Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Fotos de Avião de Controle Remoto da Fukushima Daiichi

3 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , | 2 Comentários »

As melhores fotos de alta definição da Fukushima Daiichi foram obtidas por um UAV (avião de controle remoto) até hoje. Uma preciosa coleção de ótimas fotos desde antes do acidente até hoje, de diversas fontes estão com legenda em inglês no site: http://cryptome.org/eyeball/daiichi-npp/daiichi-photos.htm

Como não estamos devidamente informados sobre os direitos autorais destas fotos, solicitamos o acesso ao site, mas que tomem os devidos cuidados na utilização das mesmas para efeito de divulgação profissional.


Notícias Sobre Interesses Chineses na Soja Brasileira

2 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Com as dificuldades por que passam muitos importantes órgãos de comunicação no mundo, muitas das notícias tornam-se mais superficiais, não permitindo a exata compreensão dos problemas envolvidos. Os meios eletrônicos são extremamente rápidos e todos os consumidores de informações acabam se contentando com trechos curtos que nem sempre são capazes de transmitir as questões mais complexas, mas influem nos veículos que poderiam efetuar coberturas mais detalhadas. Os leitores parecem se contentar com meros títulos. Muitos veículos estão registrando o crescente interesse dos chineses por fontes de fornecimento de produtos do exterior, cujos consumos estão se elevando na China.

Informa-se que a prioridade chinesa, um dos países que procura assegurar um suprimento estável de energia, de matérias-primas e alimentos de toda a natureza, volta-se com elevado interesse pelo Brasil. Ninguém pode duvidar desta intenção, que deve se explicitar mais profundamente por ocasião da visita da presidente Dilma Rousseff àquele país, aproveitando a reunião do grupo BRICs. No entanto, nem todos os dados são fornecidos acuradamente, para permitir a sua devida compreensão.

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Empresários chyineses demonstram interesse em investir no porto público do Complexo Logístico Intermodal Porto Sul

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Retrato de Corpo Inteiro do Japão

2 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

Uma vida é importante para todos nós. Até um cão que foi encontrado no mar depois de três semanas do terremoto e tsunami, que afetaram fortemente a região nordeste do Japão, virou notícia em todo o mundo. As manchetes da mídia ainda informam sobre o drama do que ocorre em Fukushima Daiichi, as procuras pelos desaparecidos, os atendimentos aos desabrigados, as cooperações e doações nacionais e internacionais e os esforços de reconstrução, as tentativas de voltar à vida normal. Tudo mais que natural, mas seria interessante tem um panorama geral do Japão de hoje, fugindo das informações que distorcem a realidade, talvez menos interessante, mas mais profunda.

O que está acontecendo com todo o Japão hoje? Aquele país conta com cerca de 128 milhões de habitantes, os lamentáveis falecidos e desaparecidos giram em torno de 30.000 pessoas, ou seja, de cada 10.000 habitantes pouco mais de duas pessoas estão nestas lastimáveis estatísticas. No Brasil, o número de mortos nos acidentes de trânsito anual supera esta cifra. Mais de 99,97% da população japonesa sobreviveram e estão bem, lutando e trabalhando normalmente, de forma anônima.

O esforço concentrado de mais de 25.000 soldados das Forças de Defesa do Japão com os militares norte-americanos neste fim de semana, com o apoio dos melhores equipamentos disponíveis para localizar os corpos, podem chegar a cerca de 400 novos, mostrando as dificuldades de encontrá-los.

Neste desastre, uma das maiores da humanidade nos últimos anos, estima-se que cerca de 600.000 pessoas, no seu pico máximo, foram desalojadas, sendo atendida nos abrigos improvisados, número que já deve estar em torno de sua metade hoje. Muitos já foram reacomodados em outras áreas, com seus familiares, amigos e residências disponíveis, ou seja, resta em torno de 25 desalojados entre cada 10.000 habitantes, que continuam sendo muitos.

