Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Fusão das Bolsas de Nova Iorque e de Frankfurt

16 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

O anúncio da fusão das bolsas de Nova Iorque e Frankfurt é o sinal mais evidente da globalização das operações financeiras mundiais. É evidente que existe uma economia de escala nesta fusão e que resistências tiveram que ser removidas, mas a realidade econômica acabou sendo mais forte, provocando um acelerado esforço para o mundo Ocidental fazer frente aos avanços asiáticos. No mundo financeiro, já não existiam as barreiras territoriais e dos fusos horários, e os agentes que atuam nas bolsas eram obrigados a acompanhar desde o que acontecia na Nova Zelândia até nos Estados Unidos, durante as 24 horas de cada dia.

Uma nova realidade dramática é que os norte-americanos ficarão com 40% das ações que controlam a nova organização, com os europeus majoritários com 60%, mostrando que os Estados Unidos perderam a sua primazia econômica que detinham desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Na economia global, infelizmente, não existe nacionalidade.

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Relatório da Reuters Sobre os Jovens Japoneses

16 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

Uma cruel realidade japonesa está expressa num longo relatório especial escrito por Linda Sieg, com a colaboração de diversos outros profissionais da Reuters. Eles entrevistaram alguns jovens que lideram iniciativas, acadêmicos, como autoridades ligadas aos problemas dos jovens japoneses, chegando uma conclusão muito triste. A maioria dos atuais jovens japoneses está acomodada com a atual situação, quando a economia japonesa enfrenta terríveis problemas para sustentar os seus muitos idosos, inclusive com a possibilidade de aumento de tributos.

Um dos entrevistados é Keishiro Kurabayashi, 29, formado no departamento econômico da Universidade de Tóquio, trabalhou numa empresa de consultoria estrangeira e começou a sua própria empresa, que opera com uma rede social e jogos mobile. Megumi Kawashima, 27, é uma website designer, uma das que pertence a legião de fãs de comics e videogames, e afirma que esperar que o país cuide deles não permite que os mantenham vivos. “Precisamos ser sensíveis suficiente para saber das nossas necessidades e cuidar de nós mesmos”. Mas estes DIY youth (do it yourself) aparentam ser minorias, que acabam desaparecendo dentro de uma multidão de jovens passivos sobre o futuro.

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O Significado do PIB Chinês e Japonês

15 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

A humanidade sempre viveu de marcos e símbolos que precisam ser profundamente analisados nos seus significados. A oficialização dos dados que demonstram que o PIB chinês ultrapassou o japonês acabaram ganhando manchetes em muitos jornais do mundo, para decepção de muitos nipônicos, mas pouco festejo de cidadãos do País do Meio. Até pelo contrário, muitas observações dos chineses indicam uma preocupação, com novas pressões internacionais que devem sofrer.

O ponderado jornal econômico The Wall Street Journal publicou uma matéria mostrando que a diferença das cifras do PIB chinês de US$ 5,88 trilhões, que vem crescendo rapidamente, não difere muito do US$ 5,47 trilhões do japonês, estando muito longe dos US$ 14,66 trilhões dos norte-americanos, pelos dados publicados em janeiro deste ano. Em termos per capita, o da China ainda está somente em um décimo do Japão, entre os mais pobres do mundo, que leva uma ex-autoridade chinesa a descrever como “um país rico, com população pobre”. Mas o jornal alerta que os japoneses têm sido aliados geopolíticos dos norte-americanos, mas os chineses potenciais desafiadores.

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Tímidas Mulheres Japonesas

14 de fevereiro de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias | Tags: , ,

Ventos da liberação pop estão fazendo bem às mulheres japonesas. Takako Nagase, membro da Câmara dos Comuns, e outras 20 deputadas do Partido Democrático Japonês (do governo), se cotizaram para presentear o primeiro-ministro Naoto Kan com uma bela e inusitada gravata cor-de-rosa, pink cheguei. Amaldiçoado seja quem pensou mal: num momento em que o governo atravessa índice de aprovação flutuando perigosamente para baixo no meio de tempestades no parlamento, elas esperam que esse acessório inspire sortilégio mágico e sedutor ao ministro, projetando imagem renovada de forte e viril liderança junto ao público.

