Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Ghosn e Nissan (10), Começo em Tóquio (11), Plano Nissan (12) e Nova Nissan (13)

14 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

clip_image002Se um órgão de comunicação social importante como o Nikkei Asian publica uma série tão longa de depoimentos de Carlos Ghosn é parte reconhecimento da importância pessoal deste empresário que acumula hoje a Presidência da Renault, da Nissan e é chairman da Mitsubishi Motors. Sempre existem lições que podem ser extraídas das suas experiências, mas exigem adaptações para usos em situações sempre diferentes, respeitadas as culturas locais. (Chairman da Renault Louis Schweitzer cumprimenta o presidente da Nissan Yoshikazu Hanagawa no anuncio de suas parcerias. Foto publicada no Nikkei Asian Review)

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Sucesso da Muji na China e Dificuldades na Europa

19 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Um artigo elaborado por Daichi Mishima e publicado no Nikkei Asian Review mostra quanto o sucesso de um empreendimento necessita considerar todos os seus detalhes locais, pois pode dar certo na China e enfrentar dificuldades na Europa.

A cadeia de lojas Muji faz sucesso na China, mas não na Europa

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Dificuldades dos Estrangeiros Entenderem os Japoneses

24 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

Duas matérias publicadas neste sábado na forma de colunas na Folha de S.Paulo mostram como mesmo os brasileiros bem informados contam com dificuldades para entender os japoneses em alguns dos seus comportamentos, no que é básico para todos os seres humanos, a preservação da espécie e a alimentação. O primeiro elaborado por Alexandre Vidal Porto, escritor e diplomata, que leva o título “A economia do sexo” tratando do assunto entre os japoneses, e o segundo de Álvaro Pereira Junior, com o título ¨Churrasco de aorta”, quando procurou um lugar para se alimentar nos meandros de Osaka.

No primeiro, o colunista se confessa que nunca compreendeu como um casal japonês chega do primeiro contato à intimidade física e cita outros meios de comunicação como o The Guardian e a BBC que teriam dificuldades semelhantes com relação ao sexo no Japão. Eles, que são ingleses, informam que cerca de 45% das mulheres e 25% dos homens japoneses da idade entre 16 a 24 anos se declaram desinteressados em sexo, o que não parece refletir a realidade, mas a formalidade. O autor constata que a indústria de pornográfica japonesa movimenta bilhões de dólares, e a arte erótica no país é conhecida desde o século XIV. Para ele, o sexo dos japoneses parece momentâneo, não se relacionando com um relacionamento amoroso mais profundo, o que parece extremamente injusto, ainda que sua interpretação possa ser diferente.

shibuya

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Brasileiro que Mora no Japão, Saudades no Natal

14 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , , | 2 Comentários »

A título de uma crônica e solidariedade. Aos brasileiros nascidos num país tropical, abençoado por Deus. Nos tempos de inverno, eles sentem mais saudades do Brasil. A falta dos seus entes queridos. Quando estão sob invernos rigorosos suas lembranças se voltam aos dias felizes. Nem eram tão conscientes.

images arvores neve

Quando amanhece somente pelo meio da manhã, começa escurecer no fim da tarde, na alma uma nostalgia das bênçãos dos trópicos. Muitos habituados em regiões frias sentem a falta de um bom inverno com neves. Mas não é a mesma saudade intensa das alegrias humanas, agravada pelo frio. Um quê de solidão, a falta de uma parte de nós mesmo.

Coisa mais estranha, o Natal no Japão. Um dia normal como outros, com um pouco de enfeites nas lojas, um ar comercial. Talvez um jantar reunindo amigos, mas sem o clima necessário. Falta a expectativa das vésperas, do corre-corre dos países de tradição cristã. Ainda que se tenha esquecido a verdadeira razão da data. Só resta a exploração comercial, as trocas de presentes. Agradecimentos pelos favores. Falta a espontaneidade.

Nada de preparar uma árvore de Natal, um presépio. Enfeites pela casa até com lembranças que não são tropicais. Com flocos de algodão imitando neves, com pinheiros não brasileiros. Mas faz parte da tradição.