O Japão conta com cerca de 55 complexos atômicos que fornecem 30% da matriz energética daquele país, e a que foi afetada é a Fukushima Daiichi, sendo que na mesma província existe a Fukushima Daini. Os trabalhos estão acelerados, agora com a cooperação internacional. Por precaução, algumas foram desligadas e todas estão passando por revisões, pois a intensidade dos terremotos e tsunamis superou as expectativas dos projetistas. Cerca de 100 abalos acima de 6 graus Richter, considerado elevado, foram registrados desde aquela semana fatídica de 11 de março, nas mais variadas regiões japonesas. Isto assusta os estrangeiros, mas os japoneses estão treinados para estes problemas. Os mais profundos problemas de administração do país vêm de longa data, com limitações no comando central, tanto do governo como da empresas excessivamente burocratizadas.

Informa-se que mais de 90% da infraestrutura japonesa abalada pelos acidentes naturais já foi reconstruída pelo pessoal local. Todos estão engajados nesta obra gigantesca, nas frentes de trabalho, em toda a gigantesca periferia da sociedade japonesa. Existem alguns problemas de abastecimento, mas já são mínimos, com os de gasolina. O racionamento da energia elétrica foi suspenso em muitos lugares, pois a colaboração da população está reduzindo o seu consumo de forma voluntária.

Os neons, como de Ginza, foram desligados, os consumos considerados de luxo foram reduzidos, mas as lojas de varejo estão vendendo mais que no mesmo período do ano passado. Alimentos frescos, águas, pilhas, produtos industrializados de preparo instantâneo etc. Haverá uma forte reestruturação da economia japonesa, que pode voltar mais vigorosa.

Todas as atividades relacionadas à reconstrução civil estão aceleradas, dentro do possível no momento. A quase totalidade das escolas funciona normalmente, os jogos do beisebol colegial estão sendo transmitidas pelas televisões, bem como as novelas, as empresas voltaram a empregar os recém-formados.

Quando se pergunta aos familiares do Brasil sobre seus parentes que vivem no Japão, as notícias é que tudo está bem, pelas informações transmitidas pelos telefones, internet ou outros meios eletrônicos. Com pequenas inconveniências, como as limitações do consumo de energia, principalmente nas regiões mais afetadas do nordeste do Japão. Mais desinformados, os que estão no exterior estão mais alarmados que os que vivem naquele país.

Existem problemas das expectativas futuras com relação aos pequenos agricultores e pescadores da região nordeste, mas o governo será obrigado a proporcionar-lhes assistência, efetuando programas como o de land development, como os que foram feitos na província de Ibaraki, na região de Tsukuba, hoje a mais importante cidade científica do Japão.

Os voluntários continuam trabalhando, arrecadando doações, executando trabalhos de assistência por toda a parte. Até estrangeiros que deixaram o Japão estão retornando, a vida está voltando ao normal.

A solução dos problemas das usinas de Fukushima Daiichi levará meses, até o governo admite, mas os graus de radiação continuam se reduzindo em todo o Japão.

As comemorações das floradas das cerejeiras estão mais modestas, mas a primavera já chegou ao Japão. Que ela seja de um grande esforço de reconstrução de sua economia e sociedade, fazendo que aquele país e o seu povo voltem a ocupar o destaque que eles merecem no cenário mundial, dando a sua contribuição cultural, dedicação ao trabalho, de suas tecnologias e suas poupanças para o resto do mundo.

Uma nova geração de japoneses deve assumir o comando do país, muito mais inserido no mundo globalizado, tanto na política como na economia, de forma gradual. Acredita-se que o Japão está passando por um novo ponto de inflexão, como quando terminou a Segunda Guerra Mundial.


OSESP E SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA SE UNEM AO PROJETO ‘SOS JAPÃO’ PARA PROMOVER CONCERTO BENEFICENTE NA SALA SÃO PAULO

1 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Destaque | Tags: , , | 14 Comentários »

A apresentação contará com a participação de músicos japoneses e nipodescendentes e com obras de Heitor Villa-Lobos, Toru Takemitsu e Yoshinao Nakada

Em uma iniciativa inédita, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e a Secretaria de Estado da Cultura se juntam a um grupo de entidades japonesas para uma ação que visa arrecadar fundos em prol das vítimas dos recentes desastres naturais que devastaram a região Nordeste do Japão.

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O concerto realizado pela Osesp, na Sala São Paulo, acontecerá no dia 11 de abril, exatamente um mês após a tragédia, e abrirá as atividades da campanha SOS Japão, que conta ainda com dois jantares –um no Hotel Unique e outro no Palácio dos Bandeirantes- e demais atividades ainda a serem divulgadas. Todas as receitas geradas pelos eventos serão revertidas à causa.

