Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

México e Índia na Mira de Empresas Japonesas

2 de dezembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , , , | 4 Comentários »

Mazda Mazda investe maciçamente no México: A fim de impulsionar vendas no florescente mercado latino americano, a Mazda Motor (pronuncia-se Mátsudá) vai instalar fábrica no México. A empresa vai atuar com a Sumitomo Corporation e iniciar a produção dentro de três anos. Pretende montar 100.000 carros pequenos por ano, visando o mercado de países das Américas Central e Sul, incluindo México e Brasil. A Mazda escolheu o México aproveitando os recentes acordos comerciais concretizados pelo país com o Japão. Sem dúvida, trata-se de nova e audaciosa estratégia global da Mazda, depois que sua maior acionista, a Ford Motor, reduziu drasticamente sua parte.

Japoneses aprofundam laços com a Índia: O Japão aumenta investimentos na crescente economia indiana. Acordos comerciais bilaterais totalizaram, nestes últimos 12 meses, 11 bilhões de dólares, quase o dobro de sete anos atrás. O número de companhias japonesas atuando na Índia já passou de 700, o triplo de três anos atrás.

Entre as empresas de peso, a Nissan Motor começou sua produção na Índia em maio passado. A Nippon Steel, maior produtora de aço do Japão, planeja começar a produção de chapas de aço para veículos em 2012, através de uma “joint venture” com uma empresa local. Em Bangalore, sul da Índia, a Toyota Motor anunciou que a empresa lançou carros compactos no próspero mercado indiano. O Etios, com capacidade de 1.200 e 1.500cc bateu o mercado de carros na semana passada. A competição promete com os compactos da Nissan, enquanto a Honda anuncia que venderá compactos a partir do próximo ano, a preço aproximado de US$ 10.000. Prevê-se que este ano a venda de carros na Índia ultrapasse, pela primeira vez, dois milhões de unidades. Carros pequenos de até US$ 12.000 respondem por quase 70% do mercado.

Porém, não só companhias japonesas estão de olho no mercado indiano. Segundo a NHK-TV, a Coreia do Sul assinou um amplo acordo de parceria econômica com a Índia, para fomentar o livre comércio e investimentos. O acordo começou a prevalecer com força total no começo deste ano. Pressionado pelo empresariado, o governo japonês prepara-se para concluir efetivamente o acordo mais abrangente de parceria econômica bilateral com a Índia, que vem sendo negociado carinhosamente desde setembro deste ano.


Cenas do Outono Japonês

30 de novembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , ,

capivara Capivaras ganham piscina a 40º: Roedores gigantes, quatro capivaras se tornaram atração no parque temático Izu Shaboten (parque de cactos), da cidade de Ito, sudoeste de Tóquio. Animais tropicais nativos da América do Sul, eles se ressentem do frio japonês. Nesta época, o parque providencia uma piscina aquecida a 40º. Ótimos nadadores, eles possuem membrana natatória entre os dedos das patas, e mergulham e nadam graciosamente ao redor da piscina. O banho quente deles poderá ser visto até março próximo, quando a primavera chegar.

“São tão lindos e fofos”, “Que simpáticos nadadores”, as crianças são as mais entusiasmadas. Não se divulgou como as quatro capivaras foram parar nesse parque. Tampouco sabemos como capivaras vieram parar nas margens dos poluídos rios Tietê e Pinheiros na cidade de São Paulo. Tornam-se notícia quando algum deles é atropelado nas avenidas marginais, mas aparentam estar felizes e de bem com a vida. Piscinas aquecidas no inverno? Nossas capivaras talvez se contentassem com muito menos.

 

Crianças ganham piscinas de folhas tingidas: O que fazer com as montanhas de folhas que caem nessa época, após o koyo? O aquário Aquamarine Fukushima, da cidade de Iwaki, Província de Fukushima, aproveitou e encheu uma piscina octogonal de 16 metros quadrados com folhas avermelhadas de bordos e carvalhos. Após visita ao aquário, crianças pulam ou são jogadas na piscina. Mergulham no meio das folhas, e atiram folhas umas nas outras.

“É macio como um sofá”, “Gostoso e quente”, comemoram. Um ou outro pai mais afoito se atira no ofuro de koyo, impregnado do cheiro de outono, pelo prazer de voltar à infância.

