Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

As Dificuldades de Execução dos Projetos

25 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Administrar um país com a complexidade do Brasil é certamente um desafio que nem todos podem compreender facilmente. Além de um comando que seja capaz de estabelecer as diretrizes é necessário que se tenha a capacidade de escolher e coordenar uma equipe para o seu funcionamento, para o qual seria desejável uma habilidade política invejável. Tantos são os postos que necessitam serem preenchidos, talvez dezenas e milhares, não somente nos ministérios, como nas mais variadas agências, estatais e institutos que compõem o governo federal, em seus diversos escalões. Escolher as pessoas mais adequadas para cada cargo exige uma especial capacidade, e por melhores que sejam as escolhas, sempre haverá necessidades posteriores de ajustamentos, pois é preciso que sejam respeitadas as restrições políticas, além de permitir que o governo funcione como uma razoável equipe.

Coordenar uma maioria estável no Senado Federal e na Câmara dos Deputados acaba exigindo um prestígio capaz de aglutinar correntes que pensam de formas diferentes, pois dificilmente numa eleição se conseguiria que uma coligação seja capaz de obtê-la, pois mesmo dentro dos partidos existem facções com interesses divergentes. E o Executivo, no caso brasileiro, necessita contar com maioria parlamentar para aprovar suas diversas proposições. Imaginar que estas tarefas são fáceis beira a uma ingenuidade perigosa. Incorporar recursos humanos de outros partidos, ainda que possível, não é uma tarefa fácil.

No suplemento especial publicado pelo jornal Valor Econômico que trata do petróleo e gás no Brasil um artigo dá uma pequena noção da dimensão das tarefas envolvidas pela exploração do pré-sal. (http://www.valor.com.br/empresas/3665746/novo-patamar) Os dados do IEA – International Energy Agency estima que em 2012 o Brasil produzir 2,1 milhões de barris dias de petróleo, sendo a 13ª no mundo, deve chegar a 4,4 milhões em 2020, passando para 6ª no mundo e poderá chegar a 6 milhões em 2035. Só na Bacia de Santos poderá estar produzindo mais que a média do Golfo do México e do Mar do Norte somados. Ainda assim, o Brasil importa 12% da gasolina que consome e 17% do diesel, com uma balança comercial negativa de US$ 13,7 bilhões em 2012, piorando para US$ 27,9 bilhões no ano passado, devendo chegar a US$ 22,5 bilhões neste ano, dada a sua incapacidade de refino local.

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Muitas razões contribuem para tanto. A gigantesca Petrobrás não contou com resultados para contar com recursos indispensáveis para tanto, não só financeiros como humanos, além dos fornecimentos de todos os componentes para tanto, inclusive tecnologia. Ainda terá que continuar a importar muitas destas condições mesmo não desejando, contando com a ajuda de empresas estrangeiras mesmo com as restrições existentes para tanto no Brasil.

Este é somente um segmento, ainda que importante. Muitos outros envolvem complexidades semelhantes. São tarefas gigantescas até para países desenvolvidos, quando mais para um emergente como o Brasil.