Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Poema de Monja Coen

11 de abril de 2011
Por: Monja Coen | Seção: Depoimentos | Tags: , , , | 4 Comentários »

monja coen

Desastres Naturais

Violências Humanas

 

O tornado nos Estados Unidos destrói casas assim como tsunami no Japão.

Os suicidas enlouquecidos matam em escolas, mesquitas, shopping centers, igrejas, ruas.

Há desastres naturais: a Terra é um planeta vivo.

Há movimento de ventos, de águas, de terras.

Movimentos internos, sutis, que nos parecem tão fortes e violentos.

Há violências humanas: ódios, traumas, vinganças, poder, descontrole.

Movimentos internos dos ventos nos corpos, nas mentes. Movimento dos líquidos, dos sólidos.

Movimentos grosseiros, fortes, violentos.

Mas há a ternura, há o cuidado, há o sol suave no céu azul e nas plantas verdes brilhantes.

Cada gotícula de orvalho se dissolve. Os pássaros cantam, voando amarelo, azul canário, verde periquito.

Nuvens brancas passageiras se movem e as folhas dos coqueiros, das goiabeiras, mangueiras balançam suavemente.

Há praias mansas, de águas translúcidas.

Há praias bravas de águas revoltas.

Depois do tsunami, o mar do nordeste japonês está calmo. Os escombros amontoados são aos poucos transformados, remexidos, preparados para a renovação.

Depois da violência no Realengo, no Rio, há uma calma tristonha pelos corredores e salas de aulas. Alunos, alunas, professores e professoras precisam continuar seu aprendizado. Há uma reflexão, talvez, sobre acolhida e rejeição.

Os noticiários procuram entender os assassinos.

Pesquisam suas vidas, suas casas, seus textos e interesses.

Queria pesquisar também as vítimas – as meninas que eram lindas e tinham suas vidas, suas casas, seus textos e seus interesses.

Queremos sempre saber as causas para evitar que os acidentes ocorram.

Há sismógrafos, há seguranças, há sistemas de proteção e prevenção. E se tudo falhar, como falhou? A lágrima é de água e sal.

O que fazer do vento a mais de duzentos quilômetros por hora?

O que fazer das águas a mais de oitocentos quilômetros por hora?

O que fazer do descontrole emocional, da loucura a milhares de quilômetros por hora?

Países em lutas internas. Humanos matando humanos. Humanos matando a natureza. A vida destruindo a vida.

Renova ação.

Recupera ação.

Nos sentimos irmanados no sofrimento e na dor.

Assim como no Japão, norte-americanos fazem uma fila e passam sacos de areia tentando minimizar a invasão dos rios nas casas, nas ruas, nas almas dos seres.

Podemos, sim, fazer muitas coisas.

Podemos nos unir e reconstruir casas e cidades.

Podemos nos unir e descobrir como controlar a radioatividade.

Podemos nos unir e descobrir como funciona a mente humana.

Podemos nos unir e cultivar um bem muito maior do que as limitações das religiões mal compreendidas, das filosofias não entendidas, dos propósitos mal acabados, das economias mal articuladas, das ambições desenfreadas.

Um mundo de ternura.

Masaru Enomoto, que fotografou moléculas de água, nos pede a orar pelas águas de Fukushima.

Perdoem-nos águas, pela nossa ignorância e pela poluição radioativa. Nós amamos você, água sagrada que permeia toda a Terra.

Pensamentos de amor, de cuidado, de ternura.

Circulando.

Acreditando.

Chega de violências humanas. Já nos bastam as da grande natureza. Esta sim, não com raiva, não por rancor ou vingança. A Terra se move, o pluriverso está vivo.

Sentimentos humanos precisam ser entendidos, transformados, cultivando o pensamento maior de fazer o bem a todos os seres.

Isso é treinamento, prática incessante.

Nas escolas, nas casas, nas televisões, nas internets. Um processo coletivo, emergencial.

Por que divulgar tanto o mal?

Por que não divulgar o bem?

A alegria do nascimento, a renovação de Kobe, de Hiroshima. As plantas, os pássaros, as crianças correndo livres.