A apresentação contará com artistas japoneses que fixaram residência no Brasil, como a maestrina Naomi Munakata e a soprano Eiko Senda; bem como de artistas nipodescendentes, caso do pianista Fernando Tomimura. A eles se juntam o maestro brasileiro Wagner Polistchuk.

O repertório terá início com o Réquiem, de Toru Takemitsu, obra inédita no Brasil, que será tocada pela Orquestra de Cordas da Osesp, sob regência de Wagner Polistchuk. Na sequência, a maestrina Naomi Munakata comanda o Coro da Osesp em três obras de Villa-Lobos, Pater Noster, Ave Maria, e Bachianas Brasileiras nº5, esta última com a participação do naipe de violoncelos da Osesp e da solista Eiko Senda. Ainda sob regência de Naomi Munakata, as Vozes Femininas do Coro da Osesp cantam a Suíte Borboleta, do japonês Yoshinao Nakada, com solos do pianista Fernando Tomimura. O espetáculo se encerra com as Bachianas Brasileiras nº9, regidas novamente por Wagner Polistchuk

O concerto contará com o patrocínio da CBMM e Camargo Corrêa e apoio do Instituto Tomie Ohtake e da Ingresso Rápido.

Doações para a SOS Japão também serão recebidas na noite do espetáculo.

SOS JAPÃO

Sensibilizados com a catástrofe que recentemente abalou o Japão e deixou cerca de 10 mil mortos e 17 mil desaparecidos, sete entidades japonesas sediadas no Brasil – Bunkyo, Kenren, Kodomo no Sono, Kibo No Iê, Ikoi No Sono, Hospital Santa Cruz e Consulado Geral do Japão – estão promovendo uma campanha para ajudar as vítimas da tragédia que atingiu o país no último dia 11 de março. A iniciativa, batizada de SOS Japão, já tem três eventos confirmados e outros dois em planejamento, todos com a renda revertida para as vítimas.

Sala São Paulo

Segunda, 11/4 (21h);

Preço único: R$50

Aposentados, pessoas acima de 60 anos, estudantes e professores da rede pública têm 50% de desconto, mediante comprovação
Recomendação etária: 7 anos
Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners.
Ingressos também pela Ingresso Rápido 4003-1212 – www.ingressorapido.com.br

Estacionamento: 611 vgs (20 para Portadores de Necessidades Especiais e 33 para Idosos) – R$ 12.
Sala São Paulo (1484 lugares) – Pça. Júlio Prestes 16

Bilheteria: (11) 3223-3966.

Regentes

WAGNER POLISTCHUK

Diretor artístico e regente titular da Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina em 2003 e 2004, Wagner Polistchuk tem se apresentado à frente de importantes orquestras como a Osesp, as Sinfônicas da USP, do Theatro Municipal de São Paulo, de Santo André, do Teatro Nacional de Brasília, de Mendoza, na Argentina e a Hermitage Orchester, na Suíça. Destacou-se em concursos internacionais no Brasil, Itália e Suíça e foi solista convidado da Landesjugendorchester Bremen da Alemanha na turnê por São Paulo. Em 2009 tornou-se diretor artístico da Camerata Antiqua de Curitiba.

NAOMI MUNAKATA

Nascida no Japão, Naomi estudou piano, violino, harpa e canto. A vocação para a regência começou a ser trabalhada em 1973, com os maestros Eleazar de Carvalho, Hugh Ross, Sérgio Magnani e John Neschling. Anos depois, ganhou o prêmio de Melhor Regente Coral, pela APCA. Em 1986, recebeu do governo japonês uma bolsa de estudos para o curso de aperfeiçoamento em regência da Universidade de Tóquio. Participou de cursos internacionais na Inglaterra, Holanda e Suécia. Hoje, acumula as funções de professora da Faculdade de Artes Alcântara Machado e da Escola Municipal de Música de São Paulo (onde é também regente do coro), de coordenadora do Coral Jovem do Estado de São Paulo e, junto à Osesp, de coordenadora e regente dos Coros Sinfônico e de Câmara.