Imaginar um Papai Noel com o seu trenó, com alguém fantasiado de vermelho. Um saco nas costas para alegrar as crianças, inocentes. Uma canção natalina, um calor de horas felizes com amigos. Até com alguns calores etílicos.

Jornada normal num escritório impessoal, nipônico. O Natal só começa quando o expediente acaba. Uma despedida com um Feliz Natal formal para os colegas. Sente-se um nó no coração, a falta de algo. Talvez um pequeno encontro com familiares.

Que saudades do Brasil. Suas limitações são nadas. Quisera sentir um abraço amigo, desinteressado. O calor dos trópicos, humano, espontâneo. Sem precisar se embebedar para se libertar dos formalismos, das armaduras.

Isto, mais humano, com alegria de viver. Mesmo pobres, sem orgulhos. Simples. Porque não abraçar, beijar nas faces. Não há malícia, mas amizade. Contato de pele com pele, inocente. Tudo terminal em carnaval, alegria saltitante. Outros preferem o aconchego de uma igreja. Uma pausa para meditar sobre a doação.

Somos humanos… Com nossas falhas…

Um sincero Feliz Natal a todos…


Ásia e América Latina

11 de março de 2010
Por: Monja Coen | Seção: Depoimentos | Tags: , , , ,

coen123 Morei durante doze anos no Japão, a maior parte do tempo em mosteiros e templos Zen Budistas. Muitas vezes me perguntava sobre o que estaria aprendendo e o que poderia trazer de volta ao Brasil. Eram muitas as diferenças culturais, econômicas, sociais.

Sim, somos todos seres humanos. Homens e mulheres convivendo e descobrindo se há sentido ou não neste viver. Entretanto, desde a infância, a idéia do coletivo, da coletividade é acentuada na Ásia.

Talvez por serem países tão populosos. Deve também haver inúmeras outras razões. Entretanto, a ênfase no coletivo me fascinava. O não-eu. Desde pequena, meu pai me admoestava:

“Não seja como os carneirinhos de Panúrgio” – uma história antiga de carneirinhos que seguem uns aos outros e acabam se afogando.

A idéia principal era não seguir a ninguém. Abrir seu próprio caminho. Não copiar os outros. Desenvolver a identidade pessoal separada da coletiva.

As crianças, na Ásia, são educadas a serem umas como as outras. Ser diferente é quase um crime. Pensar no bem coletivo antes do bem individual – esta é uma arte a ser apreendida.

Crianças também aprendem a amar e respeitar a natureza, apreciar as flores, as nuvens, a lua, as estrelas. Escrever poesias, contar histórias de insetos, de plantas, de terra. Claro que ensinamos isso também às nossas crianças latino-americanas.

Mas será que as ensinamos a amar a terra e cuidar da terra e de todos os seres? Será que as ensinamos a se sentirem ligadas e sensíveis às necessidades dos outros? Será que as ensinamos a servir em vez de serem servidas? Será que as ensinamos a desenvolver o olhar que percebe a necessidade do outro antes mesmo que o outro assim proclame?

No Japão, há uma expressão que aprecio muito: é preciso ter “Kokoro” (ou côcôrô). Essa palavra significa coração ou mente ou espírito. Na verdade, quer dizer sensibilidade aguçada. Capacidade de sentir e fazer o que é adequado a cada circunstância. Uma adequação que vai além do próprio eu.

Por isso, a noção do não-eu. Manifesta-se em coisas pequenas. É perceptível ao andar, sentar-se, comer, levantar-se, beber, deitar-se. Em cada gesto, em cada movimento, em cada palavra e em cada pensamento podemos reconhecer alguém cujo “kokoro” foi trabalhado, desenvolvido, treinado, educado.

Assim, educar pessoas seria educar, treinar essa essência, essa sensibilidade, esse “kokoro”. O resto, naturalmente, se manifesta. Ler, escrever, somar, multiplicar, desenhar, todas as ciências estariam vinculadas ao desenvolvimento do “kokoro” em um ser humano.

Por isso, quando voltei da Ásia para o Brasil meu sonho era e ainda é o de ser capaz de treinar, educar o meu, o seu, o nosso capital de sensibilidade aguçada, nosso capital humano de ternura e cuidado. Para podermos crescer unidos no sentimento comum de fazer o bem a todos os seres.

Mãos em prece