Nagase falou a repórteres que o ministro ficou muito feliz com o talismã e o colocou incontinenti. Espera-se que ele compareça usando a nova gravata nas próximas reuniões do Parlamento. Nos últimos anos, a imagem de várias deputadas em elegantes tailleurs bem cortados trouxe novos ares ao antes sisudo ambiente parlamentar de ternos escuros e sombrios. Até o momento, nenhum dos sérios e carrancudos parlamentares da ala masculina se manifestou a respeito da desinibida movimentação de suas colegas, que estão causando.

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Naoto Kan. Dia dos Namorados no Japão: entusiasmo de jovens garotas e muitos bombons em lojas

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Clima Mundial Preocupante

11 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , , ,

Todos sabem que a economia mundial é um animal muito arredio que teme os riscos decorrentes das incertezas que parecem estar aumentando por todos os lugares. A crise no Egito é a sua atual face mais dramática onde as manifestações populares que começaram na Tunísia provocaram a renúncia do Hosni Mubarak, sem que haja indícios sobre como será o futuro da região. Mais do que este fato, o lamentável foram os serviços de inteligência das potências internacionais se mostrarem incapazes de fornecer um quadro mais preciso das tendências, não fornecendo indícios de potenciais problemas em todo o mundo árabe. Ao mesmo tempo em que ocorreram vazamentos lamentáveis de informações diplomáticas dos Estados Unidos, que constrangeram a muitos dos seus aliados.

Sente-se também um aumento das tensões ainda latentes com o rápido crescimento econômico, político e militar da China, e a relativa queda da influência norte-americana na segurança dos mares que separam aquele país com seus principais vizinhos. Os apetites chineses em assegurarem os produtos indispensáveis para a manutenção do seu crescimento econômico prenunciam a intensificação das pesquisas em águas profundas.

Todos acreditam que se trata do interesse geral manter um razoável equilíbrio entre potências que estão tendo os seus poderes desgastados, com aqueles que estão num processo de ascensão. Mesmo que existam outros fatores que provoquem apreciáveis custos sociais diante dos envelhecimentos de algumas populações.

Ainda que todos admitam que o poder mundial necessita ser partilhado por maior número de países, ainda não se desenha claramente como ele ficará, por exemplo, no Grupo dos 20, com a participação de alguns emergentes. Mesmo com a tendência à consolidação da Organização Mundial do Comércio, os arranjos do Banco Internacional de Compensações não são suficientes para impor controles para as instituições financeiras privadas que, mesmo com a crise de 2008, continuam sem regulamentações adequadas.

Os fluxos financeiros internacionais, exagerados e em grandes montantes, podem provocar movimentos bruscos decorrentes das mudanças no quadro psicológico coletivo. Principalmente quando muitas decisões são tomadas por referências estabelecidas por duvidosas análises com usos de informática sem ponderações humanas, que também não são tão racionais como seriam de se desejar.

É evidente que a humanidade dispõe de mecanismos instintivos para a sua sobrevivência, não se aguardando crise agudas no futuro próximo. Mas seria sensato que regras adicionais de controle sejam estabelecidas no mundo financeiro, pois os interesses coletivos devem prevalecer aos de alguns segmentos.


Ação Coordenada do Brasil com os Estados Unidos

8 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , , , ,

images Os contatos entre as autoridades máximas dos dois maiores países das Américas sempre são importantes, principalmente quando os Estados Unidos iniciam a sua recuperação econômica e o Brasil pretende continuar mantendo um crescimento significativo como país emergente. Nem tudo são flores nos relacionamentos destes dois países, mas existem problemas comuns, sendo útil que suas ações sejam coordenadas no plano internacional. No entanto, para os que só dispõem de informações veiculadas pela imprensa, fica-se com a impressão que ainda falta uma idéia força capaz de promover uma maior aglutinação dos interesses comuns.