Solistas

EIKO SENDA – Soprano

Nascida no Japão, Eiko Senda conquistou os primeiros lugares no Wakayama Intl. Music Competition e no Takarasuka Intl. Chamber Music Competition, em 1988. Em 2001 venceu o Concurso Maria Callas. Desde 1995, quando mudou-se para o Brasil, Eiko já foi a personagem protagonista em diversas óperas e apresentou-se em diversos recitais nos mais importantes teatros do país. Entre outras atividades, Eiko Senda promove, como diretora musical, concertos de câmara educativos, abertos ao público, na Universidade de São Paulo (FAU em Concerto).

FERNANDO TOMIMURA – piano
Sua atuação inclui apresentações como concertista, recitalista e camerista ao lado dos principais nomes do cenário musical brasileiro, e repertório diversificado. Além do Brasil, já se apresentou na Alemanha, Finlândia, Rússia, Espanha, Portugal, França, Polônia, Hungria, Áustria, Suíça, Argentina e Chile. É pianista da Fundação Osesp e da Escola Municipal de Música de São Paulo. Em 1999 estreou como diretor musical na ópera A Solteirona e o Ladrão de Gian Carlo Menotti. Fez a estreia brasileira de obras de Béla Bartók e Silvio Ferraz e gravou trilhas sonoras para filmes. Em 2006 gravou, de Willy Corrêa de Oliveira, a série para piano “Velhos Hinos Cantados de Novo”.

OsespDesde 1954, a Osesp trilhou uma história de conquistas, que culminou em uma instituição reconhecida nacional e internacionalmente pela qualidade e excelência. Foi dirigida pelo maestro Souza Lima e pelo italiano Bruno Roccella, mais tarde sucedidos por Eleazar de Carvalho, que por 24 anos permaneceu à frente da Orquestra e deixa um projeto para sua reformulação. Com o apoio do Secretário de Cultura e o empenho do Governador Mario Covas, em 1997 o maestro John Neschling é escolhido para assumir a direção artística e conduzir essa nova fase na história da Osesp. A Sala São Paulo é inaugurada em 1999 e, nos anos seguintes, são criados os coros Sinfônico, de Câmara, Juvenil e Infantil; o Centro de Documentação Musical Maestro Eleazar de Carvalho; o Serviço de Assinaturas; o Serviço de Voluntários; os Programas Educacionais; a editora de partituras Criadores do Brasil; e a Academia da Osesp. Em maio de 2009, a Osesp ganha o XII Prêmio Carlos Gomes na categoria Orquestra Sinfônica, pelo conjunto de apresentações realizadas durante o ano de 2008. Indicada pela revista inglesa Gramophone como uma das três orquestras emergentes no mundo às quais se deve prestar atenção, a Osesp dá continuidade ao projeto de ampliação constante da cultura musical brasileira e para a Temporada 2010 conta com o maestro francês Yan Pascal Tortelier como regente titular e o músico e escritor Arthur Nestrovski como diretor artístico.

Instituída em junho de 2005, a Fundação Osesp administra a Orquestra, a Sala São Paulo e, consequentemente, as relações de trabalho de mais de 290 pessoas – entre músicos, administração e técnicos – permitindo maior agilidade administrativa, ampliação de parcerias e melhoria na qualidade dos serviços oferecidos.

Mais informações:

www.osesp.art.brhttp://twitter.com/osesp[email protected]


O Nikkei Pede Mais Informações Sobre a Crise Nuclear

1 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , | 4 Comentários »

Está se registrando uma pressão interna e externa por mais informações sobre a crise nuclear japonesa, relacionada aos problemas do complexo de Fukushima Daiichi, que compreende seis unidades atômicas de geração de energia. O jornal econômico japonês Nikkei, que costuma ser comedido e conservador, utiliza hoje até a expressão que a Tepco “have done a poor job of releasing information” (tem feito um pobre trabalho de divulgar informações). A agência governamental de Segurança Nuclear e Industrial junto com a companhia elétrica, segundo o jornal, tem divulgado notícias fragmentadas, confusas e em alguns casos errôneos sobre as usinas afetadas pelo terremoto e tsunami.

Esta agência que está subordinada ao METI – Ministério de Economia, Indústria e Comércio do governo japonês deve ser reestruturada pelo governo, passando a ser independente. Segundo o Nikkei, eles oferecem scraps (sucatas) de informações que só aumentam a ansiedade do público, utilizando expressões pouco claras para esclarecer a situação e as estratégias para conter a crise.

