Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Primeiras Impressões de Uma Nova Viagem a Cingapura

8 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Turismo | Tags: , ,

Oliveira Lima, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras nos ensinou que era sempre importante registrar as primeiras impressões, boas ou más, que vão se modificando depois de uma convivência mais longa. Conheci Cingapura nos fins dos anos sessenta do século passado, quando já começava a despontar como um importante centro financeiro do Sudeste Asiático e acompanhei uma parte de sua evolução. Tinha então um terço de população de origem chinesa, um terço de hindus e um terço de malaios. Hoje, cerca de 60% da população é de origem chinesa, figurando como os executivos mais importantes. Passando rapidamente os olhos sobre os três jornais mais importantes desta cidade/pais de cerca de 6 milhões de habitantes, o The Straits Times, o The Business Times e o International New York Times, no suplemento do The Business Times CEO Conversations quase se nota somente os líderes empresariais de origem chinesa.

Mas, comecemos pelos contrastes com o Brasil. Viajando pela Singapore Airlines numa linha que vem de São Paulo, passa por Barcelona na Espanha, vem para Cingapura e vai para Tóquio, observa-se hoje que nenhuma companhia aérea brasileira tem tamanha presença internacional, com a fama de prestar bons serviços. É verdade que seus equipamentos já estão bem utilizados, e os serviços não se destacam como no passado, mas mesmo no chamado business class observa-se que os espaços são bem maiores, com as poltronas podendo ser transformado em leitos. Isto é importante, pois neste trajeto São Paulo / Barcelona / Cingapura já se conta com quase 24 horas de voo.

clip_image002                                                            Aeroporto de Changi

Este aeroporto de Changi é considerado um dos melhores do mundo, e conta-se com a participação dos seus operadores no novo terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, junto com grupos brasileiros. A sua dimensão é gigantesca e o seu movimento é dos maiores, mas observa-se que a orientação interna para os seus usuários exige complementações com consultas aos funcionários.

No trajeto do aeroporto para o centro da cidade, no passado se contava com muitos edifícios que se igualavam aos do BNH – Banco Nacional da Habitação no Brasil. Hoje, milhares de edifícios de apartamentos contam com as melhores condições, sendo intercalados com jardins, como se fora o aterro do Flamengo no Rio de Janeiro.

Algo que provoca estranheza para os brasileiros é que o câmbio do dólar de Cingapura é difícil de ser encontrado mesmo nos jornais, quando no Brasil está em todos. Mesmo o câmbio manual não apresenta diferença com as cotações dos comerciais e financeiros, e pode ser efetuado sem o pagamento de comissões. Mostra que existem um estabilidade que se persegue entre os brasileiros.

Mesmo com o desenvolvimento impressionante de Cingapura observa-se que algumas coisas ainda não atingiram o nível do que pode ser encontrado nos grandes centros mundiais. Mesmo com hotéis de qualidade internacional, observa-se que no passado seus serviços foram melhores, como no uso da internet, ou de detalhes de muitas assistências.

Assuntos internacionais ocupam espaços na imprensa como a preocupação com a ébola e os conflitos internacionais. Nos esportes, como a seleção brasileira deverá enfrentar a japonesa na inauguração de um novo estádio local, aparecem notícias sobre as vendas de ingressos, como a convocação de Kaká para a seleção.

Não poderia faltar a notícia da concessão do Prêmio Nobel de Física para os que contribuíram para o desenvolvimento das lâmpadas LED, os cientistas japoneses Isamu Akasaki e Hiroshi Amino, e o norte-americano de origem japonesa Shuji Nakamura, que contribuem para a economia de energia.

Outros assuntos econômicos como a expansão dos investimentos imobiliários com recursos de muitos estrangeiros também acabam ocupando espaços. Os jornais locais ainda não parecem ressentir da falta de anúncios, pois suas edições contam com o número de paginas que não se encontra mais no resto do mundo.

Cingapura firma-se como um centro financeiro de relevância, e é possível que o problema que está ocorrendo em Hong Kong acaba que proporcionando uma ajuda adicional.


Visita da Dilma Rousseff à China

10 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , , ,

A China é o país emergente de maior destaque no mundo atual, e é o mais importante parceiro comercial do Brasil, que também conta com respeitáveis credenciais. A pauta que está sendo preparada para discussão entre os dois países, pelos diplomatas de ambos os governos, parece centrar-se nos intercâmbios de tecnologia, visando o relacionamento bilateral de longo prazo. Os funcionários do governo brasileiro e os representantes do setor privado que acompanham a presidente Dilma Rousseff nesta viagem são expressivos e numerosos, e terão contato com as elites chinesas mais preparadas que pode encontrar no mundo emergente, com clara visão dos seus interesses de longo prazo. Mais que resultados imediatos, o relevante parece ser o estabelecimento de bases sólidas para um intercâmbio profícuo de longa durabilidade.