Na rápida visita preparatória do secretário do Tesouro Norte-americano Timothy Geithner fica claro que a pauta bilateral deve se concentrar nos assuntos econômicos, ainda que existam outros assuntos sensíveis do ponto de vista da política internacional. Pelo que afirmou publicamente o secretário, ambos os países têm o interesse que o câmbio chinês acelere a sua valorização, e até parecendo uma ação coordenada, o governo da China elevou a sua taxa de juros.

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Esforços Empresariais na Economia Japonesa

7 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Notícias provenientes de diversas fontes japonesas e estrangeiras informam sobre os esforços de adaptação que estão sendo efetuados pelas empresas japonesas para se ajustarem ao novo quadro econômico globalizado. Ora são projetos de expansão no exterior, ora são inovações tecnológicas, ora a junção de esforços de diversas organizações, todos de limitada dimensão. Denotam o quanto é difícil superar as dificuldades, quando elas se instalam e se consolidam.

Desenvolveu-se o conceito no Japão que eles acabaram ficando com uma cultura de “Galápagos”, muito particular de um arquipélago, difícil de ser utilizada no resto do mundo. Os que observam as diversas tentativas ora efetuadas notam que eles valorizaram exageradamente o trabalho coletivo, inibindo as iniciativas individuais que estimulam o surgimento de excepcionais empresários inovadores, como os apontados por Joseph Schumpeter. Os méritos individuais precisam ser reconhecidos, pois muitos dos prêmios Nobel japoneses desenvolveram os seus trabalhos no exterior, mostrando que existem dificuldades nas suas organizações internas.

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Ainda que os trabalhos coletivos sejam importantes, há que reconhecer o papel dos estadistas, sempre individuais, tanto políticos como empresariais, capazes de exercer uma liderança que arrastem multidões de seguidores de suas iniciativas. O Japão parece ter desenvolvido uma cultura onde estes talentos individuais são inibidos.

Como mero exemplo, nas escolas japonesas, os alunos que se destacam acabam sofrendo o chamado “ijime”, uma espécie de sanção imposta pelos seus colegas para que se iguale na mediocridade dos demais. Os desenvolvimentos tecnológicos dentro das empresas japonesas costumam decorrer do acúmulo de pequenas contribuições de toda a equipe interna, sem que contribuições externas importantes sejam também incorporadas, ou reconhecidos os talentos individuais.

Parece conveniente que os intelectuais, acadêmicos e as lideranças japonesas façam uma autocrítica do comportamento das últimas décadas, que se seguiu ao chamado milagre econômico, que decorreu em grande parte da desvalorização cambial permitida pelo resto do mundo. Lembre-se de que o câmbio japonês manteve-se, por muito tempo, a 360 ienes por dólares, acabando por se modificar pelo chamado Acordo de Plaza.

Nada indica que as muitas qualidades dos japoneses deixaram de existir. O hábito de uma elevada poupança, a parcimônia nos desperdícios, a dedicação ao trabalho. Mas o sucesso econômico fez com que fossem exageradamente condescendentes com seus filhos, que não mais necessitavam fazer os sacrifícios que foram efetuados pelos seus antepassados, criados num arquipélago dotado de poucos recursos e muitos desastres naturais.

Há que se recuperar o espírito de enfrentar as limitações, usando-as como desafios para novas criações. Não se pode permitir que o melhor de sua juventude se conforme com a mediocridade, ou se desespere até chegar ao suicídio. Seria interessante estimulá-los a trabalhos voluntários em países que enfrentam as mesmas dificuldades dos seus antepassados, no sudeste asiático, na África ou outros rincões isolados de extrema pobreza.

O Japão tem ainda um grande papel a desempenhar no mundo, com tudo que já acumulou. Mas precisa se conscientizar que faz parte deste mundo, necessitando incorporar também as culturas que permitiram a sobrevivência dos outros. Não pode continuar a viver na dependência de outros países, é preciso “desmamar” os japoneses.

Muitas das considerações desta nota são duras e a generalização é sempre injusta. Mas o mundo não pode ficar indiferente diante da deterioração que continua ocorrendo no Japão. Há que se recuperar e voltar às grandes iniciativas que os caracterizaram antes mesmo do surgimento dos chamados Tigres Asiáticos, quando chegavam ao outro lado do mundo, como o Brasil, para viabilizar iniciativas conjuntas que beneficiaram todo o mundo.