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Presidente da TEPCO, Masataka Shimizu, e membros da Nuclear and Industrial Safety Agency

Como os problemas das usinas de Fukushima Daiichi devem demandar um longo tempo para serem totalmente resolvidos, há que melhorar esta comunicação. O ministro Yukio Edano vem admitindo estes prazos, e as radioatividades liberadas já superaram a de Three Mile nos Estados Unidos, e mesmo o japonês Yukiya Amano, diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica, diz que elas não devem voltar a funcionar, a exemplo de Chernobyl. Segundo o jornal, há necessidade do governo proporcionar uma descrição do que chamou “big picture”, uma espécie de quadro geral.

Para tanto, deve intensificar o fornecimento de informações relevantes com grande regularidade, inclusive com a colaboração externa, segundo o Nikkei, utilizando os meios que estão sendo usados pelos norte-americanos como o RQ-4 Global Hawk, um veículo aéreo que detecta as radiações em torno do complexo. As tropas do Sistema de Defesa do Japão não contavam com todas as informações sobre as áreas em que lançaram água.

Segundo o jornal, ainda é tempo para estabelecer um sistema de gerenciamento da crise, distribuindo as informações, estabelecendo objetivos de curto prazo e explicitando os planos para atingir os objetivos. A crise de Fukushima deve provocar mudanças radicais na política energética japonesa, com implicações em todo o mundo. Eles entendem que o Japão é responsável pelas informações acuradas sobre o que está acontecendo e o que vai acontecer.

Pelo visto, passadas três semanas do acidente natural, a carência dada aos responsáveis esgotou-se.


Localizando os Desaparecidos com o Tsunami

1 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , ,

A agência de notícias Kyodo informa que haverá um esforço concentrado de três dias, deste a sexta e neste fim de semana, com a participação dos militares do Sistema de Autodefesa do Japão – SDF e norte-americanos, para localizar os desaparecidos nas cidades mais afetadas pelo tsunami, que continuam estimados em mais de 15.000. Dezenas de navios e helicópteros, contando com mais de 25.000 militares, se juntarão aos policiais, bombeiros e membros da Guarda Costeira. A área a ser coberta incluem praias, muitas que continuam submersas, rios das províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima, com cerca de 18 quilômetros de costa.

Cerca de 100 aviões e 50 navios são do SDF e 20 aviões e 15 navios dos militares norte-americanos. Mas a busca não incluirá a área dentro de um raio de 30 quilômetros das usinas de Fukushima Daiichi, que apresentam riscos de contaminação. Alguns poucos moradores que estão aquém do limite de 20 quilômetros e outros dos 30 quilômetros voluntários, continuam resistindo à evacuação.

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As buscas pelos desaparecidos serão intensificadas

As buscas já vêm sendo efetuadas utilizando, inclusive, equipamentos pesados que foram deslocados de outras províncias para remover entulhos e lixos acumulados na região. Pelos critérios japoneses, só são considerados na estatística dos mortos os corpos que foram localizados.

Este esforço concentrado acaba sendo indispensável, pois já se passaram três semanas dos acidentes, aumentando os riscos de propagação de doenças. Ajudarão a esclarecer as dúvidas de seus familiares que continuam angustiados, muitos que continuam nos abrigos improvisados na região.

Segundo o artigo constante do site do Nikkei, utilizando informações da agência Dow Jones, na entrevista coletiva concedida hoje, o primeiro-ministro Naoto Kan informou que está enviando uma proposta de um orçamento adicional, que no ano fiscal japonês começa neste primeiro de abril. Destina-se às assistências das vítimas, como os esforços de reconstrução, bem como os trabalhos relacionados com a redução da contaminação das usinas que continuam apresentando problemas de radiações.

O ministro da Economia Kaoru Yosano estima, preliminarmente, que o custo do desastre pode estar entre Yen 16 trilhões a Yen 25 trilhões, ou seja, entre cerca de US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões. Parte será arcada por aumentos de impostos, como o proposto até pelo Keidanren (Federação das Organizações Econômicas), a cúpula máxima do empresariado. Outra parte, estimada em cerca de 50%, deve ser financiada com a colocação de títulos públicos, que no Japão costuma ser de longo prazo e juros mínimos.


