Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Conturbados Relacionamentos do Japão e da China

7 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

Um interessante e extenso artigo foi elaborado por Demitri Sevastopulo e Jamil Anderlini e publicado no site da Financial Times sobre as conturbadas relações entre os dois maiores gigantes asiáticos, o Japão e a China. Apesar dos intensos interesses bilaterais comercias e econômicos, as dificuldades políticos militares mal resolvidas que vêm desde o final do século XIV e se agravaram durante a primeira metade do século XX até o término da Segunda Guerra Mundial não facilitam as reduções dos atuais atritos como os decorrentes das disputas das ilhas Senkaku/Diaoyu, bem como as expansões militares chinesas que estão ocorrendo pelos mares que os cercam, para garantir as rotas de suprimento da China. O artigo pode ser encontrado com detalhes no: http://www.ft.com/intl/cms/s/0/23d132ae-64d5-11e4-ab2d-00144feabdc0.html#axzz3IQVPDRgM .

Os dirigentes de ambos os países sabem, para efeito de suas políticas internas, que as afirmações nacionalistas atendem uma significativa parcela de suas populações, aproveitando variados episódios para afirmarem e demonstrarem com pequenos gestos seus empenhos na defesa destas posições. Ainda que elas tenham poucos efeitos práticos, estes problemas demonstram o quanto estas questões psicológicas coletivas acabam dificultando posições mais pragmáticas. No subconsciente de muitos japoneses e chineses, ainda que estes assuntos não sejam explicitados, existem preconceitos que alimentam o caldo de cultura sobre estes assuntos delicados, que não conseguem ser superados pelos entendimentos diplomáticos.

É preciso reconhecer que as cooperações econômicas bilaterais já passaram pelos períodos áureos, quando a transferência de tecnologia do Japão para a China era mais relevante diante das diferenças dos conhecimentos tecnológicos. Hoje, já existem muitos setores onde a China conseguiu absorver conhecimentos que vieram sendo utilizadas pelos chineses nas montagens de avançados equipamentos eletrônicos de empresas internacionais.

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Ainda que existam substanciais diferenças das rendas per capita, as dimensões populacionais, que são acentuadamente diferenciadas, fazem com que a amplitude dos mercados acabe sendo importante, notadamente quando a economia chinesa continua mantendo, ainda que com problemas, uma elevada taxa de crescimento, enquanto a japonesa está estagnada por duas décadas.

Muitas declarações a favor de entendimento entre os dois países ocorrem com frequência, no mínimo para o seu início. O momento parece oportuno, pois a economia chinesa continua sofrendo uma pequena redução no seu ritmo de crescimento, que ocorre com visíveis dificuldades. No Japão, efetuam-se esforços para o volta ao crescimento, inclusive com maciça injeção de recursos pelo chamado easing monetary policy, nem sempre com resultados efetivos. A cooperação entre os dois países seria de grande importância para a Ásia e para o mundo.

No entanto, parece que as preocupações políticas ainda superam as dificuldades para simples gestos, não permitindo um pragmático entendimento entre os dois países, mostrando que existem problemas que superam as conveniências econômicas. No plano individual, registra-se, no momento, o aumento do turismo de chineses, até como decorrência dos problemas que ocorrem em Hong Kong.