quem teve a oportunidade de colaborar com a Ceplac – Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Canavieira desde a década dos sessenta do século passado, na qualidade do diretor do Banco Central do Brasil, encarregado do setor rural, é uma alegria recompensadora constatar a evolução de um trabalho sério e sistemático para a superação da famosa praga chamada “vassoura de bruxa” que determinou a sua decadência no Brasil, notadamente na região de Ilhéus na Bahia.

Hoje, o suplemento informa que se chegam às produções finas que aproveitam o terroir próprio da Mata Atlântica. Só para se conseguir a ideia geral de sua importância, pode-se reproduzir a declaração de Henrique Almeida, proprietário da Fazenda Sagarana: “Se depender do preço do cacau na bolsa, não sustento meus funcionários”. “Da última vez que vendi cacau comum, o preço da arroba (15 kg) foi de R$ 70, enquanto o cacau fino foi vendido a R$ 250, mais de três vezes o valor”, ou seja, cerca de R$ 0,0167 por grama. Quando, utilizando este cacau, o chocolate classificado por um júri do suplemento como o primeiro colocado entre os industrializados encontrados nos supermercados chegou a R$ 117 em 300 gramas, ou seja, aproximadamente R$ 0,39 por grama, produzido não somente utilizando aquele cacau, mas todos os demais ingredientes, embalagens, custos de comercialização etc. Grosseiramente, chegou a ser vendido por 23 vezes mais para o consumidor final, do que recebeu um bom produtor de cacau, considerando que um ótimo chocolate amargo chega a conter de 70 a 90% de cacau.

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Artigo Crítico a Política Brasileira no Foreign Affairs

21 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Um artigo publicado no Foreign Affairs reproduz as críticas que os oposicionistas ao atual governo fazem internamente. Informa que Dilma Rousseff está em campanha para a reeleição, aumentando as assistências para acabar com a miséria com a Bolsa Família, estimulando que os alunos sejam mantidos nas escolas. Ela descobriu mais 700 mil famílias que necessitam destas assistências, informando que o governo espera que votem nela na reeleição, num raciocínio bem simples. Cortou as tarifas de energia elétrica, eliminou os tributos sobre a cesta básica e reduziu as taxas de juros para estimular o consumo.

Segundo o artigo, ainda que estas políticas sejam populares, a economia brasileira continua pouco competitiva, fazendo com que o seu crescimento esteja abaixo de outros vizinhos latino-americanos ou concorrentes emergentes. A exportação de minérios vem aumentando, mas também a importação de produtos siderúrgicos, inclusive da China. Entendem que os trabalhadores estão sendo beneficiados, mas os sindicatos ligados ao PT entram em greve. O setor de petróleo captou volumosos recursos, mas as ações da Petrobras estão em forte baixa, diante da incapacidade de produção do petróleo do pré-sal, na região offshore.

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Ofensiva Chinesa na Comunicação Social Internacional

20 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

O presidente chinês Xi Jinping concedeu a primeira entrevista à imprensa internacional, para a qual foi convidada uma jornalista brasileira, Claudia Safatle, chefe da sucursal de Brasília do Valor Econômico. Constata-se a clara prioridade que a China vai dar ao mundo emergente nos seus reacionamentos internacionais, começando com a primeira visita à Rússia, país com que tem uma grande fronteira internacional, potencialidades de intercâmbio, mas também problemas políticos passados. A próxima visita internacional está prevista para a reunião dos BRICS na África do Sul, tendo revelado na entrevista que deseja entrevistar-se com a presidente Dilma Rousseff para aprofundar os intercâmbios que já começaram com sua visita a Lula da Silva, e deste à China. Não se trata somente do comércio de matérias-primas e produtos primários, mas avançar para setores de intercâmbio tecnológico e produções industriais complementares.