Naoto Kan na Terceira Semana Após os Terremotos

1 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , , , | 6 Comentários »

Lamentavelmente, na entrevista coletiva concedida hoje, após três semanas dos terremotos e tsunamis que arrasaram principalmente o nordeste do Japão, o primeiro-ministro Naoto Kan expôs inicialmente generalidades de agradecimentos, dando uma demonstração que não se trata de um líder com ideias próprias para resolver os problemas ainda existentes e comandar a reconstrução do Japão. A entrevista começou aproximadamente às 17h daquele país, em japonês. Kan vestia terno com gravata, mesmo que no auditório os muitos jornalistas estivessem mais informais, dado o calor do ambiente.

Poderia dar uma demonstração da economia de energia. Isto contrasta, por exemplo, com o ex-premiê Junichiro Koizumi, que mesmo no seu gabinete já utilizava roupas informais, como os uniformes de combate que vinham sendo utilizados pelas autoridades, para transmitir uma imagem de forte engajamento nos trabalhos de socorro e reconstrução. É preciso entender que já estamos na primavera japonesa, no começo de abril, com floradas das cerejeiras em Tóquio, e é conveniente aparentar que as autoridades estão engajadas nas soluções para as dificuldades que desgastam politicamente.

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Primeiro-ministro Naoto Kan

Como novidade, Kan se referiu às novas construções em lugares mais elevados para abrigar as famílias que perderam suas casas. As reconstruções serão feitas segundo as sugestões da população, que receberá assistências que dependem do orçamento que vai ser executado a partir de hoje. Ele citou as assistências técnicas que o Japão está recebendo dos norte-americanos, franceses e de especialistas da Organização Internacional de Energia Atômica, mas informou que as discussões ainda estão sendo feita em nível técnico, ficando em promessas genéricas. Respondendo perguntas dos jornalistas aparentou ser um “sabonete”, escorregando por considerações gerais, ainda que solicitado a informar sobre ações concretas.

Informou que a TEPCO não será estatizada, mas o governo ajudará nas coberturas dos déficits que devem ocorrer, tanto pelas desativações de algumas de suas usinas atômicas como indenizações que terão que ser pagas. A tudo respondia que os estudos estão sendo efetuados, ouvindo as diversas partes para formular as diretrizes da reconstrução. Mais informações devem ser transmitidas por toda a imprensa, no Brasil com alguma defasagem.


Reconstrução Industrial do Japão

31 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , ,

O jornal econômico japonês Nikkei publicou hoje um editorial sobre alguns casos de reconstrução de indústrias afetadas pelos terremotos e tsunamis, notadamente no nordeste do Japão, informando que todas elas estão muito ocupadas reparando suas instalações para poder voltar a operar plenamente. Como noticiado em muitos jornais, o fornecimento de componentes japoneses afetaram indústrias, não só no Japão, como em muitas partes do mundo globalizado. Eles esperam que na reconstrução contem com oportunidade para alguns aperfeiçoamentos, com novos avanços tecnológicos.

Yasushi Akao, presidente da poderosa Renesas Electronics, fornecedora de chips para muitas empresas em todo o mundo, informa que sua unidade de Naka, na Província de Ibaraki, foi fortemente abalada, mas deve voltar a funcionar em julho próximo. O brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Nissan Motor, depois de visitar a sua fábrica afetada em Iwaki, Província de Fukushima, espera que a unidade esteja operando com sua plena capacidade no começo de junho próximo. Akio Mimura, o influente chairman da Nippon Steel, sócia da Usiminas do Brasil, mostra-se otimista sobre a visão da reconstrução afirmando que “ainda que os danos aparentem serem devastadores, nesta crise os empregados na linha de frente mostram poderes de super-homens e restabelecerão as operações rapidamente”.

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Yasushi Akao, da Renesas; Carlos Ghosn, da Nissan; e Akio Mimura, da Nippon Steel

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Ajuda Internacional nos Problemas Nucleares Japoneses

31 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Tecnologia | Tags: , ,

Depois da incompreensível e criminosa demora japonesa na solicitação da ajuda técnica internacional para enfrentar os problemas das usinas de Fukushima Daiichi, pelas informações veiculadas pelos principais jornais internacionais, os franceses enviaram seus especialistas da Areva, a empresa de energia nuclear da França, inclusive seu presidente, antes da visita do presidente Nicolas Sarkozy, que visitando o Japão estabeleceu alguns entendimentos com o primeiro-ministro Naoto Kan, de interesse mundial. Eles tentam ajudar no controle das águas contaminadas encontradas em algumas unidades de Fukushima. Como se sabe, a França é o país que conta com maior percentual de energia atômica na sua matriz energética.