Intercâmbios com o exterior, sem dúvida, mas não se sujeitar vergonhosamente à dependência alimentar, energética, de defesa externa. Parece chegada a hora de levantarem novamente suas cabeças, sem ficar lamentando indefinidamente suas desgraças. Se não contam com quadros masculinos, há que se socorrer das que enfrentaram as dores do parto, como lembrava o saudoso Toshiwo Doko, referindo-se à Margareth Thacher.


Cenas do Inverno Japonês – II

7 de fevereiro de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias | Tags: , , , ,

À previsão de mais frio a noroeste do país, ao longo da costa do Mar do Japão, outras notícias aquecem corações. No fim do ano, famílias que estavam indo passar o feriado com parentes idosos ficaram bloqueadas pela tempestade de neve nas estradas, tendo que permanecer longas horas dentro de seus carros, ou até a pernoitar. Muitos casais estavam com crianças pequenas.

Pois chegam relatos televisivos de que prefeituras de vilarejos e gente da área rural afetada pela neve estão recebendo cartões, cartas e lembrancinhas de agradecimento das pessoas que, surpreendidas pela tempestade e presas dentro dos carros, tinham obtido pequenas, inolvidáveis atenções dos habitantes locais. Estes fizeram plantões nas estradas levando bules de café e chá quentes, bolinhos de arroz, udon fumegante (sopa de macarrão), e repartiram o infalível toshi-koshi soba (consomê de macarrão sarraceno, típico da passagem de ano); facilitaram uso de lavatórios e banheiros, levaram palavras de conforto. Ao nos inteirar que aquelas pessoas obrigadas a passar o réveillon na estrada tinham afinal tido uma passagem de ano não completamente abandonadas à solidão congelada, fica-nos uma sensação de terno aconchego – apesar de em mundos tão distantes.

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Programa da TV Globo News Sobre o Brasil na China

7 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

É com grande satisfação que assisti ao programa da TV Globo News sobre importantes aspectos da vida dos brasileiros na China, de forma mais específica em Xangai. Sendo um dos pioneiros que iniciaram a presença empresarial brasileira na China em 1985, começando por Beijing, mas tendo visitado Xangai naquela época como no ano passado, sou uma das testemunhas do aumento da presença brasileira naquele dinâmico país emergente, que vem despertando a atenção mundial. Temos que aumentar programas como estes na mídia brasileira, pois os nossos conhecimentos sobre aquele imenso país ainda são limitados. Temos que preocupar também que programas sobre o Brasil sejam apresentados para os chineses.

Xangai é certamente uma das portas de entrada dos estrangeiros na China, não só por ser um porto importante, como uma metrópole que tem uma longa tradição internacional. Desde a época do fim da Guerra do Ópio, no século XIX, ingleses, franceses e japoneses detinham concessões de áreas na cidade de Xangai, com direito de extraterritoriedade, como se fossem áreas de embaixadas ou consulados. É hoje uma das áreas mais dinâmicas da China, com acentuada presença de estrangeiros.

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Cenas do Inverno Japonês

4 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , , ,

Enquanto no hemisfério sul – da América do Sul à Oceania – chuvas intensas afligem cidades, rios, montanhas e populações, trazendo temporais, índices pluviométricos recordes ou ciclones, o hemisfério norte sofre igualmente, afundado em neve. Frio e precipitação de neve atingem recordes nunca vistos, de Chicago-EUA a Niigata-Japão e do Golfo de Bohai-China a Pyongyang- Coreia do Norte.

Na região noroeste de Honshu, que Yasunari Kawabata chamou Yukiguni, País das Neves, províncias como Fukui, Nagano, Niigata, estão pedindo ajuda a tropas da Força de Defesa Nacional: cidades estão enterradas sob neve de dois metros ou mais, há ameaça de avalanches, e colapso de eletricidade e abastecimento. Estradas e linhas bloqueadas obrigam viajantes a pernoitarem dentro de trens paralisados. Idosos que moram só sofrem muito: permanecem sitiados dentro de casa incapazes de remover neve que se acumula nos telhados e enterram portas e janelas.

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