Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Aumento da Disputa Internacional Sobre os Grãos do Brasil

12 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um artigo publicado no Nikkei Asian Review por Ryota Tamaki, que deve ter acompanhado a comitiva do Primeiro Ministro Shinzo Abe, mostra que estas visitas acabam resultando em outras reportagens sobre o que acontece no Brasil. O artigo registra que diversas empresas japonesas estão se aparelhando para aumentar a sua participação na comercialização dos produtos agrícolas brasileiros, notadamente da soja, que continua se expandindo até pelo Norte e Nordeste do país, procurando aumentar a sua produtividade. Chega-se a utilizar o sistema de pivô central, que permite a irrigação, fazendo com que, num mesmo ano, seja possível colherem-se duas e meia safras, inclusive de valores mais elevados como as das sementes. O interesse japonês segue-se aos dos chineses que são os maiores compradores mundiais do produto, e cuja intenção com relação ao Brasil ficou clara com a visita do Presidente Xi Jinping.

clip_image002                                         Colheitas mecanizadas de soja no Brasil

Ainda que os japoneses com os chineses forem os maiores compradores de soja no mundo, até recentemente muitas das suas aquisições ocorriam com o uso das majors tradicionais em cereais no mundo, que continuam importantes por operarem mundialmente. No entanto, visando obter uma fatia do mercado por contarem com os grandes compradores, estas empresas como as japonesas que contribuíram para a expansão destas culturas a partir do cerrado, procuram se aparelhar para obterem uma fatia maior do mercado, investindo até na melhoria da infraestrutura de escoamento.

As empresas japonesas adquiriram algumas que já operavam no mercado mundial, reconhecendo que não devem depender somente de uma fonte. Também devem caminhar para o fornecimento de sementes, fertilizantes e defensivos visando criar um relacionamento mais profundo e estável com os produtores.

As atividades agrícolas não permitem uma eficiência muito elevada quando dependem de uma estrutura empresarial que conta com uma grande equipe. Muitas das providências a serem tomadas, quando ocorrem estiagens e pragas, acabam implicando em decisões rápidas, onde as famílias dos produtores podem ser mais rápidas que as empresas.

Ainda que contem com algumas unidades produtoras, para as sementes e introduções de novas variedades, como as resistentes as irregularidades climáticas, o grosso da produção a ser escoada exige um numero elevado de produtores de diversas regiões.

As dimensões brasileiras também são elevadas com quando comparadas às unidades produtoras japonesas, que dependem de maior eficiência e produtividade. Uma combinação adequada da extensão com a intensidade nem sempre é fácil de ser compreendida, pois a escala nem sempre é um múltiplo, provocando mudanças qualitativas nos seus manejos.

De qualquer forma, como grandes compradores internacionais, os japoneses devem se envolver mais diretamente na sua comercialização, até porque necessitam de variedades diferenciadas para atender todas as demandas de diversos tipos dos seus consumidores.

Os problemas logísticos dos escoamentos também são complexos, havendo necessidade de considerar diversas rotas que vão se tornando disponíveis, bem como considerem as cargas de retorno que os tornam mais eficientes.

Muitos dos assuntos que são bastante conhecidos dos brasileiros nem sempre são de todos os leitores dos jornais japoneses, fazendo com o que já parece obvio tenham que ser repetidos por estas reportagens.