Cabe a nós, a cada um e cada uma de nós, a nos religarmos à beleza da vida.

Cabe a nós, a cada um e a cada uma de nós, a construir uma cultura de paz.

Comecemos com humildade em atitudes simples, como as pessoas do Japão dividindo alimentos, tristezas e esperanças.

Há tanto a ser feito.

Faça o seu melhor em cada momento.

Perceba as emoções prejudiciais – inveja, ciúmes, raiva, rancor.

Despeje sobre elas algumas gramas de amor, compreensão, sabedoria e compaixão.

Seja a transformação que quer no mundo.

Menos armas, menos munição, menos medo, menos reclamação.

Vamos colocar nossa energia de vida em bem da própria vida?

Sorria, o coelhinho está na lua, trabalhando, suando, batendo o motchi (bolinho de arroz especial).

Confie e aprecie a vida.

Mesmo na dor, mesmo na perda, há sempre uma nova partida.

Que os méritos de nossas práticas se estendam a todos os seres e que possamos todos e todas nos tornar o Caminho Iluminado.

Mãos em prece

Monja Coen


Livros Indicados pela Monja Coen

19 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , ,

Estes livros são extremamente baratos e podem ser adquiridos Zen do Brasil, na Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 134, Pacaembu, fone 3865-5285. Ou podem ser encomendados pelo e-mail: [email protected], mediante depósito bancário, para ser entregue em todo o Brasil.

Livro_reserva01O primeiro, de Shundo Aoyama Rôshi, “Para Uma Pessoa Bonita – Contos de uma Mestra Zen”, Palas Athena, 1983. Esta monja foi abadessa do Tokubetsu Nisido, especializada no treinamento de monjas, onde monja Coen estudou por oito anos. Ela a estimulou a concretizar a edição em português.

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Dois Livros Imperdíveis da Monja Coen

11 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , , | 2 Comentários »

Monja Coen já é hoje uma das personalidades brasileiras mais fascinantes, tanto pelas suas convicções e lições como pela simpatia que irradia a todos que a cercam. Fala e escreve com grande facilidade, comunicando-se com desenvoltura, atraindo a atenção de um grande público. Contar com ela como uma das nossas colaboradoras é uma honra e um privilégio muito grande.

viva_zen O seu primeiro livro “Viva Zen – Reflexões sobre o instante e o caminho” (Publifolha, 2004) é para todas as horas, e tem a intenção de ajudar você a se conhecer mais a fundo – para, a partir daí, tornar-se uma pessoa mais consciente de seu papel, corresponsável pela melhoria do mundo. Que, como sabemos, começa dentro de nós e vai se ampliando bairro afora. Pouco a pouco, que é como ocorrem as verdadeiras mudanças. Como consta na orelha deste livro.

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Nova Colaboradora

7 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos | Tags: , ,

coen123 Monja Coen Sensei passará a ser colaboradora deste blog em breve. Ela é missionária oficial da tradição Soto Shu – Zen Budismo com sede no Japão e é a Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista, criada em 2001, com sede em Pacaembu.
Iniciou seus estudos budistas no Zen Center of Los Angeles – ZCLA. Foi ordenada monja em 1983, mesmo ano em que foi para o Japão onde permaneceu por 12 anos sendo oito dos primeiros anos no Convento Zen Budista de Nagóia, Aichi Senmon Nisodo e Tokubetsu Nisodo.
Participou de vários cursos e programas de formação para monges tendo se graduado no mestrado da tradição Soto Shu.
Retornou ao Brasil em 1995, e liderou as atividades no Templo Busshinji, bairro da Liberdade, em São Paulo, e sede da tradição Soto Shu para a América do Sul durante seis anos. Foi, em 1997, a primeira mulher e primeira pessoa de origem não japonesa a assumir a Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil, por um ano.
Participa de encontros educacionais, inter-religiosos e promove a Caminhada Zen, em parques públicos, com o objetivo de divulgação do princípio da não violência e a criação de culturas de paz, justiça, cura da Terra e de todos os seres vivos.

Quem quiser conhecer mais profundamente seu trabalho, pode acessar o site www.monjacoen.com.br