Segundo o artigo públicado pela Claudia Safatle no Valor Econômico, além das perguntas que foram programadas e as respostas na sua íntegra, existem apreciações do seu comportamento que se mostrou objetivo, pragmático e confiante, revelando o domínio que ele conseguiu nos assuntos do país. Ficou claro que a China não tem pretensões hegemônicas, mas é possível concluir que procura se livrar da pinça que os Estados Unidos e seus aliados armam pelo sul, via Oceano Índico e Pacífico, e ao norte pela Aliança Atlântica com a Comunidade Europeia.

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Xi Jinping durante entrevista coletiva para diversos órgãos de imprensa internacional

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Zona de Processamento de Exportação de Pecém

20 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Até que enfim. Apesar da legislação para a instalação de ZPE – Zonas de Processamento de Exportação estar aprovada há muitos anos, a sua efetivação tem demandado longas negociações no Brasil. A primeira foi a Zona Franca de Manaus há décadas, com o objetivo de iniciar a produção industrial na Amazônia, depois foi criada e instalada recentemente outra no Acre, na proximidade da capital Rio Branco. Agora, anuncia-se a efetivação da de Pecém no Ceará junto ao atual porto, começando com a instalação da Siderúrgica de Pecém, uma joint venture entre a Vale e as coreanas Dongkuk e Posco, esta última que ocupa a terceira posição no mundo atual depois da indiana AcelorMittal e a chinesa Baosteel, segundo os dados de 2010 e 2011. Há dados como da World Steel Association de 2011 informando que outra siderúrgica chinesa do Hubei Group que já teria superado mesmo a Baosteel. Deve-se seguir a instalação de uma refinaria da Petrobrás nesta ZPE, segundo notícias publicadas por Renata Veríssimo no jornal O Estado de São Paulo.

Informa-se que somente na siderurgia deverão ser investidos cerca de US$ 8 bilhões, para uma capacidade de produção de 3 milhões de toneladas de placas de aço, com início da operação em 2015, criando 4 mil empregos diretos. A Vale vai instalar também a Vale Pecém para processar 5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Nesta ZPE, deverá produzir 80% para a exportação, sendo 20% para o mercado interno, que ficará sujeito à tributação.

Em 2011, o Porto do Pecém deve fechar o ano com a movimentação de 3,8 milhões de toneladas de mercadorias. Os portos de Paranaguá e Antonina, até hoje, já movimentaram 37 milhões de toneladas de mercadorias, devendo ultrapassar o volume registrado em 2010, que foi de 38 milhões de toneladas. 
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Porto de Pecém no Ceará

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Leitíssimo Com Tecnologia da Nova Zelândia

19 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

A produção de leite no Brasil e no mundo sempre passa por ciclos difíceis de serem corrigidos. Um empreendimento de um grupo de neozelandeses encontrou no interior da Bahia, na fronteira de Minas Gerais com Goiás, as condições ideais para o seu novo gado leiteiro que chamam de “kiwicross”, que suporta o calor do cerrado, tornando-se vitoriosos na produção de leite que encontra uma boa aceitação no mercado brasileiro, conforme artigo publicado por Bettina Barros no jornal Valor Econômico. Conseguem em Jaborandi, na Fazenda Leite Verde, produzir mais que nos Estados Unidos, os maiores produtores mundiais por hectare, e contam com dez vacas por hectare, quando na Nova Zelândia conseguem somente três.

Os neozelandeses David Broad e Simon Wallace conseguiram este milagre tirando partido da água, sol e pasto farto, adaptando a tecnologia que adquiriram na Nova Zelândia. Pensam passar para a produção de produtos de maior valor agregado, com foco no leite desnatado e creme de leite aproveitados a partir da nata descartada. A Nova Zelândia é um pequeno país próximo à Austrália, e o Brasil já aproveitou a sua tecnologia para a produção intensiva de gado, com a ajuda do Banco Mundial no fim da década dos setenta do século passado, quando tive o privilégio de comandar o Conselho Nacional da Pecuária.

