Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Suporte Oficial Japonês Para o Trem Rápido

1 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Destaque, Trem Rápido | Tags: , , , , ,

Depois de perder uma grande concorrência de projetos de usinas nucleares nos Emirados Árabes Unidos, o governo japonês acordou para a atual realidade internacional.  Sem uma intensa coordenação das agências governamentais com o consórcio de empresas japonesas, não há como ter condições competitivas.

O respeitável jornal econômico japonês Nikkei noticia hoje que o governo japonês está ciente desta necessidade, tanto que o primeiro-ministro revelou a disposição de ajudar o setor privado japonês numa concorrência na Ásia.  O mesmo fará no Brasil.

Agora, este jornal noticia que, por intermédio do JBIC – Japan Bank for International Cooperation, haverá uma assistência oficial para o consórcio japonês participar da concorrência que será efetuada no Brasil, ligando Campinas a São Paulo, Guarulhos até chegar ao Rio de Janeiro.  Volta a atuar como o consagrado “Japan Inc.”

A concorrência será acirrada, pois franceses, alemães, chineses e coreanos estão dispostos a participar da concorrência brasileira, usando todos os instrumentos que dispõem.  Como o edital permite a exploração do complexo ligado ao trem rápido, por um longo prazo de 40 anos, o consórcio que deverá incluir uma empresa ferroviária japonesa ganha competitividade, com a experiência acumulada no Shinkansen.

O adequado aproveitamento dos imóveis próximos de onde se localizam as estações ferroviárias se torna estratégico para baixar os custos das tarifas, ponto importante no edital.

A tecnologia japonesa é considerada adequada para as características brasileiras, pois há um desnível de cerca de 700 metros entre São Paulo e Rio de Janeiro, e a nipônica, que apresenta tração em todos os vagões, ajusta-se aos trechos acidentados.

O ponto crucial torna-se, agora, os participantes brasileiros do consórcio japonês, por conhecerem as especificidades brasileiras, além de longa experiência em projetos de envergadura, inclusive de exploração de infraestrutura depois da privatização, envolvendo conhecimentos que vão além da engenharia.  Os problemas enfrentados pela Toyota mostram a importância do conhecimento local muito profundo.

Uma visita do mais alto escalão do governo japonês ao Brasil seria oportuna, pois outros países estão realizando a mesma.  Uma conversa direta com o governo brasileiro sempre resulta num posicionamento estratégico, como está se notando no caso dos aviões para a FAB.  Tudo exige o máximo cuidado.

O jogo está se tornando interessante, com grandes vantagens para o Brasil.