 

Chiba Lotte Marines ganha recepção de chuva de papel picado: O time de baseball da cidade de Chiba vizinha a Tóquio, sagrou-se campeão da “Japan Series”, equivalente ao Brasileirão de futebol no Brasil. Após sofrida campanha, o feito foi considerado heroico. O governador da Província de Chiba cortou a fita para abrir a parada festiva de homenagem ao time, que percorreu 1,6 quilômetros ao longo das principais ruas, em carros abertos e ônibus. Chuvas de papel de jornal picado foram jogadas de prédios e calçadas pela torcida enlouquecida, de quase 200.000 pessoas. E já recebiam críticas pela sujeira que provocavam. Assim que o cortejo passou, porém, dezenas de jovens, crianças e adultos apareceram com enormes sacos de lixo. Correndo em grupos, os fãs do Lotte cataram os papéis, picados em tamanhos não muito pequenos para facilitar a “colheita”. Em questão de minutos, as ruas estavam imaculadas, sem um único pedaço de papel no chão ou nos galhos das árvores.

Se o gesto obteve aprovação admirada dos que assistiam à transmissão da NHK pelo país, fãs de times rivais desdenharam o patético fanatismo da torcida do Lotte. Bem, se todo e qualquer fanatismo radical – ideológico, religioso, político, esportivo – terminasse em gestos similares, quiçá o Planeta seria um lugar um pouquinho melhor para se vegetar. E se começássemos pela Avenida Paulista?


Notícias do Japão: Akatombo, Kabuki-za, Kurosawa

2 de novembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura | Tags: , , ,

Akatombo (libélula vermelha) em extinção?

libélula vermelha_por Reginaldo Okada A emissora NHK informa que pesquisadores nas províncias de Ishikawa e Fukui vêm constatando a presença cada vez mais rara de libélulas da espécie akiakane, o clássico e popular akatombo – tão arraigado no folclore japonês, cantado em versos e canções, ou desenhado em pinturas de todas as categorias. O akatombo põe ovos no suiden, campos irrigados de arroz, logo após a colheita, no outono. Revoada de akatombos sempre foi característica outonal nas zonas rurais junto aos tambos (arrozais). Em muitas localidades, logo após a colheita, tambos vêm sendo aproveitados para outras culturas; ou o arroz sendo substituído por plantações diversificadas, diminuindo as áreas para a reprodução de libélulas. Além disso, libélulas de espécies maiores e mais agressivas estão invadindo os tambos, espantando akatombos. Dano maior, porém, parece estar sendo causado por novos tipos de defensivos agrícolas, justamente os desenvolvidos a partir de pesquisas para proteger a biodiversidade, mas para os quais libélulas vermelhas parecem vulneráveis.

Akatombo sempre foi símbolo da chegada do outono no Japão. Para muitos japoneses saudosistas, o seu desaparecimento significaria também uma parte do outono que se esvai inexoravelmente.

Encontrado guião (enredo) de filme inédito de Kurosawa

Akira Kurosawa Pesquisador da Universidade de Tóquio achou o enredo manuscrito, com anotações detalhadas de Akira Kurosawa, de há mais de 60 anos – de um filme que não chegou a ser editado.

Kan-oke-maru no hitobito – “A tripulação do Kan-oke-maru” relata um incidente dentro de um navio, com lutas entre marinheiros e oficiais, em meio a brumas sombrias, tendo o mar como palco. Através do enredo, notam-se características marcantes do diretor, como as cenas de ação, relacionamento humano, e ambiente brumoso. Especialistas em Kurosawa sabiam da existência deste filme inacabado, mas pouco se sabia dele. A descoberta deste guião traz agora a certeza de que, tivesse sido terminado a contento, este filme talvez pudesse constar também como uma grande obra da cinematografia.

Lançada a construção do novo Teatro Kabuki

kabuki-za-1907-1911 naibu gaikan

Foto 1: O Teatro em 1907-1911. Fotos 2 e 3: Projetos de reconstrução (Fonte: site kabuki)

Cerimônia de lançamento da construção do novo teatro Kabuki foi realizada no local do antigo teatro, no centro de Tóquio. Segundo a NHK, uma centena de pessoas, entre elas alguns famosos atores de Kabuki, assistiu à cerimônia. O Kabuki-za, grande teatro de Kabuki, fechado em abril deste ano, foi demolido para reconstrução. Localizado em Ginza, era conhecido por sua suntuosa fachada, em estilo Momoyama. O teatro original, de 1889, foi destruído pelo terremoto de 1923. Reconstruído, sofreu bombardeios em 1945, e fora reinaugurado em 1954.

O novo complexo, de 29 andares, irá abrigar, além do teatro, escritórios comerciais, e procurará reproduzir o estilo da antiga construção. Peças originais de metal, conservadas da demolição, serão reaproveitadas, e cedros japoneses da mais alta qualidade comporão o palco do novo teatro. Kanzaburo Nakamura, de tradicional linhagem de atores Kabuki, declarou-se comovido com a expectativa da abertura do novo Kabuki, prevista para a primavera de 2013.