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Cruzamento de holandesas com jerseys, as vacas produzem leite de alta qualidade

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O Novo Governo Chinês

18 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Depois da posse do presidente Xi Jinping, a figura executiva mais importante da China é do primeiro-ministro Li Keqiang, que foi escolhido pelo Partido Comunista Chinês para compor dois importantes segmentos da política chinesa. Com uma vivência no exterior, os dois são líderes preparados e procuram ganhar a batalha da comunicação, concedendo uma entrevista à imprensa, dentro dos parâmetros chineses, mas denotando desejos de avanços claros, ao mesmo tempo em que conscientes das dificuldades que devem enfrentar.

Desde o tempo em que foram designados até a aprovação formal pelo PCC, os dois principais líderes tiveram um tempo para consolidar os seus discursos, ao mesmo tempo em que compunham a equipe governamental que mostra um esforço para atendimento das diversas tendências políticas, inclusive dos que não foram devidamente contemplados nas etapas anteriores. Como já postamos neste site, não existe mais o fácil consenso na China e as reformas que deverão ser implementadas gerarão reações que precisam ser neutralizadas. No fundo, trata-se de um desenvolvimento sustentável, com a perseguição da diminuição dos seus problemas como a poluição e as desigualdades.

O primeiro-ministro chinês Li Keqiang durante a sua entrevista à. Foto: Wu Zhiyi / China Daily

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Diversos Tipos de Ameixeiras Japonesas

18 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , | 2 Comentários »

Num artigo, mais um vídeo postado pelo parceiro deste site, no WebTown é possível conhecer a maravilha das ameixeiras chorão, conhecidas no Japão como Shidare Ume. Daquele país são mais conhecidas as cerejeiras que resultam numa explosão de flores, mas as variedades mais apresentadas se dispersam em poucos dias, salvo as do sul que são mais duráveis. O sakura expressa uma forma de sentimento da cultura japonesa, que é a rápida transitoriedade da vida, incorporada nos conhecimentos zens budistas.

Mas nos pequenos jardins japoneses sempre se encontra o ume, uma flor menos exuberante em quantidade, mais duradoura, que sempre é muito apreciada, pois suas árvores acabam dando a aparência de um arranjo como o do ikebana, ajudando a compor o conjunto que reproduz a natureza, numa forma aproximada de um bonsai, ou miniaturizada.

Neste caso do Shidare Ume está no Centro Agrícola de Nagoia, na região central do Japão, apresentando também cores brancas, diferentes das usuais rosas. Estas formas de chorões também fazem parte de uma das marcas da cultura japonesa, que pode ser interpretada como humildade, voltando seus ramos para baixo, que nem sempre é compreendida em outras culturas.

Nos países tropicais ainda não existe uma cultura para valorizar a extrema riqueza de sua biodiversidade, poucos conhecendo os nomes das plantas, das árvores e das flores, que também apresentam uma rica beleza, que sempre é mais admirada pelos visitantes estrangeiros, inclusive pesquisadores que deixaram muitos livros com seus registros.

Mas, vendo o que está se fazendo em todo o mundo, certamente vamos introduzir também na nossa cultura a valorização do meio ambiente que nos cerca.


Avanços na Incipiente Democracia Chinesa

17 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

As informações disponíveis sobre todos os regimes politicamente fechados são precárias e muitos no exterior possuem conceitos distorcidos sobre China. Ignoram que mesmo antes de Deng Xiaping já havia um incipiente mercado, mesmo no período mais duro do período de Mao Tsetung, quando os pequenos produtores rurais entregavam ao Estado metade de sua produção e havia pequenas feiras locais onde eles comercializavam a outra metade de sua produção, fora das fazendas coletivas. As liberdades econômicas ganharam impulso com as reformas introduzidas por Deng Xiaping, e com ela as incipientes medidas que tinham que se ajustar à nova realidade, tanto para atender as necessidades dos mercados como até algumas manifestações políticas que fugiam a possibilidade do controle central.

