Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Estados Unidos Contra o Resto do Mundo

5 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

Um artigo recente publicado por Nicole Friedman no The Wall Street Journal informa que a política monetária aplicada nos Estados Unidos, inundando o mundo com dólares e crédito, está melhorando as perspectivas do seu crescimento econômico, ao mesmo tempo em que os preços das principais commodities estão desabando. Provocam reações como da Europa e do Japão, que tendem a adotar políticas semelhantes, promovendo a desvalorização dos seus câmbios. Parece até irônico que a jornalista e aquele jornal não se deem conta de que os Estados Unidos não podem estar isolados neste mundo globalizado, e que as reações que ocorrem em outras economias representa algo como uma guerra cambial, para suas sobrevivências.

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Gráfico adaptado do publicado no The Wall Street Journal, incluindo o real brasileiro

No gráfico, fica claro que, depois da crise provocada pelos bancos norte-americanos em 2007, diversos países sofreram valorizações das suas moedas, e procuram minimizar os efeitos da recessão mundial que se aprofundou em 2009. Houve uma tendência das demais moedas se valorizarem com relação ao dólar, havendo nos últimos anos uma tendência para suas desvalorizações agressivas, como defesa.

O caso brasileiro mostra que as reações das exportações como das importações não são imediatas a estes movimentos cambiais, havendo defasagens que costumam variar de 18 a 24 meses, notadamente nas exportações, dependendo ainda de outros fatores de política econômica, como a prioridade dada aos relacionamentos externos.

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Ao mesmo tempo, depois de 2009, os preços dos produtos de exportação do Brasil, como os minérios e os produtos agrícolas, melhoram sensivelmente com a demanda, principalmente dos chineses. Os das importações brasileiras não tiveram estes comportamentos, fazendo com que a chamada relação de troca pelos economistas ajudassem a gerar superávits na balança comercial. Esta tendência já se encontra agora em queda, acentuando-se em 2014.

Como consequência, os déficits comerciais se tornaram inevitáveis, obrigando que o governo permitisse a aceleração recente da desvalorização cambial, para que os problemas não se agravassem.

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Além destes problemas para os outros países no mundo, os Estados Unidos temem agora que o fluxo de turismo para aquele país tenda a reduzir-se com o dólar mais caro, deixando de contribuir para a melhoria da sua economia.

No Japão, a chamada Abeconomics não está proporcionando os resultados esperados, mesmo com a brutal expansão dos seus créditos. Os europeus também, mais cautelosamente, procuram ativar a sua economia. Parece necessário que os países economicamente poderosos se deem conta que não estão isolados no atual mundo globalizado, havendo que compatibilizar a sua recuperação também com a conveniência dos seus parceiros externos, notadamente os que não possuem moedas de circulação internacional.