A presidente Dilma Rousseff é conhecida pela sua qualidade pessoal de estudar profundamente os assuntos que exigem suas decisões. Do lado da China, os brasileiros encontrarão dezenas de chineses com as qualidades dela, preparados nos melhores ambientes nacionais e internacionais, conhecendo profundamente todos os assuntos que possam ser colocados em discussão. A nossa experiência pessoal negociando naquele país nos ensinou que para cada brasileiro preparado é preciso esperar que haja no mínimo dez chineses do mesmo naipe ou superior.

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Presidente Dilma Roussef, presidente chinês Hu Jintao e o premiê Wen Jiabao

É do conhecimento geral que o Partido Comunista Chinês controla todas as decisões relevantes na China, ainda que algumas dissidências no país, e a cúpula partidária é composta de uma elite muito preparada e selecionada pelo mérito, que discute intensamente o Plano Quinquenal do país. Tem uma clara idéia de sua estratégia política interna e internacional estabelecida de forma consensual. Consideram o Brasil importante para as suas pretensões de continuarem com um desenvolvimento acelerado, melhorando a qualidade de vida de sua população, necessitando de alianças para assegurar o abastecimento de todas as suas necessidades, bem como colocação de seus produtos.

O Brasil, pelo seu sistema democrático e de mercado, ainda que pragmático, não conta com igual planejamento de longo prazo, nem um consenso tão amplo sobre as políticas a serem adotadas. O governo Dilma Rousseff, ainda no seu início de gestão, conta com um elevado nível de aprovação de sua população.

Existem muitos pontos e interesses que são comuns entre os dois países, mas também alguns aspectos onde existem divergências respeitáveis. As visitas desta natureza podem incrementar e aprofundar sensivelmente o intercâmbio bilateral e estabelecer bases para atuações conjuntas no plano internacional. As diferenças existentes não devem tirar o brilho dos entendimentos, principalmente por que será seguido da reunião do BRICs que, além dos emergentes Brasil, Rússia, Índia e China terá como convidado a África do Sul.

Em que pesem as parcerias já existentes, o desconhecimento recíproco entre o Brasil e a China ainda é amplo e generalizado. Tanto os empresários como a população em geral se conhecem ainda superficialmente, havendo um amplo campo para o seu aprofundamento, que poderá ser feito ao longo de muito tempo. Ambos os países são extensos, com diferenças regionais, étnicas e culturais apreciáveis, bem como potencialidades pouco conhecidas.

A visita pode representar um ponto de inflexão na evolução do intercâmbio bilateral, que é de alto interesse de ambas as partes.


Ação Coordenada do Brasil com os Estados Unidos

8 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , , , ,

images Os contatos entre as autoridades máximas dos dois maiores países das Américas sempre são importantes, principalmente quando os Estados Unidos iniciam a sua recuperação econômica e o Brasil pretende continuar mantendo um crescimento significativo como país emergente. Nem tudo são flores nos relacionamentos destes dois países, mas existem problemas comuns, sendo útil que suas ações sejam coordenadas no plano internacional. No entanto, para os que só dispõem de informações veiculadas pela imprensa, fica-se com a impressão que ainda falta uma idéia força capaz de promover uma maior aglutinação dos interesses comuns.

Na rápida visita preparatória do secretário do Tesouro Norte-americano Timothy Geithner fica claro que a pauta bilateral deve se concentrar nos assuntos econômicos, ainda que existam outros assuntos sensíveis do ponto de vista da política internacional. Pelo que afirmou publicamente o secretário, ambos os países têm o interesse que o câmbio chinês acelere a sua valorização, e até parecendo uma ação coordenada, o governo da China elevou a sua taxa de juros.

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Readaptação dos Filhos dos Brasileiros no Brasil

28 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Apesar da volta de trabalhadores brasileiros do exterior, em função da crise que assola todo o mundo, devemos entender este fenômeno como um desafio que afeta a todos que viveram em outros países, com culturas diferentes das nossas.  Precisamos transformar limão em limonada.

Os filhos dos nossos diplomatas, dos executivos expatriados para outros países, todos enfrentam estes desafios. E ainda que sejam dramáticos para os trabalhadores que ficaram conhecidos inadequadamente como “dekasseguis”, eles são comuns com os que estão retornando da Europa ou dos Estados Unidos.

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