Os norte-americanos, tradicionais aliados dos japoneses nas questões de defesa, que sempre estiveram presentes nas proximidades dos lugares afetados, mas só depois do terceiro telefonema de Barack Obama a Naoto Kan é que estão se envolvendo diretamente enviando robôs construídos para manipular bombas. Estão preparados para atuar onde seres humanos correriam riscos elevados, detectando radiações e enviando imagens. Estão mandando 450 técnicos especializados no controle de danos provocados pelas radiações, como noticia o site do Daily Yomiuri Online.

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Presidente francês Nicolas Sarkozy e o primeiro-ministro japonês Naoto Kan

Muitas outras ajudas internacionais especializadas estão a caminho, como roupas especializadas para proteção da radiação dos americanos, materiais especiais para esfriamento, como os provenientes da Coreia do Sul e equipamentos pesados da China para concretagem de cimentos da empresa Sany, a mesma que está se preparando para se instalar no Brasil. A Alemanha envia equipamentos de compreensão de ar e armazenagem de combustíveis nucleares.

Nenhum país dispõe de todas as tecnologias hoje existentes para enfrentar grandes desastres nucleares como a que está afetando o Japão. Mas, juntando o que muitos países dispõem, a eficiência dos trabalhos permite que os danos sejam minimizados, num prazo mais curto, impondo menos angústias e sofrimentos a todos, principalmente aos japoneses.

A dura lição que, infelizmente, está afetando o Japão deve acelerar a superação da sua síndrome de Galápagos, abrindo o seu país para o mundo globalizado, com maior respeito aos avanços tecnológicos que se observam também em outras partes do universo. Sem a necessidade de sacrifícios de verdadeiros kamikazes.

Os japoneses também podem contribuir com suas ricas tecnologias para evitar desastres naturais, como se observou nas aplicadas na construção civil resistentes a grandes sismos. Com sua capacidade de reconstrução rápida, uma defesa civil eficiente, um treinamento de toda a população para enfrentar os desastres, cria uma cultura indispensável sobre o assunto.

Lamentavelmente, muitos desastres naturais ainda serão enfrentados em variadas partes do mundo, e estas duras lições precisam ser absorvidas com a máxima urgência por todos os arrogantes, como autoridades brasileiras que recusaram a oferta japonesa de assistência técnica na defesa civil para enchentes e outros acidentes naturais.


Usinas Nucleares: A Lição de Fukushima.

31 de março de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , ,

Por que instalam usinas nucleares à beira-mar? Por que em litoral propenso a tsunamis? São perguntas que a maioria leiga fez, quando problemas na usina Fukushima Daiichi começaram a apontar iminente desastre nuclear. Isto quando países, especialmente os em rápido crescimento econômico, se inclinavam a adotar a energia atômica para gerar eletricidade isenta de emissões de gás carbônico – responsáveis, segundo cientistas, pela mudança climática.

Em artigo no The Japan Times (“A Tale of Japan’s Morality” – 17 de março), Brahma Chellaney, escritor e professor de estudos estratégicos de Nova Delhi, elucida estas e outras dúvidas para leigos. Para começar, diz ele, muitas usinas nucleares são construídas ao longo de costas marítimas (e de rios) por que elas são intensamente dependentes de água para resfriamento. No entanto, desastres naturais (tempestades, furacões, tsunamis) estão se tornando comuns devido à mudança climática, que também causa a elevação do nível dos oceanos, tornando reatores à beira-mar ainda mais vulneráveis. Todos os geradores de energia, inclusive usinas movidas a carvão ou combustível fóssil, exigem grandes recursos de água, mas a energia nuclear demanda muito mais. Reatores como os de Fukushima, que usam água como principal resfriante, produzem a maior parte da energia nuclear mundial. A imensa quantidade de água local consumida para a operação se transforma em fluxos de água quente que são bombeadas de volta para os rios, lagos e mares.

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Usina de Chernobyl após o acidente nuclear

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