Num artigo conjunto de Jun Zhang, professor de Economia e diretor do Centro Chinês de Estudos Econômicos da Fudan University de Shanghai e Gary H.Jefferson, professor de Economia e Escola de Negócios Internacionais e chair de estudos do Leste Asiático da Brandeis University de Boston, USA, publicado no insuspeito Project Syndicate, trata com muita ponderação o assunto. Eles colocaram com ponderação que esperam a aceleração da descentralização na China com os novos líderes.

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Zhang Jun                                            Gary H.Jefferson

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Resenha de um Livro Sobre a Coreia no Japan Times

17 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 6 Comentários »

Daniel Tudor é considerado um respeitado jornalista internacional especializado na Coreia e é sempre interessante conhecer um país do ponto de vista destes profissionais. Jeff Kingston, especializado em Ásia, fez uma interessante resenha sobre o seu livro, “Korea: The Impossible Country”, editado pela Tuttle, 2012, cuja compra estou providenciando. Como tive oportunidades de conhecer algumas coisas deste país, principalmente em três épocas diferentes, logo depois do término da Guerra da Coreia, em torno de 1985, quando supervisionei o escritório de uma empresa em Seul, e mais recentemente quando o meu embaixador Edmundo Fujita exerceu a representação do Brasil naquele país, tenho particular interesse na evolução da Coreia, que como todos apresentam suas qualidades e suas dificuldades. O “impossible” se refere a impressionante superação de suas limitações econômicas e políticas.

Logo após o “armistício” de Guerra entre as duas Coreias, que formalmente ainda se encontra em litígio separado somente por uma Zona Desmilitarizada, o país que perdeu cerca de 10% da sua população dizimada pelo conflito, que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, estava literalmente destruída. Cooperando com o Comitê de Refugiados das Nações Unidas, ajudamos a trazer os primeiros imigrantes coreanos para o Brasil. Na ocasião, havia necessidade do ministro local autorizar a sua saída, que condicionou a decisão confidencial desde que seus familiares fossem incluídos. Apesar da recomendação de que lembranças do país fossem trazidas pelos imigrantes, quando o navio que os transportavam atingiram os limites das águas territoriais eles os lançaram ao mar, um sinal da desagregação do sentimento nacional daquela população naquela época.

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Efeitos Colaterais da Abeconomics no Japão

17 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Qualquer política econômica nos mais variados países provocam benefícios para alguns, mas também dificuldades para outros. No Japão atual, está se procurando adotar uma política visando à recuperação de sua economia, com uma política monetária mais flexível, que acaba desvalorizando o câmbio, perseguindo-se uma inflação de cerca de 2% ao ano, havendo possibilidade dos juros das poupanças populares contarem com juros negativos. Como as poupanças populares sempre foram altas no Japão, permitindo que seus recursos financiassem muitos programas, inclusive a pesada dívida pública do país, vai se mexer em algo importante, quando comparado com outras economias.

Um artigo no Japan Today, escrita pelos jornalistas Stanley White e Lisa Twronite, chama a atenção que os idosos japoneses chamados Silver Savers acabarão arcando com os custos da atual política que chamam na imprensa como Abeconomics. Cita o caso concreto de um casal, ela Kiyoko Kunigasa, de 74 anos, e o seu marido, de 76 anos, que continuam trabalhando produzindo um doce denominado doriyaki, que tem um recheio de feijão azuki doce. Eles se sustentaram nos últimos 49 anos com este pequeno negócio, poupando para quando não pudessem mais trabalhar, como um grande número de japoneses. Como as aposentadorias no Japão são de valores baixos, os japoneses poupam para poderem sobreviver na velhice condignamente, com os juros e recursos que acumularam que agora acabam reduzidas pela inflação.

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Abeconomics põe em xeque os idosos japoneses

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